Blog da Igreja Presbiteriana Independente da Lapa. Visite-nos! Será bem vindo! Rua Domingos Rodrigues, 306 - Lapa
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
CONHECENDO E NÃO ENTENDENDO
Boa Semente: CONHECENDO E NÃO ENTENDENDO: Ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos. E levantou a sua voz com choro… E disse José a seus irmãos: Peço-vo...
PROFETAS E SUAS PROFECIAS: Abraão, Isaque e Jacó
Quando andavam de nação em nação e dum reino para outro povo; não permitiu a ninguém que os oprimisse, e por amor deles repreendeu a reis, dizendo: não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas (Salmo 105:13-15).
Geralmente nos referimos a esses homens como patriarcas. Aqui Deus os intitula de Seus ungidos e profetas. O Senhor tinha feito uma aliança com eles, “quando eram poucos homens em número, sim, mui poucos, e estrangeiros nela”, ou seja, em Canaã, herança de Seu povo (vv. 11-12).
Alem das bênçãos proféticas de Jacó para seus filhos e netos em Gênesis 48-49, não temos nenhum registro das profecias que tenham feito. Mas a mão protetora de Deus, a qual o Salmo 105 celebra, é claramente visível durante toda a vida deles, mesmo quando falhavam.
Em Gênesis 20:3-7 lemos sobre a conversa que Deus teve com o rei Abimeleque, em Gerar, no período em que a conduta de Abraão foi egoísta e enganosa. Mesmo nesse momento, Deus diz acerca de Abraão: “Profeta é, e rogará por ti, para que vivas”. Aqui vemos outra função dos profetas de Deus: orar pelos outros. “O menor é abençoado pelo maior” nos diz Hebreus 7:7. A pessoa que permanece em um relacionamento firme com Deus pode orar pelos demais. Os resultados serão vistos. “E orou Abraão a Deus, e sarou Deus a Abimeleque, e à sua mulher, e às suas servas, de maneira que tiveram filhos” (Gênesis 20:17). Era evidente às nações pelas quais peregrinavam que Deus estava com os patriarcas. “E eles disseram [a Isaque]: Havemos visto, na verdade, que o Senhor é contigo” (26:28). E quando Jacó veio para o Egito a fim de escapar da fome, abençoou Faraó, o maior monarca de sua época (47:7, 10).
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
O Senhor JESUS, O MÉDICO CERTO
Boa Semente: O Senhor JESUS, O MÉDICO CERTO: Os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores (Marcos 2:17). ...
MINHA TRAJETÓRIA
E o farei aproximar, e ele se chegará a mim… diz o Senhor.
Depois que me converti, tive arrependimento… Deveras me compadecerei dele, diz o Senhor (Jeremias 30:21; 31:19-20).
“A sociedade, seja marginal ou não, é muito pobre espiritualmente e só tem veneno como remédio. Pensei que fosse encontrar nas drogas um meio de conhecer o sobrenatural: experiências psicodélicas, misticismo hindu, vida irracional e, finalmente, fugi para a Índia. Mas de novo fui invadido pela mais completa angústia e confusão. Isso aos vinte anos de idade! Pensava que Deus estava longe. Mas não! Ele estava muito próximo de mim e me chamava. Levei uma Bíblia para a Índia e, ao lê-la certa manhã, as palavras de Deus penetraram profundamente em meu coração; era como se tivessem sido escritas para mim: ‘Habito…com o contrito e abatido de espírito… mas, rebeldes, seguiram o caminho do seu coração… Eu vejo os seus caminhos e os sararei’ (Isaías 57:15-18).
Este texto foi um impacto para mim. Revelou o meu estado de perdição, mas ao mesmo tempo me mostrou a graça de Deus. Tive um encontro real com Deus.
A revelação do amor de Jesus Cristo no Novo Testamento, o Filho de Deus morto por causa dos meus pecados e ressurreto por Seu poder para me justificar, mudou tudo para mim.
Sim! Foi uma mudança completa e instantânea na maneira de pensar e agir. Deus deu à minha vida um sentido verdadeiro e me mostrou a finalidade para a qual me criou. É extraordinário! E lhe asseguro que, com Deus como Pastor, a angústia desaparece e o vazio se enche.”
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
ESPIRITUALIDADE - Pressa, tempo e doçura
Jason Nelson
A sabedoria popular costuma dizer que “a pressa é inimiga da perfeição”.
Assim é no trânsito, por exemplo. Pressa não combina também, num primeiro momento, com família, relações de afeto e de amizade, vida em comunidade e em sociedades democráticas. Há certos processos e vivências que precisam de tempo, ainda que seja necessário, por vezes, ter pressa na iniciativa e na mudança de atitude.
Por que a pressa, Maria?
De onde vêm tua disposição de tempo e tua doçura?
Maria recebeu do mensageiro de Deus a notícia de que ficaria grávida pelo poder do Espírito Santo e daria à luz o Filho de Deus. Na mesma ocasião, tomou conhecimento da gravidez de sua parenta Isabel, já idosa, “porque para Deus nada é impossível”. Sua resposta foi a entrega completa de sua vida aos desígnios de Deus.
“Alguns dias depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região montanhosa da Judeia” (cf. Lucas 1.39-56). Maria tinha pressa para encontrar-se com Isabel e alegrar-se com ela. Maria tinha pressa para auxiliá-la na lida da casa e nos preparativos para a espera do bebê, visto que Isabel já estava no sexto mês de gravidez. Maria teve pressa para dedicar-se ao que realmente era importante naquele momento: para a cumplicidade na fé, na alegria e na solidariedade. Junto a Isabel, Maria teve tempo. Ficou com Isabel mais ou menos três meses. Maria faz-nos ver a importância de eleger prioridades.
O encontro entre Maria e Isabel fez brotar do coração de ambas genuíno louvor a Deus. “Você é feliz, [Maria], porque acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse”, exclamou Isabel, sentindo o bebê movimentar-se em seu útero. Maria louvou a Deus com todo o seu ser, porque experimentou, ela própria, sua ação amorosa e surpreendente.
Deus não escolheu para ser mãe de seu Filho uma das moças importantes de sua época, da esfera política ou religiosa, mas uma jovem desconhecida, pobre e humilde, uma “Maria ninguém”. Maria louvou a Deus porque ele “se lembrou” dela; louvou-o porque ele agiu na vida de seu povo com tal bondade, destronando os poderosos e colocando os humildes em altas posições. Essa foi também a razão do canto de Ana, a mãe de Samuel, quando Deus lhe concedeu um filho (1 Samuel 2.1-10).
Daí a referência de Martim Lutero a Maria como “a doce mãe de Cristo” em seu texto ao príncipe João Frederico, no ano de 1521, quando lhe apresentou uma explicação do canto de louvor de Maria – o Magnificat – a seu pedido. A “doçura” de Maria está em permanecer humilde mesmo com a ciência de ter sido lembrada por Deus. A sua “doçura” revela-se também certamente na pressa para a companhia e o serviço à parenta grávida e na disposição de tempo para estar com ela ainda que carregue em seu ventre o Filho de Deus.
A atitude de Maria faz-nos perceber situações que exigem, de nossa parte, pressa e, concomitantemente, tempo e doçura, para a oração e a ação: pressa no socorro e no apoio às vítimas das enchentes e desmoronamentos ou da seca em diferentes estados brasileiros; às milhares de vítimas em função do terremoto, do tsunami e do vazamento em usina nuclear no Japão; pressa para a mudança política, econômica e social em muitos países; pressa para investir numa educação de qualidade que priorize a formação de pessoas cidadãs comprometidas com a sociedade na qual vivem. Nesse sentido, vale lembrar o que disse o reformador Martim Lutero referindo-se ao cântico de Maria: “Todos os que quiserem governar bem e ser boas autoridades devem aprender bem e guardar na memória aquele cântico”.
Bem perto de nós também se faz necessária pressa para socorrer pais e mães já idosos, tempo e doçura para os cuidados que a vida na terceira idade requer; pressa e tempo para estar com os filhos e as filhas pequenos e jovens e doçura para acompanhá-los em seu crescimento e desenvolvimento; pressa, tempo e doçura para relacionamentos mais verdadeiros e duradouros; pressa para ir ao culto e tempo para estar com as pessoas que partilham da mesma fé; pressa, tempo e doçura para a construção de comunidades mais inclusivas, dinâmicas e solidárias.
Quando os pastores de ovelhas souberam do nascimento de Jesus, eles foram depressa a Belém para adorar o menino Deus nascido numa estrebaria (Lucas 2.16). As mulheres, primeiras testemunhas da ressurreição, com medo, mas alegres, foram depressa anunciar o Cristo vivo (Mateus 28.7s). A palavra de Deus traz tamanha novidade, que nos desinstala e nos coloca em movimento: Faz ter pressa, tempo e doçura!
* Mestra em Teologia, pastora da IECLB em Campo Novo do Parecis (MT)
Fonte: Scheila dos Santos Dreher *
extraído: www.novolhar.com.br
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Uma pedra no caminho
A Ascensão de Jesus lembra que o lugar de testemunhar é aqui na terra, no lugar onde se vive, no meio do povo, com todas as suas dificuldades e pedras no caminho.
Lembrei-me desse poema de Drummond ao pensar no significado da Ascensão de Cristo na vida litúrgica da igreja. Celebramos a festa da ressurreição, promessa de esperança da vida que não termina – eterna –, com os olhos postos em Pentecostes – a vinda do Espírito Santo, que marca o surgimento da igreja.
O que move a vida da igreja de um modo geral são as festas. Se olharmos para nosso calendário litúrgico, os grandes momentos são festivos. Acrescentemos ainda os eventos festivos de cada comunidade.
A Ascensão está no “meio do caminho” entre duas grandes festas e passa “meio que despercebida”, pois sempre acontece no “meio da semana”. Também os evangelhos descrevem esse evento “meio que resumido”. Neste ano, a Ascensão do Senhor é comemorada na quinta-feira dia 2 de junho.
É importante lembrar que festas são momentos em que recordamos os grandes feitos de Deus na vida do povo e da igreja. Momentos decisivos que impulsionaram a caminhada do povo. Festa é lugar de fazer memória antes de celebrar, assim como na Santa Ceia, em nosso aniversário ou no final de cada ano. Relembrar é preciso!
Por isso vale lembrar que o relato da Ascensão em Lucas 24.50 a 53 está inserido no “meio de uma crise” da comunidade. Depois da ressurreição, os discípulos e discípulas seguiram colocando em prática os ensinamentos de Jesus, mas, com o passar do tempo, as lideranças se foram, as dificuldades aumentaram por causa da perseguição e morte daqueles que eram do Caminho (Atos 9.2). E os cristãos e cristãs daquela época perguntavam: Para onde ir? Como seguir? Como encontrar o rumo da caminhada? Como levar adiante o compromisso assumido de divulgar o evangelho até os confins da terra?
