segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ABRA LOGO

Boa Semente: ABRA LOGO: Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo (Ap...


Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo (Apocalipse 3:20).

À medida que o ano se aproxima do fim, o Senhor Jesus nos dirige essas sérias e amorosas palavras. Como é comovente ver que o Senhor, o Criador de tudo, fica do lado de fora, batendo à porta! Isso nos mostra o quanto Ele deseja ter comunhão conosco!

Essa batida logo irá cessar, pois a porta da salvação um dia será fechada para sempre. Então vai ser muito tarde para responder ao Seu chamado. Hoje você tem essa chance. Quem ainda não O recebeu como Salvador está convidado a abrir o coração para Ele. E se o amor para com Ele esfriou, o seu coração pode ser aquecido também.

Temos de reservar um tempo neste fim de ano para analisar em que áreas da nossa vida o Senhor Jesus está do lado de fora. Em outras palavras, em que áreas nos recusamos a passar o controle para o Senhor Jesus? Onde somos independentes? Ter o Senhor Jesus fora da porta já é algo bem grave. E Suas batidas não devem ser ignoradas. Lembre-se que é a bondade de Deus que nos leva ao arrependimento (Romanos 2:4).

“Com ele cearei, e ele comigo.” Que convite extraordinário! A última refeição do dia, feita na quietude e contemplação, é uma expressão da comunhão e do mútuo entendimento. O que o Senhor oferece vai além da imaginação humana.

Apresse-se em abrir a porta o mais rápido possível. Deixe-O entrar e se surpreenda com Ele!

http://devocionalboasemente.blogspot.com.br/

FICA A DICA

Pedro Barbuto: FICA A DICA: Achei bem legais as sugestões do Ed René Kivitz para o ano novo e compartilho com vocês... Sugestões para o Ano Novo #1 Não assuma...


FICA A DICA


Achei bem legais as sugestões do Ed René Kivitz para o ano novo e compartilho com vocês...

