Áquila Mazzinghy
Sou
um medroso de carteirinha. Tenho medo do futuro, medo do desemprego,
medo de não me destacar no mercado de trabalho, medo de não ter
dinheiro, medo de ter câncer, medo da violência, medo de descobrir no
futuro que perdi muito tempo com coisas sem valor, medo de não saber
qual é a missão de Deus para mim, e, pior, de não cumpri-la. Talvez você
também tenha algum medo. Medo de não passar no vestibular, de não casar
e ficar para titio ou titia. Medo de não ter dinheiro e, ou, de não
conseguir concluir a faculdade. Medo de não conseguir uma boa
residência, para os que estudam medicina, ou de não passar na OAB, para
os que fazem direito. Medo de não ser feliz.
O medo nem
sempre é ruim. Os especialistas dizem que o medo é um sentimento
natural, uma reação do corpo às ameaças externas que deixam nosso
cérebro em alerta. Os psicólogos afirmam que o medo também ajuda a
manter o foco em situações delicadas e a não tomar decisões
precipitadas, além de incutir na mente a necessidade de mais preparação,
estudo e dedicação para vencer os desafios e cobranças da vida. O
problema é que o medo tem uma irmã gêmea, a ansiedade. As unhas roídas, o
coração acelerado e as mãos úmidas “evoluem” para pernas inquietas que
tremem o tempo todo, dores e angústia no peito, boca seca, dores
mandibulares, insônia e problemas alimentares.
Algo
que tem ajudado o meu coração jovem a controlar a ansiedade é tentar
identificar quais são os meus medos e, assim, não permitir que a
ansiedade seja uma constante na rotina. Nesse processo, eu costumo
dividir o medo em duas categorias: medo do controlável e medo do
incontrolável. Há certas situações na vida em que, embora sintamos medo
ou insegurança, é possível ter certa margem de controle, na medida em
que tal medo nos retira da zona de conforto e nos leva à ação. No caso
do medo do competitivo mercado de trabalho, por exemplo, posso me
atualizar, aprender um novo idioma, buscar uma especialização, fazer uma
pós-graduação ou me inscrever em um programa de intercâmbio. Para
discernir a melhor opção nesse momento, vale aceitar o convite de Jesus
de apresentar a ele todos os planos, por meio da oração e ações de
graças, e permitir que a sua paz seja o guia em nosso coração e em nossa
mente.
O medo daquilo que não podemos controlar é
terrível. Ficamos anestesiados nas situações em que a roda viva chega e
leva para lá as roseiras que cultivamos há anos. Como o cancioneiro,
descobrimos que certas coisas, como a morte ou uma doença grave, não
pedem licença, não têm nem tempo, nem piedade, nem hora de chegar. São
tempos de esperas e de perdas que colocam em xeque a impressão de que
tudo na vida pode ser previsto e controlado. Aqui também há um convite
de Jesus, talvez o mais difícil: descansar nele e entender que tudo
coopera para o bem dos que amam a Deus. Cooperar para o bem é cooperar
para ter o caráter de Cristo e pensar como ele pensava, amar como ele
amava. Se eu amo a Deus, tanto as coisas boas quanto as ruins cooperam
para que minha vida reflita a dele. Fartura ou escassez, saúde ou
doença, tudo, absolutamente tudo coopera para que eu me aproxime de
Jesus e perceba que sem ele minha vida não tem sentido.
• Áquila Mazzinghy, 28 anos, é professor de direito internacional e direitos humanos em São Paulo, Belo Horizonte e Porto Velho.
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