Também em nossas comunidades, passadas as festas, entramos num período de letargia. O povo desaparece, e ficam apenas aquelas pessoas que perseveram no trabalho rotineiro. E as perguntas sempre estão presentes. Como motivar as pessoas a permanecer vinculadas ao cotidiano da vida da igreja? Como fazer missão?
Muitas vezes, para manter a “audiência e o público animado”, continuamos realizando atividades extras para animar e reunir o povo. A Ascensão de Jesus lembra que o lugar de testemunhar é aqui na terra, no lugar onde se vive, no meio do povo, com todas as suas dificuldades e pedras no caminho. Não adianta reclamar nem olhar para o céu esperando algo acontecer. Missão se faz com os olhos fitos na realidade.
O evangelista Lucas descreve que, antes de Jesus se retirar para os céus, ele abençoou os discípulos. Também nós somos abençoados em nossas vidas e atividades que realizamos em nossa Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
Compartilho uma bonita experiência que estamos vivenciando na Comunidade Evangélica Luterana Missionária do Vale do Atibaia (CELVA). Há cerca de três anos, iniciamos a construção de nossa igreja. Somos uma pequena comunidade, área de missão na União Paroquial Luterana Região de Campinas (UPLRC), e para muitos a obra parecia algo impossível de ser realizado.
Alguns olhavam desconfiados, críticos, mas muitos ousaram crer e trabalhar para que o projeto se concretizasse. Ao invés de olhar para o céu, colocaram as mãos e os pés a serviço. Estamos prestes a inaugurar com a certeza de que Deus nos tem abençoado cada dia, não só pela construção, mas porque muitas pessoas se doaram e passaram a crer e trabalhar dando um testemunho de fé e ação.
A Ascensão de Jesus desafia-nos a buscar um novo olhar. Muitas são as oportunidades para seguir testemunhando até que ele venha. Enquanto aguardamos, mesmo que no “meio do caminho haja pedras”, não nos esqueçamos dos acontecimentos “daquele tempo” e da promessa que ele fez, que continua valendo para nós ainda hoje.
E, retomando o poeta, digamos:
“Nunca me esquecerei
desse acontecimento
na vida de minhas retinas
tão fatigadas.
Nunca me esquecerei
que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra
no meio do caminho”
Mas ela foi retirada!
Não está mais ali!
Podemos seguir com fé!
* Teóloga e ministra da IECLB, coordena os Cursos de Gênero e ONLINE na CESEP em Campinas (SP)
Fonte: Neusa Tetzner *
extraído: www.novolhar.com.br
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Diálogo e convívio
Juan Michel/CMI
CELEBRAÇÃO: Ato litúrgico interconfessional para comemorar a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos na sede do Conselho Mundial de Igrejas em Genebra/Suíça
"Dialogar com pessoas de outra religião não é bíblico. Por isso um cristão não deve perder tempo com o diálogo inter-religioso. Além disso, é muito perigoso, pois eu posso perder a minha fé em Jesus Cristo.” Esse é um pensamento que circula em muitos ambientes cristãos.
Vamos conferir na Bíblia. No Antigo Testamento, temos o credo básico do povo de Israel: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa de servidão. Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20.1-3). A exclusividade de Deus não é motivo para os israelitas não conviverem pacificamente com pessoas de outras religiões. Exemplo para essa convivência é o acordo dialogal pacífico entre Abrão e o rei Melquisedeque em Gênesis 14.18-24.
Na história de Israel, marcada por guerras com povos vizinhos, muitas leis exigiam que os israelitas deviam conviver pacificamente com estrangeiros. Exemplos: deviam dar alimento aos estrangeiros (Deuteronômio 14.21; 24.19-21), não aborrecê-los (Deuteronômio 23.9) e não oprimi-los (Êxodo 23.9). Portanto, há o aspecto universal na fé dos israelitas e, ao mesmo tempo, uma compreensão exclusiva de Deus. Essa tensão também existe no Novo Testamento. A exclusividade está expressa nas palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14.6). Então um cristão não deve dialogar com pessoas de outras religiões?
Jesus foi educado no judaísmo e sabia que “é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se de alguém de outra raça” (Atos dos Apóstolos 10.28). Mas uma mulher de outra cultura religiosa aproximou-se dele e implorou: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mateus 15.22). Seus discípulos disseram a ele: “Mande essa mulher embora!”.
Ante a insistência dela, Jesus rompeu a barreira cultural religiosa judaica e falou com a mulher. Ele se justificou dizendo que se entendia como enviado exclusivamente para o povo de Israel e por isso não fora enviado para ter compaixão com a mulher desesperada e sua filha doente. Por sua grande confiança em Jesus, a mulher não se deu por vencida e insistiu. “Então lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” E Jesus curou a filha (Mateus 15.21-28).
A compreensão exclusivista de sua missão caiu por terra, e ele incluiu pessoas de outra cultura religiosa em sua compaixão. Assim Jesus também curou o filho de um dos comandantes militares romanos (Mateus 8.5-13) e elogiou a atitude de um samaritano (Lucas 10.29-37). O ápice da compaixão de Jesus por todas as pessoas aconteceu em sua paixão, morte e ressurreição pela humanidade.
E quanto aos seguidores de Cristo? O apóstolo Pedro seguia à risca a proibição de não falar com pessoas de outra cultura religiosa. Porém, graças a uma “visão” e a um diálogo com o centurião romano Cornélio, Pedro mudou radicalmente de opinião: “Deus me demonstrou que eu a nenhum homem considerasse comum ou imundo” (Atos 10.28). Depois dessa “conversão”, Pedro afirmou: “Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo é aceitável a Deus” (Atos 10. 34s).
Os evangélicos de confissão luterana afirmaram em 1530, na Confissão de Augsburgo, que “o Espírito Santo age onde e quando lhe apraz” (João 3.8). É uma confissão não apenas luterana, mas cristã. Ela considera a ubiquidade e a onipresença de Deus. Deus está presente e agindo através do Espírito Santo no diálogo inter-religioso. Conheci nos últimos anos militantes muçulmanos e cristãos que incitavam seus concidadãos a participar de conflitos armados. Mas, a partir do diálogo e da leitura da Bíblia e do Alcorão, encontraram o caminho da reconciliação e hoje promovem a convivência pacífica inter-religiosa. As experiências de Jesus, de Pedro e de tantos outros convidam a conviver e dialogar com pessoas de outras religiões.
* O autor é teólogo, professor e pastor emérito da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil em São Leopoldo (RS)
Fonte: Ingo Wulfhorst *
extraído: www.novolhar.com.br
domingo, 25 de novembro de 2012
O CAVALEIRO UNGIDO
Cinge a tua espada à coxa, ó valente, com a tua glória e a tua majestade. E neste teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça… O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de eqüidade
(Salmo 45:3-4, 6).
Existe um senso adequado da majestade de Sua Pessoa. Foi rejeitado pelos homens; o fraco e culpado braço humano se levantou contra Ele com falsidade e traição. Mas chegará o dia em que cavalgará prosperamente por causa da verdade. Ele foi o Humilde e Manso, e “aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lucas 14:11). O resultado de Sua humilhação foi Sua exaltação acima de todos.
“O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de eqüidade. Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros.”
Ele é mais ungido do que seus companheiros, pois era antes deles. E quem são esses companheiros? Hebreus 2 nos revela que nós somos os companheiros. “Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos” (Hebreus 2:11-12). E mais uma vez lemos: “Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim” (Hebreus 3:14). Ele é ungido com óleo de alegria, e esse precioso ungüento desce para as orlas de Suas vestes.
No dia da glória de Cristo, em que Ele cavalgará vitoriosamente, estaremos com Ele, compartilharemos Sua glória, e o óleo de Sua alegria também cairá sobre nós.
sábado, 24 de novembro de 2012
A SALVAÇÃO É SOMENTE PELA FÉ OU PELA FÉ MAIS AS OBRAS?
Pergunta: "A salvação é somente pela fé ou pela fé mais as obras?"
Resposta: Esta talvez seja a mais importante pergunta em toda a Teologia Cristã. Esta pergunta motivou a Reforma: a separação entre a igreja Protestante e a igreja Católica. Nesta pergunta está a diferença crucial entre o Cristianismo Bíblico e a maioria dos cultos “Cristãos”. A salvação se dá somente pela fé ou pela fé mais as obras? Sou salvo apenas por crer em Jesus ou tenho que crer em Jesus e fazer certas coisas?
A questão da fé somente ou fé mais as obras se faz difícil por causa de algumas passagens bíblicas de difícil correlação. Compare Romanos 3:28, 5:1 e Gálatas 3:24 com Tiago 2:24. Há quem veja uma diferença entre Paulo (a Salvação é somente pela fé) e Tiago (a Salvação é pela fé mais as obras). Na verdade, Paulo e Tiago, de maneira alguma, discordam entre si. O único ponto de discordância que alguns afirmam existir é a respeito da relação entre fé e obras. Paulo dogmaticamente diz que a justificação se dá somente pela fé (Efésios 2:8-9) enquanto Tiago aparentemente está dizendo que a justificação é pela fé mais as obras. Este aparente problema é resolvido ao examinarmos com precisão sobre o que discorre Tiago. Tiago está negando a crença de que a pessoa possa ter fé sem produzir quaisquer boas obras (Tiago 2:17-18). Tiago está enfatizando o argumento de que a fé genuína em Cristo produzirá uma vida transformada e boas obras (Tiago 2:20-26). Tiago não está dizendo que a justificação se dá pela fé mais as obras, mas, ao invés disso, diz que a pessoa que é verdadeiramente justificada pela fé produzirá boas obras em sua vida. Se uma pessoa afirma ser crente, mas não produz boas obras em sua vida - então ela provavelmente não tem fé genuína em Cristo (Tiago 2:14, 17, 20, 26).
Paulo escreve o mesmo. O bom fruto que os crentes devem produzir em suas vidas é citado em Gálatas 5:22-23. Logo depois de nos dizer que somos salvos pela fé, não por obras (Efésios 2:8,9), Paulo nos informa que fomos criados para as boas obras (Efésios 2:10). Paulo espera tanto de uma vida transformada quanto Tiago. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios 5:17)! Tiago e Paulo não discordam em seus ensinamentos sobre a salvação. Eles abordam o mesmo assunto sob diferentes prismas. Paulo simplesmente enfatizou que a justificação vem somente pela fé enquanto Tiago enfatizou o fato de que a fé em Cristo produz boas obras.
Resposta: Esta talvez seja a mais importante pergunta em toda a Teologia Cristã. Esta pergunta motivou a Reforma: a separação entre a igreja Protestante e a igreja Católica. Nesta pergunta está a diferença crucial entre o Cristianismo Bíblico e a maioria dos cultos “Cristãos”. A salvação se dá somente pela fé ou pela fé mais as obras? Sou salvo apenas por crer em Jesus ou tenho que crer em Jesus e fazer certas coisas?