Sugestões para o Ano Novo
#1
Não assuma compromissos do tipo “vou iniciar uma dieta”, “vou começar alguma atividade física”, “vou terminar o curso de inglês”. Esse tipo de coisa serve apenas para acumular culpa e frustração sobre os seus ombros.
#2
Não acredite nesse pessoal que diz que “sem meta você não vai a lugar nenhum”. Pergunte a eles por que, afinal de contas, você tem que ir a algum lugar. Trate esses “lugares futuros imaginários” apenas como referência para a maneira como você vive hoje – faça valer a caminhada: se você chegar lá, chegou, se não chegar, não terá do que se arrepender. A felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai.
#3
Não pense que você vai conseguir dar uma guinada na vida apenas mudando o seu visual. É a alegria do coração que dá beleza ao rosto, e não a beleza do rosto que dá alegria ao coração.
#4
Não faça nada que vá levar você para longe das suas amizades verdadeiras. Amizades levam um tempão para se consolidar e um tempinho para esfriar, pois assim como a proximidade gera intimidade, a distância fragiliza os vínculos.
#5
Não fique arrumando desculpas nem explicações para as suas transgressões. Quando cometer um pecado, assuma, e simplesmente diga “fiz sim, me perdoe”. Comece falando com Deus e não pare de falar até que tenha encontrado a última pessoa afetada pelo que você fez.
#6
Não faça nada que cause danos à sua consciência. Ouça todo mundo que você confia, tome as suas decisões, e assuma as responsabilidades. Não se importe em contrariar pessoas que você ama, pois as que também amam você detestariam que você fosse falso com elas ou se anulasse por causa delas.
#7
Não guarde dinheiro sem saber exatamente para que o está guardando. Dinheiro parado apodrece e faz a gente dormir mal. Transforme suas riquezas em benefícios para o maior número de pessoas. É melhor perder o dinheiro que ocupa seu coração, do que o coração que se ocupa do dinheiro.
#8
Não deixe de se olhar no espelho antes de dormir. Caso não goste do que vê, não hesite em perder a noite de sono para planejar o que vai fazer na manhã seguinte. Ao se olhar no espelho ao amanhecer, lembre que com o sol chega também a misericórdia de Deus: a oportunidade de começar tudo de novo.
#9
Não leve mágoas, ressentimentos e amarguras para o ano novo. Leve pessoas. Sendo necessário, perdoe ou peça perdão. Geralmente as duas coisas serão necessárias, pois ninguém está sempre e totalmente certo. Respeite as pessoas que não quiserem fazer a mesma viagem com você.
#10
Não deixe de se perguntar se existe um jeito diferente de viver. Não acredite facilmente que o jeito diferente de viver é necessariamente melhor do que o jeito como você está vivendo. Concentre mais energia em aprender a desfrutar o que tem do que em desejar o que não tem.
#11
Não deixe o trabalho e a religião atrapalharem sua vida. Cante sozinho. Leia poesias em voz alta. Participe de rodas de piada. Não tenha pressa de deixar a mesa após as refeições. Pegue crianças no colo. Ande sem relógio. Fuja dos beatos.
#12
Não enterre seus talentos. Nem que seu único tempo para usá-los seja da meia noite às seis. Ninguém deve passar a vida fazendo o que não gosta, se o preço é deixar de fazer o que sabe. Útil não é quem faz o que os outros acham importante que seja feito, mas quem cumpre sua vocação.
#13
Não crie caso com a mulher ou com o marido. Nem com o pai nem com a mãe. Nem com o irmão nem com a irmã. Caso eles criem com você, faça amor, não faça a guerra. O resto se resolve.
#14
Não jogue fora a utopia. Ninguém consegue viver sem acreditar que outro mundo é possível. Faça o possível e o impossível para que esse outro mundo possível se torne realidade.
#15
Não deixe a monotonia tomar conta do seu pedaço. Ninguém consegue viver sem adrenalina. Preste bastante atenção naquilo que faz você levantar da cama na segunda-feira: se for bom apenas para você, jogue fora ou livre-se disso agora mesmo. Caso não queira levantar da cama na segunda-feira, grite por socorro.
#16
Não deixe de dar bom dia para Deus. Nem boa noite. Mesmo quando o dia não tiver sido bom. Com o tempo você vai descobrir que quem anda com Deus não tem dias ruins, apenas dias difíceis.
#17
Não negligencie o quarto secreto onde você se encontra com seu eu verdadeiro e com Deus – ou vice-versa. Aquele quarto é o centro do mundo – o mundo todo cabe lá dentro, pois na presença de Deus tudo está e tudo é.
#18
Não perca Jesus de vista. Não tente fazer trilhas novas, siga nos passos dEle. O caminho nem sempre será tão confortável e a vista tão agradável, mas os companheiros de viagem são inigualáveis.
#19
Não caia na minha conversa. Aliás, não caia na conversa de ninguém. Faça sua própria lista. Escolha bem seus mestres e suas referências. Examine tudo. Ouça seu coração – geralmente é ali que Deus fala. Misture tudo e leve ao forno.
#20
Não fique esperando que sua lista saia do papel. Coloque o pé na estrada. Caso não saiba por onde começar, não tem problema. O sábio disse ao caminhante que “não há caminho, faz-se caminho ao andar”.

http://pedrobarbuto.blogspot.com.br/

domingo, 30 de dezembro de 2012

CUMPRIMENTO INTEGRAL

Boa Semente: CUMPRIMENTO INTEGRAL: Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir (Mateus 5:17). A vinda do Senhor Jesus a este mu...


Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir (Mateus 5:17).


A vinda do Senhor Jesus a este mundo foi o evento mais maravilhoso que aconteceu na história humana. A própria criação é fantástica, os milagres do Antigo Testamento são fantásticos, mas o fato do próprio Criador ter descido e nascido em obscuridade na cidade de Belém, de uma virgem, é uma maravilha que surpreende e espanta. E muitos ainda têm a ousadia de dizer que isso é mentira.

Por que Ele deixou a glória indescritível para nascer em circunstâncias tão degradantes? Não para introduzir algo contrário ao que o Antigo Testamento havia declarado, mas, como disse no versículo acima, para cumprir a lei e os profetas. Quantas e diversificadas são as profecias diretamente relacionadas ao Senhor Jesus. Em Isaías 53:5-6 está escrito: “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”. Graças a Deus que Ele cumpriu essa profecia perfeitamente no Seu grande sacrifício no Calvário.