A questão da fé somente ou fé mais as obras se faz difícil por causa de algumas passagens bíblicas de difícil correlação. Compare Romanos 3:28, 5:1 e Gálatas 3:24 com Tiago 2:24. Há quem veja uma diferença entre Paulo (a Salvação é somente pela fé) e Tiago (a Salvação é pela fé mais as obras). Na verdade, Paulo e Tiago, de maneira alguma, discordam entre si. O único ponto de discordância que alguns afirmam existir é a respeito da relação entre fé e obras. Paulo dogmaticamente diz que a justificação se dá somente pela fé (Efésios 2:8-9) enquanto Tiago aparentemente está dizendo que a justificação é pela fé mais as obras. Este aparente problema é resolvido ao examinarmos com precisão sobre o que discorre Tiago. Tiago está negando a crença de que a pessoa possa ter fé sem produzir quaisquer boas obras (Tiago 2:17-18). Tiago está enfatizando o argumento de que a fé genuína em Cristo produzirá uma vida transformada e boas obras (Tiago 2:20-26). Tiago não está dizendo que a justificação se dá pela fé mais as obras, mas, ao invés disso, diz que a pessoa que é verdadeiramente justificada pela fé produzirá boas obras em sua vida. Se uma pessoa afirma ser crente, mas não produz boas obras em sua vida - então ela provavelmente não tem fé genuína em Cristo (Tiago 2:14, 17, 20, 26).
Paulo escreve o mesmo. O bom fruto que os crentes devem produzir em suas vidas é citado em Gálatas 5:22-23. Logo depois de nos dizer que somos salvos pela fé, não por obras (Efésios 2:8,9), Paulo nos informa que fomos criados para as boas obras (Efésios 2:10). Paulo espera tanto de uma vida transformada quanto Tiago. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios 5:17)! Tiago e Paulo não discordam em seus ensinamentos sobre a salvação. Eles abordam o mesmo assunto sob diferentes prismas. Paulo simplesmente enfatizou que a justificação vem somente pela fé enquanto Tiago enfatizou o fato de que a fé em Cristo produz boas obras.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
O que significa entristecer / apagar o Espírito?
Pergunta: "O que significa entristecer / apagar o Espírito?"
Resposta: Quando a palavra "apagar" é usada nas Escrituras, está falando de suprimir fogo. Quando os crentes embraçam o escudo da fé, como parte da armadura de Deus (Efésios 6:16), eles estão suprimindo o poder dos dardos inflamados de Satanás. Cristo descreveu o inferno como um lugar onde o fogo não seria "apagado" (Marcos 9:44, 46, 48). Do mesmo modo, o Espírito Santo é uma chama que habita dentro de cada Cristão. Ele quer Se expressar através de nossas ações e atitudes. Quando os crentes não permitem que o Espírito seja visto através das suas ações, quando fazemos o que é errado, então suprimimos ou “apagamos” o Espírito. Não permitimos que o Espírito Se revele do que jeito que Ele quer.
Para entendermos o que significa "entristecer" o Espírito, precisamos primeiramente entender que isso é uma característica de alguém que tem personalidade. Só uma pessoa pode ser "entristecida"; portanto, o Espírito tem que ser uma pessoa para poder ter tal emoção. Quando entendemos esse aspecto, podemos entender melhor como Ele é "entristecido", especialmente porque nós também somos entristecidos. Efésios 4:30 nos diz que não devemos "entristecer" o Espírito. Vamos permanecer naquela passagem para entender o que Paulo estava tentando nos dizer. Podemos "entristecer" o Espírito quando andamos como os gentios (4:17-19), quando nos rendemos à nossa natureza pecaminosa (4:22-24), quando mentimos (4:25), quando nos iramos (4:26-27), quando furtamos (4:28), quando usamos linguagem torpe (4:29), quando temos amargura (4:31), quando não perdoamos (4:32), quando cometemos imoralidade sexual (5:3-5). "Entristecer" o Espírito é agir de uma forma pecaminosa, quer seja em pensamento e ação, ou em pensamento apenas.
Tanto "apagar" quanto "entristecer" o Espírito são parecidos quanto aos seus efeitos; os dois atrapalham os crentes de viverem um estilo de vida que agrade a Deus. Os dois acontecem quando o crente peca contra Deus e segue os seus desejos mundanos. A única estrada correta a ser seguida é a estrada que guia o Cristão para mais perto de Deus e pureza, e mais longe do mundo e do pecado. Assim como não gostamos de ser entristecidos, e assim como não procuramos apagar aquilo que é bom – não devemos entristecer ou apagar o Espírito Santo por nos recusarmos a escutar a Sua liderança.
Resposta: Quando a palavra "apagar" é usada nas Escrituras, está falando de suprimir fogo. Quando os crentes embraçam o escudo da fé, como parte da armadura de Deus (Efésios 6:16), eles estão suprimindo o poder dos dardos inflamados de Satanás. Cristo descreveu o inferno como um lugar onde o fogo não seria "apagado" (Marcos 9:44, 46, 48). Do mesmo modo, o Espírito Santo é uma chama que habita dentro de cada Cristão. Ele quer Se expressar através de nossas ações e atitudes. Quando os crentes não permitem que o Espírito seja visto através das suas ações, quando fazemos o que é errado, então suprimimos ou “apagamos” o Espírito. Não permitimos que o Espírito Se revele do que jeito que Ele quer.
Para entendermos o que significa "entristecer" o Espírito, precisamos primeiramente entender que isso é uma característica de alguém que tem personalidade. Só uma pessoa pode ser "entristecida"; portanto, o Espírito tem que ser uma pessoa para poder ter tal emoção. Quando entendemos esse aspecto, podemos entender melhor como Ele é "entristecido", especialmente porque nós também somos entristecidos. Efésios 4:30 nos diz que não devemos "entristecer" o Espírito. Vamos permanecer naquela passagem para entender o que Paulo estava tentando nos dizer. Podemos "entristecer" o Espírito quando andamos como os gentios (4:17-19), quando nos rendemos à nossa natureza pecaminosa (4:22-24), quando mentimos (4:25), quando nos iramos (4:26-27), quando furtamos (4:28), quando usamos linguagem torpe (4:29), quando temos amargura (4:31), quando não perdoamos (4:32), quando cometemos imoralidade sexual (5:3-5). "Entristecer" o Espírito é agir de uma forma pecaminosa, quer seja em pensamento e ação, ou em pensamento apenas.
Tanto "apagar" quanto "entristecer" o Espírito são parecidos quanto aos seus efeitos; os dois atrapalham os crentes de viverem um estilo de vida que agrade a Deus. Os dois acontecem quando o crente peca contra Deus e segue os seus desejos mundanos. A única estrada correta a ser seguida é a estrada que guia o Cristão para mais perto de Deus e pureza, e mais longe do mundo e do pecado. Assim como não gostamos de ser entristecidos, e assim como não procuramos apagar aquilo que é bom – não devemos entristecer ou apagar o Espírito Santo por nos recusarmos a escutar a Sua liderança.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
PRIMÍCIAS
Vinda das palavras hebraicas – “Bikkur”: primeiro fruto e “Reshit”:
o principal. Em grego, “Aparché”, os primeiros frutos, tal qual utilizada em
Romanos 8-23: “também nós que temos as primícias do Espírito [Santo]”.
Os preceitos do Antigo Testamento tinham o propósito de relembrar
aos homens sobre todas as coisas boas que lhe são dadas como presentes ou dádivas,
devolvendo-lhes algo em preito de gratidão. Essa era uma prática boa e saudável.
As “primícias”, pois, eram ofertas de vários tipos. Êxodo 23-16:19: “As
primícias dos frutos da tua terra trarás à Casa do Senhor”. Assim, no lugar em
que o peixe e a carne eram o ganha-pão, traziam-se os primeiros peixes
apanhados e dos primeiros filhotes do rebanho como oferta. O povo começou a
negligenciar essa festividade quando estava em pecado e apostasia.
As primícias
de todas as sortes eram levadas a Jerusalém em meio a grande
pompa e cerimônia. Em grandes grupos recitavam a uma só voz Deuteronômio
26-3:10. Daquele momento em diante as ofertas passavam a ser propriedade do
sacerdote que as usava para sustentar o templo e o culto a Deus.
Todos os tipos de ofertas entregues nas Primícias simbolizavam antes
de tudo, a entrega pessoa ao seu Deus. Agora, o ofertante pertencia a Deus. E
era por este, abençoado assim como todos os seus.
As
pessoas convertidas à fé cristã são as primícias de multidão
inumerável, que representam a colheita espiritual (Romanos 16-5; I Coríntios
16-15).
O próprio
Jesus é as primícias da ressurreição, garantindo a ressurreição de todos
os salvos, por ocasião da segunda vinda dEle (I Coríntios 15-20:23)
Nas “Primícias”, Deus exige o principal e o melhor fruto da terra,
da criação. O melhor e principal da
criação humana é você.
extraído do boletim 214 - IPI da Lapa - 27.11.2011
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
MEDITAÇÕES SOBRE O LIVRO DE 1 SAMUEL
Leia 1 Samuel 25:32-44
E aconteceu que, passados quase dez dias, feriu o Senhor a Nabal, e este morreu.
Ó Senhor Deus, a quem a vingança pertence, ó Deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente! (1 Samuel 25:38; Salmo 94:1).
Enquanto Nabal celebra como um rei (após ter rejeitado e insultado o verdadeiro rei), o próprio Deus o aflige. Não perdemos nada deixando o Senhor agir por nós.
Abigail, uma mulher de fé, distingue-se por sua sensatez, seu senso de urgência (ela se apressa; v. 18, 23, 42), sua humildade e devoção. “Quando o Senhor te houver feito o bem, lembrar-te-ás da tua serva” (v. 31, compare o pedido dela com o do ladrão em Lucas 23:42).
Ela recebe uma resposta que excede todas as suas expectativas – Davi a toma por esposa. E, sem um único arrependimento, essa mulher deixa as riquezas para compartilhar o destino do rei rejeitado nas cavernas e desertos. Anteriormente casada com um tolo, ela se torna a feliz companhia do “amado” em seus sofrimentos naquele momento, e em seu reinado no futuro. Que bela figura da Igreja, noiva de Cristo, compartilhando a posição de seu Senhor, neste momento rejeitado e desconhecido pelo mundo, para em um breve futuro vir com toda a Sua glória e majestade! “Se perseveramos, também com ele reinaremos” (2 Timóteo 2:12; Romanos 8:17).
terça-feira, 20 de novembro de 2012
A DIFERENÇA ENTRE A VIDA E A MORTE ETERNA!
Porém, se o não ouvirem, ...expirarão sem conhecimento (Jó 36:12).
O segundo semestre de 2000 foi marcado por várias tragédias. Após os desastres do Concorde e do Kursk, outra catástrofe chocou a região de Kaprun nos Alpes suíços em novembro. Um trem lotado de esquiadores pegou fogo quando entrava em um túnel. Dezenas de passageiros quebraram as janelas e tentaram subir a montanha. Um homem idoso gritou: “Desçam, desçam, não subam! O fogo também sobe!” Eles seguiram o conselho e salvaram suas vidas. O resto dos esquiadores, cerca de 160, morreram queimados ou asfixiados pela fumaça tóxica. Que conselho sábio aquele homem deu! E quão sensatos foram os que o seguiram! Isso fez a diferença entre a vida e a morte.
Querido leitor, você se imagina correndo desesperadamente ao encontro de um fogo consumidor? Pois é precisamente isso o que os que rejeitam o Salvador Jesus Cristo estão fazendo. A Bíblia diz que o inferno é a punição de Deus sobre os pecadores. Multidões zombam da idéia de inferno. Mas escarnecer não evita que as coisas desagradáveis da vida aconteçam. O Filho de Deus afirmou claramente: “Melhor é para ti entrares na vida aleijado do que... ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga” (Marcos 9:43). Deus não pode mentir: Seu julgamento sobre o mundo será manifesto algum dia. Mas ele graciosamente deu Seu Filho para suportar o julgamento em nosso lugar. Na cruz, nossos pecados foram postos sobre Ele. Para que sejamos salvos, Deus apenas exige arrependimento e fé na Pessoa e na obra de Seu amado Filho. Receba-O em seu coração. O Senhor Jesus disse: “O que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6:37). Siga Seu conselho! Isso fará a diferença entre a vida e a morte eternas.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Festa de Família
Oneide Bobsin - Teólogo
Como das outras vezes, a família se reuniu em torno do pai que completava 60 anos. Diferente das outras vezes, essa festa proporcionou novas alegrias.
Reunida a grande família ao redor da mesa, o chefe da cerimônia pede ao filho que leia o seu discurso que louvaria as virtudes da família. O filho, então, levanta-se com dois discursos e pede que o pai escolha um. Feita a escolha, o filho, com o coração cheio de dor que vem da infância, passa a lê-lo.
De fato não é um discurso apropriado para a expectativa do pai. Era um retrato da família que estava escondido no coração de todos. Entre os pecados do pai, estava o abuso sexual. Eu e a minha irmã – que havia cometido suicídio – fomos abusados sexualmente pelo pai, sob o olhar complacente da mãe, disse em voz alta.
Assim, ao expor a sua dor e a da irmã, novos olhares se estabeleceram naquela família. O filho arrogante e revoltado cai em si e passa a entender as dores do irmão. Quem leu o discurso passa a ver as mulheres de modo diferente. E o namorado negro da outra filha passa a ser aceito. O pai, por fim, pede perdão.
Enquanto via o filme norueguês Festa de Família, lembrava de João 8. 31-32, segundo o qual a verdade é o que e quem liberta, permitindo novas festas em família. Jesus diz: Se vocês obedecerem às minhas palavras, serão de fato meus seguidores e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.
extraído: www.novolhar.com.br
Marcadores:
e a verdade os libertará,
festa de família,
João 8-31:32,
perdão,
se vocês obedecerem às minhas palavras,
serão de fato meus seguidores e conhecerão a verdade
domingo, 18 de novembro de 2012
E O DIA DE AMANHÂ, O QUE SERÁ?
Não sabes que mal haverá sobre a terra (Eclesiastes 11:2).
Em setembro de 2000, aconteceram duas grandes tragédias. Um Concorde da Air France pegou fogo após a decolagem do aeroporto de Paris e caiu minutos depois, matando todos os 113 passageiros e a tripulação. Essa catástrofe mal tinha sido superada quando mais notícias ruins chegaram. Ocorreu uma explosão no submarino nuclear russo “Kursk”, que ficou seriamente avariado e naufragou. 118 marinheiros perderam suas vidas; nenhum pôde ser salvo.
Em ambos os casos, ninguém, tanto no avião como no submarino, pensava numa morte súbita. Seus pensamentos certamente estavam em outras coisas. Os passageiros do Concorde voavam para os Estados Unidos onde iriam embarcar em um cruzeiro, uma agradável viagem os esperava. A tripulação do Kursk preparava-se para exercícios navais estratégicos no hemisfério norte.
Ninguém sabe o que acontecerá amanhã (Tiago 4:14). O importante na vida é estar preparado para a eternidade. A posse da salvação no presente é a única segurança contra um porvir fora do céu. E a salvação somente pode ser obtida pela aceitação de Jesus Cristo como Salvador. Isso certamente tem de ser uma questão urgentíssima para todos os que sabem que, após a morte, iremos encontrar com o Supremo Juiz. Ignorar esse fato ou fazer pouco caso dele não irá mudá-lo. Agarre a salvação que Deus lhe oferece enquanto você pode.
Em setembro de 2000, aconteceram duas grandes tragédias. Um Concorde da Air France pegou fogo após a decolagem do aeroporto de Paris e caiu minutos depois, matando todos os 113 passageiros e a tripulação. Essa catástrofe mal tinha sido superada quando mais notícias ruins chegaram. Ocorreu uma explosão no submarino nuclear russo “Kursk”, que ficou seriamente avariado e naufragou. 118 marinheiros perderam suas vidas; nenhum pôde ser salvo.
Em ambos os casos, ninguém, tanto no avião como no submarino, pensava numa morte súbita. Seus pensamentos certamente estavam em outras coisas. Os passageiros do Concorde voavam para os Estados Unidos onde iriam embarcar em um cruzeiro, uma agradável viagem os esperava. A tripulação do Kursk preparava-se para exercícios navais estratégicos no hemisfério norte.
Ninguém sabe o que acontecerá amanhã (Tiago 4:14). O importante na vida é estar preparado para a eternidade. A posse da salvação no presente é a única segurança contra um porvir fora do céu. E a salvação somente pode ser obtida pela aceitação de Jesus Cristo como Salvador. Isso certamente tem de ser uma questão urgentíssima para todos os que sabem que, após a morte, iremos encontrar com o Supremo Juiz. Ignorar esse fato ou fazer pouco caso dele não irá mudá-lo. Agarre a salvação que Deus lhe oferece enquanto você pode.
sábado, 17 de novembro de 2012
EGLOM
O Senhor fortaleceu a Eglom, rei dos moabitas, contra Israel; porquanto fizeram o que era mau aos olhos do Senhor. E reuniu consigo os filhos de Amom e os amalequitas, e foi, e feriu a Israel, e tomaram a cidade das palmeiras. E os filhos de Israel serviram a Eglom, rei dos moabitas, dezoito anos (Juízes 3:12-14).
Moabe tinha uma relação de parentesco com Israel, mas Israel nunca teve inimigos mais cruéis e implacáveis que os moabitas e amonitas. Lembre-se de que o Senhor advertiu que os adversários do homem poderiam ser os de sua própria casa (Mateus 10:36). Portanto, laços de sangue, ao invés de serem úteis, podem se tornar grandes empecilhos. Mas essa não é a mensagem de hoje.
Moabe simboliza um povo e um princípio aparentemente relacionados com o povo de Deus, mas sem a vital e divina conexão. Moabe simboliza a profissão de fé vazia, uma mera semelhança com a realidade divina, sem conteúdo. O poder de Moabe é uma figura do poder da confissão – o poder da melhoria externa. As melhorias são bastante tentadoras! Elas tornam a pessoa externamente honesta, diferente, e ajustada – como um viciado que abandona o vício. No entanto, a melhoria não faz de ninguém um discípulo de Cristo e nem participante da vida divina.
“Era Eglom homem muito gordo” (v. 17). Isso sugere a falta de vigor e poder de uma pessoa forte, musculosa. Da mesma maneira, uma mera profissão de fé é morta, uma massa inerte de informações religiosas que sufoca a vitalidade espiritual. E por faltar vitalidade, o indivíduo fica negligente quanto às questões eternas. Um mero religioso é assim. Não se incomoda em fazer nada que requeira esforço ou empenho.
Dizer-se cristão sem o ser é mentira, e uma das mais perigosas, pois significa viver diariamente na prática dela. “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus [de Cristo]mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora… qualquer que ama e comete a mentira” (Apocalipse 22:14-15).
Moabe tinha uma relação de parentesco com Israel, mas Israel nunca teve inimigos mais cruéis e implacáveis que os moabitas e amonitas. Lembre-se de que o Senhor advertiu que os adversários do homem poderiam ser os de sua própria casa (Mateus 10:36). Portanto, laços de sangue, ao invés de serem úteis, podem se tornar grandes empecilhos. Mas essa não é a mensagem de hoje.
Moabe simboliza um povo e um princípio aparentemente relacionados com o povo de Deus, mas sem a vital e divina conexão. Moabe simboliza a profissão de fé vazia, uma mera semelhança com a realidade divina, sem conteúdo. O poder de Moabe é uma figura do poder da confissão – o poder da melhoria externa. As melhorias são bastante tentadoras! Elas tornam a pessoa externamente honesta, diferente, e ajustada – como um viciado que abandona o vício. No entanto, a melhoria não faz de ninguém um discípulo de Cristo e nem participante da vida divina.
“Era Eglom homem muito gordo” (v. 17). Isso sugere a falta de vigor e poder de uma pessoa forte, musculosa. Da mesma maneira, uma mera profissão de fé é morta, uma massa inerte de informações religiosas que sufoca a vitalidade espiritual. E por faltar vitalidade, o indivíduo fica negligente quanto às questões eternas. Um mero religioso é assim. Não se incomoda em fazer nada que requeira esforço ou empenho.
Dizer-se cristão sem o ser é mentira, e uma das mais perigosas, pois significa viver diariamente na prática dela. “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus [de Cristo]mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora… qualquer que ama e comete a mentira” (Apocalipse 22:14-15).
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Entrega
revista / edicao 336 / entrega
Rubem Amorese
Deixe pra lá! Releve! Perdoe!
Tenho percebido que essas são palavras difíceis para algumas pessoas, e fáceis para outras. E o que está por trás dessas atitudes me intriga.
Parece que algumas pessoas têm uma grande capacidade de “deixar pra lá”, de relevar uma ofensa, de esquecer um agravo. É como se não se apegassem às coisas. Na hora da perda, não sofrem muito. Porém, não lutam tanto pelo que acham importante. Sem luta, não há vitória.
Outras parecem incapazes de abrir mão. Então, tudo o que a vida lhes tira, produz a dor de um assalto, de uma violência.
Entre estas últimas, as que mais me chamam atenção são aquelas que não “abrem mão” de suas razões. Seja em uma simples conversa, que acaba em discussão, seja em uma questão de direito, apegam-se às suas razões até às lágrimas. E se, após muitas lutas, essas coisas lhes são “tomadas”, entram em desespero de morte.
As pessoas do primeiro grupo sofrem menos, por não se apegarem demasiadamente. Não lutam tanto, não retêm tanto. Não perdem muito, mesmo quando são abusadas.