Mas como Ele cumpriu a Lei? Certamente não foi pela mera observação da Lei, mas porque a Lei exigia a morte dos que a desobedeciam. Ao invés de reforçar a pena capital sobre os culpados, o Senhor Jesus cumpriu os requisitos da Lei tomando sobre Si a pena de morte destinada a eles, recebendo em Si a sentença que os culpados mereciam. Portanto, Ele não anulou a Lei, mas a honrou, satisfazendo todas as demandas dela para que os que crêem nEle não mais estivessem sob a Lei, mas sob a graça.


sábado, 29 de dezembro de 2012

O QUE PENSAMOS SOBRE A SEGUNDA VINDA DE CRISTO?



A profetisa Ana… não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações, de noite e de dia. E sobrevindo na mesma hora, ela dava graças a Deus, e falava dele a todos os que esperavam a redenção em Jerusalém. (Lucas 2:36-38).

A Bíblia nos diz que o Senhor Jesus veio para os Seus, mas estes não O receberam. Aos que O receberam, lhes deu poder para se tornarem filhos de Deus (João 1:11-12). Na sua velhice, Ana era uma das poucas que esperavam o Salvador, e que acreditava naquilo que estava revelado em Sua Palavra. Ela entendeu que a vinda de Cristo estava próxima. Como profetisa, servia no templo, orando e jejuando e falando de Cristo aos que aguardavam a libertação que Ele traria.

Com a convicção que a Palavra de Deus dá, ela falava dAquele que apareceria a qualquer momento, e – milagre da graça! – viveu para ver o dia no qual a voz anunciou: “Na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (v. 11).

Essa também não deveria ser a atitude dos cristãos de hoje? O Senhor Jesus prometeu: “Virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo” (João 14:3). Em outras palavras, o Senhor Jesus virá de um momento para o outro e levará os que crêem nEle para o céu. Essa não é a melhor mensagem para lembrar os cristãos atuais que Cristo está prestes a vir novamente? Como Ana, muitos de nossa geração ainda viverão para ver esse dia. E melhor que estar vivo, é estar preparado para reconhecê-Lo e para subir com Ele!

http://devocionalboasemente.blogspot.com.br/


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Não vou parar no meio do caminho


  

Não quero mais começar no domingo depois do culto e terminar na segunda ao sair da cama. Não quero mais começar em casa e parar na próxima esquina. Não quero mais prometer mundos e fundos e nada fazer. Não quero emitir cheques sem fundo, como na história do homem que começou a construir uma torre e não a terminou, pois não calculou primeiro o preço para ver se tinha dinheiro necessário para finalizá-la (Lc 14.28-32).
 
É isso mesmo! De hoje em diante, com a ajuda de Deus, vou começar primeiro e terminar depois. Vou dar o primeiro, o segundo, o terceiro, o décimo, o centésimo, o milésimo passo. Vou permitir que o primeiro começo abra o segundo, e este abra o terceiro, e assim sucessivamente, até não haver nenhum outro começo.
 
Anima-me a não mais parar no meio do caminho o exemplo do filho mais novo do fazendeiro rico da parábola de Jesus. Era grande a distância entre o lugar onde ele estava e a fazenda do pai. Era muito grande a diferença entre o chiqueiro dos porcos e a sala do bezerro gordo que o esperava. No entanto, ele se levantou, deu o primeiro passo e todos os demais até chegar e ser abraçado pelo pai (Lc 15.17-20).
 
Anima-me a não parar no meio do caminho o exemplo de Salomão, que começou a construir o templo do Senhor no segundo mês do quarto ano do seu reinado (1Rs 6.1) e no oitavo mês do décimo primeiro ano “o templo foi terminado em todos os seus detalhes” (1Rs 6.38).
 
Anima-me a não parar no meio do caminho o exemplo do rei Josias, que começou a buscar a Deus mais sinceramente no oitavo ano do seu reinado e no décimo segundo ano começou a purificar Judá e Jerusalém dos altares idólatras e a andar nos caminhos de Deus sem desviar-se para a direita nem para a esquerda, até o trigésimo ano do seu reinado, quando morreu (2Cr 34.1-8).
 