Entretanto, conheço gente que é capaz de se lembrar de todas as violências sofridas ao longo da vida. Coisas que lhes foram tiradas, batalhas perdidas, conversas encerradas, desconsiderações, injustiças, votos vencidos, estão todos lá, no depósito de passivos, de haveres, aguardando ressarcimento.
Sim, a vida (que acaba assumindo nomes de pessoas) lhes deve. Se algo nunca foi entregue, então lhes foi tomado. Se nunca foi perdoado, ainda é “dívida ativa”. Se nunca foi esquecido, está registrado para oportuna cobrança.
Talvez uma pessoa assim considere aquele que “deixa pra lá” um leviano. E talvez o que releva e esquece considere aquele que não “abre mão” um infeliz briguento.
Lembro-me de ter “deixado pra lá” direitos de consumidor, só para não arranjar briga. Porém, lembro-me de ter “pendurado” ofensas, aguardando o pedido de desculpas. Recordo-me de ter dado razão a quem não a tinha, para preservar a amizade, e de ter “aberto mão” da amizade por não achar justo “deixar barato”.
Certa vez, deparei-me com uma frase usada em um curso para noivos: “O que você prefere: ter razão ou ser feliz?” -- como que a dizer que, se eu quisesse ter sempre razão, seria infeliz! Será que essa pergunta não nos ajudaria a definir melhor a qual grupo pertencemos?
Eu confesso: naquele exato momento me descobri preferindo ter razão. E argumentei para mim mesmo que a felicidade, à custa do que é certo, não vale a pena. Senti-me como a formiga invejosa, criticando a alegria “irresponsável” da cigarra.
Nesse momento, ouvi a palavra de Paulo aos coríntios conflagrados: “[...] por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?” (1Co 6.7).
Ocorre-me então que talvez a atitude correta não seja o “deixar pra lá”, mas a entrega. Em vez de esquecer, entrego meus direitos, bens e razões ao reto Juiz. Assim, as coisas não ficarão sem consequência, sem julgamento, sem resposta. Contudo, estarei “deixando pra lá”, em um ato de fé, para ser feliz.
Imagino que, por esse caminho, Deus me acrescentará o orar pelos meus inimigos e me alegrará ao vê-los abençoados.
• Rubem Amorese é presbítero na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília, e foi professor na Faculdade Teológica Batista de Brasília por vinte anos. Antes de se aposentar, foi consultor legislativo no Senado Federal e diretor de informática no Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal. É autor de, entre outros, Louvor, Adoração e Liturgia e Fábrica de Missionários -- nem leigos, nem santos. ruben@amorese.com.br
Rubem Amorese
Deixe pra lá! Releve! Perdoe!
Tenho percebido que essas são palavras difíceis para algumas pessoas, e fáceis para outras. E o que está por trás dessas atitudes me intriga.
Parece que algumas pessoas têm uma grande capacidade de “deixar pra lá”, de relevar uma ofensa, de esquecer um agravo. É como se não se apegassem às coisas. Na hora da perda, não sofrem muito. Porém, não lutam tanto pelo que acham importante. Sem luta, não há vitória.
Outras parecem incapazes de abrir mão. Então, tudo o que a vida lhes tira, produz a dor de um assalto, de uma violência.
Entre estas últimas, as que mais me chamam atenção são aquelas que não “abrem mão” de suas razões. Seja em uma simples conversa, que acaba em discussão, seja em uma questão de direito, apegam-se às suas razões até às lágrimas. E se, após muitas lutas, essas coisas lhes são “tomadas”, entram em desespero de morte.
As pessoas do primeiro grupo sofrem menos, por não se apegarem demasiadamente. Não lutam tanto, não retêm tanto. Não perdem muito, mesmo quando são abusadas.
Entretanto, conheço gente que é capaz de se lembrar de todas as violências sofridas ao longo da vida. Coisas que lhes foram tiradas, batalhas perdidas, conversas encerradas, desconsiderações, injustiças, votos vencidos, estão todos lá, no depósito de passivos, de haveres, aguardando ressarcimento.
Sim, a vida (que acaba assumindo nomes de pessoas) lhes deve. Se algo nunca foi entregue, então lhes foi tomado. Se nunca foi perdoado, ainda é “dívida ativa”. Se nunca foi esquecido, está registrado para oportuna cobrança.
Talvez uma pessoa assim considere aquele que “deixa pra lá” um leviano. E talvez o que releva e esquece considere aquele que não “abre mão” um infeliz briguento.
Lembro-me de ter “deixado pra lá” direitos de consumidor, só para não arranjar briga. Porém, lembro-me de ter “pendurado” ofensas, aguardando o pedido de desculpas. Recordo-me de ter dado razão a quem não a tinha, para preservar a amizade, e de ter “aberto mão” da amizade por não achar justo “deixar barato”.
Certa vez, deparei-me com uma frase usada em um curso para noivos: “O que você prefere: ter razão ou ser feliz?” -- como que a dizer que, se eu quisesse ter sempre razão, seria infeliz! Será que essa pergunta não nos ajudaria a definir melhor a qual grupo pertencemos?
Eu confesso: naquele exato momento me descobri preferindo ter razão. E argumentei para mim mesmo que a felicidade, à custa do que é certo, não vale a pena. Senti-me como a formiga invejosa, criticando a alegria “irresponsável” da cigarra.
Nesse momento, ouvi a palavra de Paulo aos coríntios conflagrados: “[...] por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?” (1Co 6.7).
Ocorre-me então que talvez a atitude correta não seja o “deixar pra lá”, mas a entrega. Em vez de esquecer, entrego meus direitos, bens e razões ao reto Juiz. Assim, as coisas não ficarão sem consequência, sem julgamento, sem resposta. Contudo, estarei “deixando pra lá”, em um ato de fé, para ser feliz.
Imagino que, por esse caminho, Deus me acrescentará o orar pelos meus inimigos e me alegrará ao vê-los abençoados.
• Rubem Amorese é presbítero na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília, e foi professor na Faculdade Teológica Batista de Brasília por vinte anos. Antes de se aposentar, foi consultor legislativo no Senado Federal e diretor de informática no Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal. É autor de, entre outros, Louvor, Adoração e Liturgia e Fábrica de Missionários -- nem leigos, nem santos. ruben@amorese.com.br
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
“NO CÉU HAVERÁ SOMENTE VOLUNTÁRIOS (NO INFERNO TAMBÉM!)”
Disse o néscio no seu coração: Não há Deus (Salmo 14:1).
A afirmação de que não há Deus é bastante comum hoje em dia. Todos podem expressar esta opinião livremente. Mas é verdadeira? A liberdade de expressão não evita o erro.
Há dois mil anos, as coisas não eram muito diferentes. O primeiro e talvez o maior pregador do evangelho, o apóstolo Paulo, escreveu: “Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2 Coríntios 5:20). Ele somente podia suplicar por eles e nada mais. Não existe força alguma que obrigue uma pessoa a aceitar a salvação em Jesus Cristo. Nem o próprio Deus não força essa decisão, ainda que tenha autoridade para fazê-lo! Alguém já disse com bastante propriedade: “No céu haverá somente voluntários – no inferno também!” Essa questão é muito mais séria do que parece à primeira vista. Deus deseja atrair pessoas para darem passos de fé voluntariamente. Ele procura os homens a fim de que conheçam Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo.
Mas, voltemos à questão central. O que você diz em seu coração? Você tem de responder esta pergunta a você mesmo e também a Deus. Há pessoas que são reservadas por natureza e outras que se preocupam com a opinião alheia. Mas Deus pergunta o que vai no coração – nosso centro de comando. Se você desconhece os caminhos de Deus, leia a Bíblia! E, ao fazer isso, busque pelo Redentor, Jesus Cristo.
A afirmação de que não há Deus é bastante comum hoje em dia. Todos podem expressar esta opinião livremente. Mas é verdadeira? A liberdade de expressão não evita o erro.
Há dois mil anos, as coisas não eram muito diferentes. O primeiro e talvez o maior pregador do evangelho, o apóstolo Paulo, escreveu: “Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2 Coríntios 5:20). Ele somente podia suplicar por eles e nada mais. Não existe força alguma que obrigue uma pessoa a aceitar a salvação em Jesus Cristo. Nem o próprio Deus não força essa decisão, ainda que tenha autoridade para fazê-lo! Alguém já disse com bastante propriedade: “No céu haverá somente voluntários – no inferno também!” Essa questão é muito mais séria do que parece à primeira vista. Deus deseja atrair pessoas para darem passos de fé voluntariamente. Ele procura os homens a fim de que conheçam Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo.
Mas, voltemos à questão central. O que você diz em seu coração? Você tem de responder esta pergunta a você mesmo e também a Deus. Há pessoas que são reservadas por natureza e outras que se preocupam com a opinião alheia. Mas Deus pergunta o que vai no coração – nosso centro de comando. Se você desconhece os caminhos de Deus, leia a Bíblia! E, ao fazer isso, busque pelo Redentor, Jesus Cristo.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
SENDO PEQUENO PARA SER GRANDE
Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador (Lucas 1:46-47).
O coração de Maria estava cheio de alegria, que se transformou em um hino de louvor. Na graça que abundava em seu coração, ela reconheceu que Deus era seu Salvador, enquanto ao mesmo tempo percebe e confessa sua pequenez. Qualquer que seja o instrumento a quem Deus escolhe, como escolheu Maria, tal pessoa só é grande quando decide ser pequena para que Deus apareça e receba a glória. Se quisesse entrar em cena, Maria perderia seu lugar, mas não fez isso. Deus guardou seu coração para que Sua graça fosse plenamente manifesta.
O caráter dos pensamentos que transbordavam o coração de Maria nos faz lembrar a canção de Ana em 1 Samuel 2, na qual a mãe de Samuel fala profeticamente da mesma intervenção divina. Mas Maria volta às promessas feitas aos patriarcas e a todo Israel. Após três meses com Isabel, ela voltou para sua casa, e humildemente seguiu o próprio caminho, a fim de permitir que a vontade de Deus fosse realizada. A conversa dessas duas santas mulheres constitui um dos relatos mais bonitos das Escrituras. Nessa cena só há lugar para a graça e a piedade.
Quem deseja ser usado por Deus precisa ter “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte” (Filipenses 2:5-8). Sem isso, por maior que seja o desígnio de Deus na vida de alguém, não há galardão, nem recompensa, nem honra.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Do campo para a base
revista / edicao 336 / do-campo-para-a-base
Era uma vez uma missionária estrangeira -- mais precisamente da Europa -- no Brasil. Ela atuava em uma agência missionária que enviava profissionais a países onde é difícil a entrada de missionários tradicionais.
Sua mãe, com 82 anos, gravemente enferma, precisou fazer uma cirurgia. Ela lamentou o fato de não acompanhar a mãe naquele momento. Amigos mais próximos sabiam que lhe faltavam recursos para a viagem. Estes contaram a outros amigos e também aos missionários no campo.