Começar é bonito, mas começar e não terminar é muito feio. É melhor não haver o bonito para não haver o feio. Porém, de hoje em diante, com a ajuda de Deus, vou começar e terminar! Vou abraçar o que é bonito e mandar embora o que é feio.
Vou me lembrar sempre daquela passagem de Zacarias que diz: “Os que não deram valor a um começo tão humilde vão ficar alegres quando virem Zorobabel terminando a [re]construção do templo” (Zc 4.10). Este será o meu farol: valorizar tanto o dia dos humildes começos, como o dia da formatura ou da missão cumprida!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O sofrimento como parte da missão

 revista / edicao 337 / o-sofrimento-como-parte-da-missao


Paul Freston

Então começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas.
Marcos 8.31

A primeira metade do Evangelho de Marcos aborda a questão da verdadeira identidade de Jesus. Pedro havia acabado de dar a cabal resposta a essa pergunta: “ele é o Cristo” (8.29). Porém, essa confissão perfeitamente ortodoxa, longe de ser um ponto de chegada, é um ponto de partida para um novo aprofundamento do significado do discipulado.
 
Jesus prediz sua morte. A certeza da incompreensão, rejeição e sofrimento fazia parte da consciência de Jesus. Porém, não é mera previsão (“vai acontecer”), nem tragédia (“infelizmente vai acontecer”) -- é compulsão (“é necessário que aconteça”). Esse sofrimento é parte integral de sua missão. A rejeição será completa; nenhum grupo respeitável da sociedade judaica o aprovará, nem os líderes políticos, nem os religiosos, nem os intelectuais. A profecia segue o roteiro de Isaías 52.13–53.12. O Filho do Homem, a figura gloriosa de Daniel 7 que recebe o domínio mundial, se funde com a figura pisada e humilhada do Servo Sofredor.
 
Porém, a ideia de um Messias sofredor, a mensagem da cruz, encontra o seu primeiro opositor entre os discípulos. Pedro “repreende” Jesus -- a mesma atitude que Jesus tinha com os demônios! Sua mentalidade básica é a mesma que posteriormente prevaleceu no islamismo: seria uma desonra para Deus se o tão ilustre personagem fizesse papel de derrotado. Pedro, o mesmo que acertara brilhantemente o teste de ortodoxia (“tu és o Messias”), agora é chamado de Satanás, pois nele há mecanismos psicológicos que se opõem à plena aceitação de um messias sofredor.
 
Sem dúvida, a forte reação de Jesus se deve ao fato de que as palavras de Pedro encontram “nele próprio” uma base de apoio psicológico, e por isso mesmo representam a recorrência da tentação do deserto. Evitar a cruz (Getsêmani), ser outro tipo de messias, foi a permanente e última tentação de Cristo. Contudo, ele sabe que é uma tentação; Pedro, não. Por isso, Pedro precisa de uma renovação de sua mentalidade (v. 33). “Pensar nas coisas de Deus e não dos homens” (cf. Cl 3.2, “pensar nas coisas lá do alto, não nas da terra”) não significa pensar em assuntos diferentes, mas pensar nos mesmos assuntos com outros olhos. Afinal, o problema de Pedro não é que não esteja pensando num assunto “espiritual” (o Messias), mas que ele pensa segundo critérios inadequados e espiritualmente prejudiciais. Um conceito triunfalista da fé cristã, apesar da ortodoxia de suas confissões, é uma mentalidade humana, “da terra”, que não penetrou o espírito de Cristo.
 
Uma frase recorrente nos Evangelhos é que o discípulo não é maior do que seu mestre. Em muitos contextos diferentes, Jesus nos lembra da normatividade das condições de sua vida. Podemos não passar pelas mesmas coisas que ele passou, mas não podemos exigir que não passemos. Jesus é um Messias sofredor e tem plena consciência disso; e nós somos discípulos “desse tipo de mestre”. Às vezes, uma atitude de reclamação se entrincheira em nós, não porque a nossa vida seja objetivamente pior do que a de todo o mundo, mas simplesmente porque não está totalmente livre de contratempos. Revelamos uma atitude de extrema fragilidade da personalidade, tornando-nos queixosos, desiludidos, espinhosos, incapazes de ver o outro lado.
 