Em apenas dois dias, uma oferta no valor de 2.760 reais foi levantada, especialmente entre os irmãos do campo, o que deixou a missionária extremamente grata e permitiu que ela viajasse.
A pessoa que estava à frente do pedido entendeu que este não foi apenas mais um recolhimento de oferta, mas um novo jeito de fazer missões: “Fizemos uma oferta de brasileiros para europeus! Quem poderia imaginar uma coisa dessas há poucos anos atrás? Fizemos uma contribuição “do campo para a base”, ou seja, vários que estão no campo, servindo, enviaram recursos para uma necessidade do escritório enviador. Louvado seja Deus por mudar as nossas mentes e nos dar o privilégio de quebrar tabus e criar novos paradigmas!”.
Era uma vez uma igreja no Oriente Médio. Seu pastor, juntamente com alguns jovens, vieram ao Brasil para um impacto evangelístico de curto prazo em uma cidade onde há muitos muçulmanos.
Um dos profissionais da referida igreja foi convidado pelo pastor a participar do impacto, mas não pôde vir, por causa do trabalho. De todo modo, ele quis participar. Ofertou 8 mil dólares para ajudar na compra das passagens de outras pessoas do grupo.
A experiência foi inédita, tanto para o grupo que veio quanto para os brasileiros.
Um dos jovens do Oriente Médio escreveu o seguinte: “Eu convivo com muçulmanos diariamente na minha faculdade, no meu país, mas nunca havia olhado para eles com este olhar de compaixão que Jesus ensinou. Agora, os vejo como ovelhas sem pastor, perdidos e carentes do amor de Cristo”.
Era uma vez um congresso de jovens africanos, que aconteceu no Quênia, na virada do ano. Nada menos que 2.500 jovens presentes estavam entusiasmados com Jesus Cristo e com a pregação do evangelho no mundo inteiro. Vários deles se dispuseram a ir para o campo missionário, ainda que fora do continente africano.
Era uma vez um casal de um país árabe, que foi para outro país árabe como testemunha de Cristo, sustentado por sua igreja árabe, no meio da revolução árabe.
* * *
Todas essas histórias são reais e recentes. Elas ressaltam a criatividade do nosso Deus, que, como escreveu o apóstolo, “escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios [e, quem sabe, muitos brasileiros!] e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1Co 1.27). Elas nos remetem ao lema do movimento de Lausanne: “a igreja toda levando o evangelho todo para o mundo todo”.
• Délnia Bastos, casada, três filhos, é diretora da Interserve Brasil–CEM.
Era uma vez uma missionária estrangeira -- mais precisamente da Europa -- no Brasil. Ela atuava em uma agência missionária que enviava profissionais a países onde é difícil a entrada de missionários tradicionais.
Sua mãe, com 82 anos, gravemente enferma, precisou fazer uma cirurgia. Ela lamentou o fato de não acompanhar a mãe naquele momento. Amigos mais próximos sabiam que lhe faltavam recursos para a viagem. Estes contaram a outros amigos e também aos missionários no campo.
Em apenas dois dias, uma oferta no valor de 2.760 reais foi levantada, especialmente entre os irmãos do campo, o que deixou a missionária extremamente grata e permitiu que ela viajasse.
A pessoa que estava à frente do pedido entendeu que este não foi apenas mais um recolhimento de oferta, mas um novo jeito de fazer missões: “Fizemos uma oferta de brasileiros para europeus! Quem poderia imaginar uma coisa dessas há poucos anos atrás? Fizemos uma contribuição “do campo para a base”, ou seja, vários que estão no campo, servindo, enviaram recursos para uma necessidade do escritório enviador. Louvado seja Deus por mudar as nossas mentes e nos dar o privilégio de quebrar tabus e criar novos paradigmas!”.
Era uma vez uma igreja no Oriente Médio. Seu pastor, juntamente com alguns jovens, vieram ao Brasil para um impacto evangelístico de curto prazo em uma cidade onde há muitos muçulmanos.
Um dos profissionais da referida igreja foi convidado pelo pastor a participar do impacto, mas não pôde vir, por causa do trabalho. De todo modo, ele quis participar. Ofertou 8 mil dólares para ajudar na compra das passagens de outras pessoas do grupo.
A experiência foi inédita, tanto para o grupo que veio quanto para os brasileiros.
Um dos jovens do Oriente Médio escreveu o seguinte: “Eu convivo com muçulmanos diariamente na minha faculdade, no meu país, mas nunca havia olhado para eles com este olhar de compaixão que Jesus ensinou. Agora, os vejo como ovelhas sem pastor, perdidos e carentes do amor de Cristo”.
Era uma vez um congresso de jovens africanos, que aconteceu no Quênia, na virada do ano. Nada menos que 2.500 jovens presentes estavam entusiasmados com Jesus Cristo e com a pregação do evangelho no mundo inteiro. Vários deles se dispuseram a ir para o campo missionário, ainda que fora do continente africano.
Era uma vez um casal de um país árabe, que foi para outro país árabe como testemunha de Cristo, sustentado por sua igreja árabe, no meio da revolução árabe.
* * *
Todas essas histórias são reais e recentes. Elas ressaltam a criatividade do nosso Deus, que, como escreveu o apóstolo, “escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios [e, quem sabe, muitos brasileiros!] e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1Co 1.27). Elas nos remetem ao lema do movimento de Lausanne: “a igreja toda levando o evangelho todo para o mundo todo”.
• Délnia Bastos, casada, três filhos, é diretora da Interserve Brasil–CEM.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Resgatando o senso de comunidade da missão para a cidade
revista / edicao 336 / resgatando-o-senso-de-comunidade-da-missao-para-a-cidade
Neuber Lourenço
Nos últimos 70 anos, temos vivido em uma cultura narcisista. Tudo nela gira em torno do eu. A estratégia de marketing das empresas sacralizou a autonomia do indivíduo e podemos verificar isto em slogans do tipo: “Fazemos tudo isto por você”; “faça do seu jeito”; “você tem que pensar no que é melhor para você”. Isto nos levou a um beco sem saída. Vivemos em um tempo em que muitos “eus” se chocam e não compõem um todo. Antes, vivem em um permanente estado de estranhamento.
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, no livro “Amor Líquido”, que aborda a fragilidade dos laços humanos na pós-modernidade, observa que o fato de sermos estranhos uns aos outros no contexto das cidades não é algo inédito; o ineditismo está em nos mantermos estranhos por um longo tempo e até mesmo perpetuamente.
Isto tem nos conduzido a um sentimento de solidão sem precedentes em nossa história. Perdemos o senso de comunidade, mesmo vivendo em cidades com tantas pessoas ao nosso redor. O contexto urbano, apesar da superpopulação, é espaço de solidão.
A perda do senso de comunidade tem contribuído, entre outros fatores, para o despertamento espiritual no Brasil. Um país que dormiu rural e acordou urbano experimenta profundos sentimentos de nostalgia e desorientação. Ainda assim, o dilema está posto. Por um lado, precisamos dos outros como do ar que respiramos, por outro, temos medo de desenvolver relacionamentos mais profundos, que nos imobilizem em um mundo em permanente movimento.¹
A Igreja de Cristo tem um papel singular a desempenhar no ambiente cultural da supermodernidade, especialmente nos contextos urbanos. Podemos ajudar as pessoas desvinculadas e desorientadas a ser comunidade. E isso pode ser feito ao sermos comunidade do reino para elas e com elas. Quando multiplicou os pães e os peixes (Lc 9.11-17), Jesus nos deixou algumas pistas para isto. Não tanto pela realização do milagre em si, mas por causa da ordem que deu aos discípulos: “Dai-lhes vós de comer”. Vejamos algumas dessas pistas:
Sair da zona de conforto
No Brasil, segundo dados do senso de 2010, 84% da população vive nas cidades. Isto faz com que o contexto urbano se constitua, predominantemente, no ambiente da missão para nós, com todos os seus riscos e oportunidades. Trata-se de um ambiente cultural que não reconhece fronteiras, o que nos obriga a discernir e assumir a dinâmica e as demandas do nosso tempo. Parte da nossa missão é fazer uma hermenêutica das nossas cidades. Diante disso, “dai-lhes vós de comer” significa pensar as demandas da missão de Deus a partir da lógica e da disponibilidade do Senhor Jesus. Isto implica para nós aprender a abrir mão da zona de conforto para assumir as demandas das pessoas em um ambiente que está em constante mudança. A Igreja do Senhor Jesus é a única organização no mundo que existe, prioritariamente, para quem está do lado de fora.
Ser um lugar de refúgio
Se quisermos continuar relevantes, precisamos ver as multidões das cidades como um rebanho sem pastor. Precisamos reaprender a molhar os nossos olhos, movidos por compaixão. As cidades venderam o sonho da ampla realização e se tornaram um ambiente da privação. Não basta uma palavra contra a fome, é preciso também multiplicar o pão. A ordem é: “Dai-lhes vós de comer”. Além da fome de pão, há outras fomes em nossas cidades. Há fome de segurança, identidade, sentido, cooperação e ética. Assim, “dai-lhes vós de comer” significa ser comunidade de fé, que está em permanente diálogo com o nosso tempo; comunidade de vida, na qual o compromisso em preservar, restaurar e proclamar a vida, em todos os contextos e em nome do Senhor Jesus, é sua obsessão; comunidade de serviço, na qual as necessidades, as dores e as perplexidades são acolhidas.
Ser um agente de humanização
Na modernidade, mecanicidade. Na pós-modernidade, virtualidade. Na comunidade do reino, humanidade. Nossas cidades estão cheias de pessoas que perderam o rosto. Quem consegue se inserir no mercado de consumo ganha certa visibilidade. Porém, quem fica à margem se torna massa amorfa. Jesus nos ensina o valor intrínseco do ser humano ao reconhecer o pão como um direito. Se há fome, seja do que for, nossa ação visa não apenas saciar um desejo, um capricho, mas atender um direito. Quando estendemos a mão para saciar a fome de uma criança, não o fazemos por benemerência, mas como comunidade do reino, que reconhece o direito que o ser humano tem ao pão. “Dai-lhes vós de comer” significa ser comunidade do reino -- um lugar para recuperar o significado de se ser humano e se realizar como humano: de dar e receber, crescer e construir humanidade à semelhança de Cristo.
O corpo de Cristo é uma das metáforas encontradas nas Escrituras Sagradas para se referir à Igreja. Há tempos a igreja evangélica brasileira está com as mãos e os pés amputados, e tem sido apenas boca. Acredito na igreja como uma comunidade chamada não apenas para falar, mas para compartilhar, amar, ajudar, construir e lidar com questões como pobreza, violência, analfabetismo, abandono, doenças, violência, vazio espiritual. Estas mazelas estão engolindo a vida de muitas pessoas. Precisamos ser uma comunidade de muitos “eus” interdependentes, que são boca, mas também, mãos, pés, ouvidos, olhos e, principalmente, um coração que pulsa no ritmo da graça de Deus.
Nota
1. BAUMAN, Zygmunt. “Amor líquido; sobre a fragilidade dos laços humanos”. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
• Neuber Lourenço é pastor sênior da Igreja Batista da Orla de Niterói.
www.orla.org.br
neuberlpc@gmail.com
domingo, 11 de novembro de 2012
Por amor a nossas crianças
revista / edicao 336 / por-amor-a-nossas-criancas
Alderi Souza de Matos
Um dos grupos que enfrentam maiores riscos em nossa sociedade são os menores. Alguns destes riscos afetam parte dessa população: pobreza, fome, abandono, marginalidade. Outros perigos espreitam toda ela: violência, abuso, maus-tratos, o flagelo das drogas. O comportamento do poder público é ambíguo: por um lado, aprovam-se leis com a intenção de proteger a infância, como o Estatuto da Criança e do Adolescente; por outro, o estado é omisso na aplicação da lei e na efetiva proteção dos menores em situação de risco. No Brasil, é proibido mostrar o rosto de uma criança na mídia, mas ninguém se importa se essa mesma criança mora na rua, revira latas de lixo, cheira cola, se entrega ao crime e à prostituição. As consequências são dolorosas, para esses menores e para a sociedade.
A “tradição judaico-cristã” sempre valorizou a criança, como se pode ver em inúmeras passagens do Antigo e do Novo Testamento. Entre os judeus, os filhos eram considerados uma dádiva do Senhor (Sl 127.3; Is 8.18) e por isso deviam ser alvo de afeto, cuidado e instrução. Boa parte do livro de Provérbios se dedica a esse tema. Há o reconhecimento de que a criança é naturalmente propensa à insensatez, às más influências; daí a necessidade de uma orientação amorosa, porém firme e segura. Jesus é conhecido por seu grande respeito e valorização da infância, conforme se vê em muitos de seus ensinos e ações. Ele considerou os pequenos como modelos para aqueles que aspiram pertencer ao reino de Deus (Mt 18.3; Mc 9.37; 10.15).
Com os precedentes estabelecidos por Cristo e seus apóstolos, era natural que a igreja, desde os seus primórdios, revelasse atitudes construtivas em relação à infância. Os primeiros cristãos rejeitaram práticas aviltantes da sociedade greco-romana, como o aborto, o infanticídio e o abandono de menores. Já no período apostólico surgiu a convicção de que as crianças também eram membros da comunidade cristã, não somente os adultos (At 2.39; 1Co 7.14). Com o passar do tempo, ocorreram distorções, como o entendimento de que a vida religiosa (“vida consagrada”) era um estado superior à vida conjugal e familiar. Na Idade Média, e mesmo depois, muitas crianças eram enviadas ainda pequenas para mosteiros e conventos, com grande dano para sua vida emocional.
Os reformadores protestantes resgataram a importância bíblica do casamento e do lar para todos os cristãos, inclusive os ministros de Deus. Lutero, Calvino e outros líderes tiveram vidas exemplares nesse particular, estabelecendo padrões que moldaram os seus sucessores. A tradição reformada ou calvinista, em particular, deu um lugar de grande destaque às crianças e adolescentes graças ao conceito fundamental do “pacto”. Deus faz aliança não somente com indivíduos, mas com famílias, com os pais e seus filhos. Sendo “filhos do pacto”, os pequenos devem ser objeto dos melhores esforços no sentido de receberem uma formação integral para a vida, a começar da esfera espiritual. Os puritanos ingleses e americanos consideravam a família uma pequena igreja, na qual era altamente valorizada a educação moral e religiosa das novas gerações, conforme se vê na experiência pessoal do pastor e teólogo Jonathan Edwards.
Voltando a falar da situação brasileira contemporânea, não há muito de positivo a destacar no que se refere ao tratamento da infância e da juventude. Ao lado de algumas leis valiosas, existe o importante trabalho dos conselhos tutelares e outros órgãos. De um modo geral, porém, instituições que em outros países têm dado contribuições positivas, no Brasil mostram-se falhas e incoerentes. Nossas personalidades públicas, no âmbito dos três poderes, estão longe de ser modelos de virtude para os caracteres em formação, muitas delas frequentando os noticiários por sua falta de integridade e sede de privilégios. Os meios de comunicação, em particular a televisão, apesar dos códigos de ética, atentam constantemente contra o bem-estar dos menores, transmitindo valores distorcidos por meio de muitos de seus programas, como o execrável BBB.
Outra agência da qual se esperariam muitos benefícios para as crianças é a escola. Todavia, a falta de recursos (ou o mau uso dos mesmos), o despreparo de muitos mestres, a educação ideológica, a violência em sala de aula e outros males limitam a influência positiva dessa valiosa instituição. Finalmente, por razões claras, há que se destacar outro ambiente -- o lar. O papel da família na formação das novas gerações foi preponderante até algumas décadas atrás. Porém, o ritmo frenético da vida moderna, o trabalho das mães fora do lar, a influência da televisão, da internet e outras mídias têm impedido que muitos pais gastem tempo, tempo de qualidade com os seus filhos, e contribuam de modo decisivo para a formação do seu caráter. Quanto às crianças pobres, sofrem com lares desestruturados, violência doméstica e outros males.
Diante desse quadro desalentador, avulta a responsabilidade das igrejas e seus líderes. Obviamente, não se espera que as comunidades religiosas resolvam sozinhas esse imenso problema. Porém, elas estão em uma posição privilegiada para conscientizar os fiéis sobre os perigos e carências inerentes à infância, para alertar e mobilizar o estado e os demais agentes cujas ações têm impacto sobre as crianças e para instruir professores e pais quanto às suas solenes responsabilidades em relação às mentes em formação. Se elas não o fizerem, haverá um trágico preço a pagar, e ele será inevitável.
• Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e “Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil”. asdm@mackenzie.com.br
sábado, 10 de novembro de 2012
A história do apóstolo João, o bispo e o filho que perdeu o caminho
revista / edicao 336 / a-historia-do-apostolo-joao-o-bispo-e-o-filho-que-perdeu-o-caminho
Paul Freston
Há uma história sobre o apóstolo João que faz parte da tradição oral da igreja primitiva e que foi preservada nos escritos de Clemente de Alexandria. (O artigo que eu pretendia publicar nesta edição, a parte 2 sobre a “primavera árabe”, ficará para a próxima.) Ela conta que João, quando velho e morando em Éfeso, costumava visitar as igrejas das regiões circunvizinhas. Em uma dessas localidades, ele viu um menino bonito e forte, e encomendou-o ao bispo local. Este levou o garoto para casa, o criou, o amou e, finalmente, o batizou. Depois disso, relaxou no cuidado, e o jovem foi corrompido por alguns moços de sua idade, que o levaram a participar de atividades cada vez piores. Com o tempo, o rapaz se acostumou com os crimes que a gangue cometia e, perdendo toda esperança de salvação, decidiu se enveredar pelo caminho da criminalidade, tornando-se chefe dos bandidos e adquirindo a fama de o mais violento deles. Os anos se passaram e João voltou à igreja onde havia deixado o garoto. Quando cobrou do bispo o “depósito”, este chorou e disse: “O menino está morto”. “Morto como?” -- perguntou João assustado. “Morto para Deus” -- falou o bispo. “Ele se tornou mau, devasso e, finalmente, um ladrão. Agora, ele domina a montanha perto da igreja.” Depois de ouvi-lo, João tomou um cavalo e saiu sozinho em direção à montanha. Quando abordado pelos vigias da gangue, gritou: “Levem-me ao seu chefe”. Quando João se aproximou dele, o jovem o reconheceu e, envergonhado, fugiu. João o seguiu como pôde, apesar da idade, clamando: “Meu filho, por que está fugindo de mim? Tenha misericórdia. Não tenha medo; ainda há esperança de vida! Eu prestarei contas a Cristo por você. Se necessário, sofrerei a sua morte, assim como o Senhor morreu por nós. Não fuja, mas creia. Cristo me enviou!”. O jovem começou a chorar amarga e copiosamente e abraçou João. Este o confortava dando-lhe garantias de que encontraria o perdão do Salvador. Caindo de joelhos, João o beijou e o levou de volta à igreja. Nela, suplicou com muitas orações e -- lutando junto dele em constantes jejuns, ao mesmo tempo em que acalmava a mente do rapaz com sábias palavras -- não deixou a cidade até restaurar plenamente o jovem à igreja, como um prenúncio da ressurreição pela qual todos ansiamos.
Agora, uma segunda história, de tempos mais modernos. Quando C. S. Lewis estava doente, pouco antes de morrer, ele tinha um jovem secretário americano que, às vezes, saía para caminhar no parque. Lá ele via com frequência um ateu muito conhecido que, apesar dos seus 97 anos, fazia uma longa caminhada todos os dias. Este sempre perguntava ao americano se Lewis “já tinha morrido”. Ele respondia que estava muito doente. Ao que o ateu reagia orgulhosamente: “Mas eu não tenho nada! Ainda vou durar muito!”. Um dia, o americano contou a Lewis que tinha vontade de dizer a Deus que era injusto deixar o ateu vivendo uma vida tão longa e com tanta saúde, enquanto Lewis estava à beira da morte, com apenas 64 anos. “E o que você acha que Deus responderia?” -- perguntou Lewis. “Não sei”-- lamentou o americano. Ao que Lewis disse: “Que te importa?”. O jovem logo entendeu que Lewis aludia à resposta de Jesus a Pedro, em João 21.22. Naquele incidente, depois de restaurar a Pedro por meio da pergunta tríplice, “tu me amas?”, Jesus profetiza o martírio deste. Em seguida, Pedro pergunta sobre o destino de João. Jesus responde que -- ainda que o futuro de João fosse diferente do de Pedro, a ponto de aquele não só não morrer violentamente, mas nem sequer passar pela morte -- a Pedro cabia o: “Que te importa? Quanto a ti, segue-me”.
Conto essas duas histórias, como muitos terão adivinhado, por causa da morte de Robinson Cavalcanti. As circunstâncias chocantes do acontecimento levam a duas reflexões. Primeiro, uma reflexão sobre a morte precoce (sobretudo se tomarmos como base os padrões modernos de longevidade, já que ele estava com boa saúde). Assim como o jovem secretário particular de C. S. Lewis, somos tentados a perguntar a Deus por que uma pessoa dessas morre aos sessenta e tantos anos, enquanto tantas outras vivem mais, sem nenhuma vantagem aparente para a humanidade. A resposta de Lewis, que é a resposta do próprio Jesus, não “explica” nada, não satisfaz o nosso desejo de compreensão, mas recoloca o foco em nós mesmos: “Que te importa? Quanto a ti, segue-me”. De fato, a tradição cristã relata que Pedro sofreu uma morte violenta (crucificado de cabeça para baixo) aos sessenta e tantos anos de idade provavelmente. João, por sua vez, viveu até uma idade muito avançada e partiu tranquilamente, de morte natural. Nesse caso, tanto Pedro como João foram de grande utilidade para Deus e os homens. Porém, o princípio permanece: o destino do outro não é da nossa conta, e sim o seguir a Jesus.
Em segundo lugar, a morte de Robinson e de sua esposa, Miriam, provoca uma reflexão a respeito do papel do filho. Foi uma experiência tocante ler, poucos dias depois do assassinato do casal, o texto de Clemente de Alexandria sobre o idoso apóstolo João. De certo não há um paralelo exato entre aquela história e o que aconteceu com eles. Robinson não agiu como o bispo da história, o menino desta não mata os pais, nem temos (que eu saiba), na Olinda de hoje, a figura do apóstolo João. Entretanto, tiro das semelhanças e, acima de tudo, do desfecho da história, a lição de que enquanto há vida há esperança de mudança. Há possibilidade de que a tragédia humana não seja, em última análise, tragédia pura.
A história em si recompensa o exame mais profundo, sobretudo o contraste entre o comportamento do bispo e o de João, e a sabedoria deste em não confiar em um momento inicial de quebrantamento emocional, mas demorar-se naquela cidade para acompanhar o jovem. Inclusive com disciplinas espirituais e ensino personalizado, para quebrar a força das reações habituais adquiridas ao longo dos anos.
Nenhuma das histórias que relatei “explica” duas grandes questões: a da morte precoce (sobretudo quando violenta) e a da angústia que todo pai ou mãe sente ao ouvir um relato tão terrível a respeito de um filho. Como gostaríamos de ter uma receita infalível de criação de filhos! Contudo, ela não existe, pois eles se tornam seres tão autônomos quanto nós, e não há uma relação necessária e exata entre o “desempenho” dos pais e o tipo de filho resultante dele. Em vez de “explicações”, essas histórias nos transmitem “esperança”. E esta satisfaz em um nível mais profundo do que a explicação.
Conheci Robinson logo depois que cheguei ao Brasil, em 1976. Era claro para mim que se tratava de alguém de destaque no contexto evangélico brasileiro. Sendo ele um pouco mais velho do que eu e mais adiantado na caminhada cristã, foi uma inspiração para mim.
Certamente (é só olhar na internet), o legado de Robinson não é admirado de forma unânime dentro do meio evangélico brasileiro. Inclusive como colunista de Ultimato, ele recebeu tanto farpas quanto elogios. Entretanto, seria uma tragédia se as controvérsias ofuscassem o valor do seu legado em pelo menos quatro áreas: primeiramente, na área da missão integral e na abrangência da missão cristã no mundo; em segundo lugar, no exemplo de acadêmico cristão que relacionava fé, estudo e vida universitária; em terceiro, no exemplo de cientista social cristão, sendo um dos evangélicos pioneiros nessas disciplinas; e, finalmente, na área da inspiração para ligar a fé evangélica à cultura e à realidade social brasileiras. Que o legado de Robinson nessas quatro áreas seja cada vez mais estudado e ajude na formação de outras gerações de seguidores de Cristo.
• Paul Freston, inglês naturalizado brasileiro, é professor colaborador do programa de pós-graduação em sociologia na Universidade Federal de São Carlos e professor catedrático de religião e política em contexto global na Balsillie School of International Affairs e na Wilfrid Laurier University, em Waterloo, Ontário, Canadá.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
A motivação para a missão
revista / edicao 336 / a-motivacao-para-a-missao
René Padilla
A missão de Jesus nos oferece um modelo de missão não apenas quanto à integralidade, mas também quanto à motivação. Segundo Mateus 9.36, ao ver as multidões, Jesus “teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor”. A compaixão era sua motivação. A palavra grega “splagchniszais”, que neste caso se traduz como “compaixão”, é a mesma usada em Lucas 10.33 para referir-se à atitude do bom samaritano na parábola de Jesus — o samaritano que, ao ver o homem que havia sido atacado pelos ladrões no caminho de Jerusalém para Jericó, parou para ajudá-lo. Antes dele, um sacerdote viu o homem ferido e “passou de largo”. O mesmo fez um levita. Em contraste, quando o samaritano o viu, “moveu-se de íntima compaixão” (v. 33) e cuidou dele diligentemente. A mesma palavra aparece também em Lucas 15.20, que afirma que, na parábola do filho pródigo (ou melhor, dos dois filhos perdidos), quando o pai do filho que havia esbanjado a herança o viu voltando para casa, “se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou”.
Nos Evangelhos Sinóticos, este termo grego, além das poucas vezes em que aparece nas parábolas de Jesus, é usado para referir-se a uma das características de Jesus como Messias. É a compaixão do ungido de Deus ao ver a tristeza da mulher cujo filho morreu (Lc 7.13), ao ver os enfermos (Mt 14.14), os cegos (Mt 20.34), os leprosos (Mc 1.41), as multidões famintas e cansadas (Mt 15.32).
O que provocou a compaixão de Jesus, segundo o texto de Mateus 9, foi ver as multidões “cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor”. Esta última frase é um eco de Números 27.17, no momento em que Moisés pede a Deus que proveja para Israel um líder que ocupe seu lugar de modo que o povo de Deus não fique “como rebanho sem pastor”.
Cabe, no entanto, perguntar se as multidões no tempo de Jesus precisavam de líderes. Elas tinham líderes, mas eles estavam concentrados em Jerusalém, usufruindo dos privilégios derivados da posição social, incluindo as luxuosas mansões. Enquanto isso, os campesinos da Galileia e da Judeia, por causa do tributo imperial e dos impostos do templo, perdiam as terras herdadas e se transformavam em locatários de seus opressores. A situação descrita em Ezequiel 34 se repetia com líderes que, sem constrangimento, agiam com avareza, enquanto o povo morria de fome.
Jesus não via as multidões como meras almas que precisavam apenas salvar-se espiritualmente. Ele as via como pessoas oprimidas, abandonadas pelos seus líderes, vítimas da injustiça. E, ao vê-las, tinha compaixão delas.
Sem compaixão não há missão; menos ainda a missão integral, que inclui a restauração das relações da pessoa com Deus, com o próximo e com a criação. Pode haver proselitismo e persuasão para mudar de religião ou unir-se a um culto, mas não a missão que tem como modelo a missão de Jesus Cristo.
Ao redor do mundo hoje e na Palestina do primeiro século, as multidões precisam de líderes compassivos dispostos a serem líderes-servos. Em todos os lugares é evidente a ausência de líderes com uma integridade moral que os capacite a colocar os interesses do povo sobre os próprios interesses. As classes dominantes, constituídas por militantes ou políticos, executivos de empresas ou comerciantes oportunistas, são geralmente insensíveis às necessidades da maioria. Nessas circunstâncias é urgente que nós que confessamos a Jesus Cristo como nosso Senhor vejamos as multidões “cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor”. Á medida que as olharmos com os olhos de Jesus, entenderemos sua situação e seremos movidos pela compaixão, de maneira a suprirmos a demanda de líderes-servos como Jesus.
Traduzido por Wagner Guimarães.
• C. René Padilla é fundador e presidente da Rede Miqueias, e membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da
Fundação Kairós. É autor de O Que É Missão Integral?
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
DAS COLEÇÕES, ESCOLHO O ETERNO
revista / edicao 336 / das-colecoes-escolho-eterno
Eliceli Katia Bonan
Abra a tua boca a favor do mudo, pela causa de todos que são designados à destruição. Provérbios 31.8
Coleciono frases. Centenas delas estão guardadas em um arquivo de plástico, dividido de A a Z, copiadas à mão, em pedaços rasgados de papel salvos da lata de lixo, separadas pelos nomes dos autores. Contam histórias -- a minha e a de outros. Lembro-me da primeira que coloquei ali, há mais de dez anos, escrita no verso de uma folha de caderno: “Se alguém não tem uma causa pela qual morrer, não tem motivos para viver”. Desconhecia o autor. Hoje, encontro nele inspiração: Martin Luther King Jr, uma única pessoa que transformou o futuro de tantas outras.
Coleciono nomes, livros e histórias. Li que todos precisam de heróis. Os meus são pessoas comuns, ordinárias e extraordinárias. Únicas e, ao mesmo tempo, como eu e você. Focadas, decididas, interessadas. Às vezes sozinhas, mas capazes de mudar o mundo. Meus heróis contam-me sobre igualdade, justiça, reino de Deus. Andam sempre comigo. São pessoas como William Wilberforce, um inglês que libertou escravos negros. Ao lado dele, um senhor simpático que encontro na rua, cheio de atitudes de amor, o mesmo amor. Uma Joana d’Arc adolescente, apaixonada, confusa, que ouve Deus e entra para o exército da França sem saber ao certo o porquê — apenas obedece. Há também outra garota, um pouco mais velha, distribuindo abraços e palavras amigas para crianças de rua no meio da madrugada. E um menino de apenas 8 anos que se senta todas as manhãs e pergunta ao Mestre como pode influenciar os colegas da escola. Vi Dietrich Bonhoeffer outro dia protestando contra a situação política de seu país. Vejo diariamente Terezas, Gandhis e Mandelas. Aqui e ali, famosos ou anônimos, empenhados em olhar além e fazer melhor. Vozes na multidão.
Coleciono sonhos e anseios. Viajar, ter um filho, conhecer pessoas, salvar uma vida, marcar a história. No dia a dia, entre a incerteza, o medo e a necessidade de segurança, deparo-me com uma carga de distrações e ocupações. Se não for além delas, jamais alcançarei um alvo. Em que investir? Pelo quê lutar? O que gostaria que contassem sobre minha vida? Cada pessoa marca. Todas têm em si potencial para o bem ou para o mal. Cada pessoa influencia no mínimo mais outras quinze, disseram-me uma vez. Em uma reação em cadeia, posso influenciar centenas, milhares, milhões.
Coleciono muitas coisas. Nesse infinito de possibilidades, como não me perder? O amanhã é feito de decisões, todas elas tomadas hoje. Decido pelo que é eterno. Escolho uma única causa: toda a criação reconciliando-se com o Pai. Escolho a eternidade sendo escrita hoje, definindo o amanhã. Por esta causa, quero abrir a boca em favor de outros. Quero clamar por justiça, amor, misericórdia e graça. Quero olhar para os fundamentos abalados ao meu redor e me dispor a ser resposta. Quero influenciar de forma intencional, natural. Como em uma reação em cadeia, promover um bem infinito, em um universo infinito. Por minha causa, quero deixar marcas nesta geração. Com ela deito e levanto. Nela me movo, encaixo o ontem, o hoje e o amanhã. Por ela, Cristo se esvaziou. Para ele, tomo minha cruz e morro um pouco todos os dias.
• Eliceli Katia Bonan, 25 anos, é jornalista e missionária da JOCUM.
Assinar:
Comentários (Atom)