Antes de engrossar o coro de crítica a Pedro pela sua incapacidade de internalizar a ideia de um Messias sofredor, é bom lembrarmos que, pelo menos, ele é franco. Reprova Jesus claramente e não tenta disfarçar seus verdadeiros sentimentos por trás de palavras piedosas. Dificilmente fazemos o mesmo. Nossa inveja, amargura e incapacidade de perdoar provêm de uma queixa inconfessa contra Deus, que reprovamos por não nos tratar como achamos que deveria. Dirigimos às pessoas as queixas que gostaríamos de dirigir a Deus.
 
Todo ressentimento é, no fundo, ressentimento contra Deus. Se estou ressentido é porque me considero realmente prejudicado; Deus falhou, foi incompetente ou indiferente em sua tarefa de me dar a cobertura de sua providência!
Quando o coração se me amargou [...] eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença. (Sl 73.21-22)
 
• Paul Freston, inglês naturalizado brasileiro, é professor colaborador do programa de pós-graduação em sociologia na Universidade Federal de São Carlos e professor catedrático de religião e política em contexto global na Balsillie School of International Affairs e na Wilfrid Laurier University, em Waterloo, Ontário, Canadá.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

É obedecendo que se aprende a obedecer

revista / edicao 337 / e-obedecendo-que-se-aprende-a-obedecer


Valdir Steuernagel
Na hora em que Pedro chegou em casa naquele dia, sua esposa viu que algo extraordinário havia acontecido. Antes mesmo que ele dissesse uma palavra, seu olhar e a expressão do rosto já revelavam que se tratava de algo forte e inusitado. “Você não imagina o que aconteceu!” -- ele foi dizendo. E ela já sabia que isso significava muito mais do que uma boa pescaria. “A pescaria foi um desastre! Mas aí, sabe Jesus, aquele pregador novo sobre o qual andam falando? Quando íamos lavar as redes, todos de mau humor, ele apareceu e nos mandou ir pescar novamente.” “E você foi?” -- ela tentou entrar na conversa. Porém, ele já explicava que, sei lá por que, quando se deu conta, já estava embicando o barco novamente para o lago. “E deu nisso aí!” -- disse, apontando para o cesto cheio. Na verdade, ela nem lembrava quando foi a última vez que ele trouxera tanto peixe bonito para casa. Entretanto, hoje isso nem parecia muito importante. 
 
O mais importante mesmo estava por acontecer. E Pedro continuou, empolgado: “O pregador começou a falar de um outro tipo de pescaria e nos desafiou a andar com ele. Fez até um trocadilho, dizendo que deixaríamos de ser pescadores de peixes para ser pescadores de gente. Depois disse que era importante buscar a grandeza, a realidade e a esperança do reino de Deus...”. E ele, Pedro, mesmo sem entender tudo o que tinha ouvido, ao olhar nos olhos de Jesus percebeu que sua vida estava mudando naquele instante. E agora, olhando nos olhos da mulher, percebia o quanto ela estava assustada. Antes que ele terminasse a história ela já intuía que a vida deles iria sofrer uma reviravolta radical, o que se confirmou quando ouviu o marido dizer: “... e eu já falei para pai arrumar outra pessoa para tocar o barco, pois eu vou me juntar ao grupo que vai andar com Jesus”. “O que foi que você fez?” -- ela ainda balbuciou, enxugando uma lágrima que insistia em molhar seu rosto, em um disfarçado esforço de mostrar aos dois pequenos, agarrados às suas pernas, que estava tudo bem. 
A vocação precisa se materializar em ação! 
Há nos Evangelhos diversos textos que relatam como Jesus chamou um grupo de discípulos para andar com ele. Nesta edição nos detemos em Marcos 3.13-19, onde se vê como o grupo é formado e a vocação delineada. Hoje lemos esses textos com uma naturalidade desconcertante e perdemos de vista não só a novidade do fato como as consequências do chamado de Jesus. Cada um dos que foram chamados tem uma teia de relações à qual precisam voltar e se explicar. Cada um deles tem uma forma de viver, inclusive de sustento familiar, que precisa ser equacionada e reorientada rumo a um futuro que é, ao mesmo tempo, uma promessa e uma incógnita. Pedro é um dos que “arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e o seguiram” (Lc 5.11). A vocação precisa ser colocada em prática. É assim que ela adquire contornos de obediência. 
 
A vida de Pedro e sua família nunca mais foi a mesma depois do encontro com Jesus. Não se sabe exatamente o que aconteceu com eles, mas Paulo diz que Pedro levava a esposa em suas andanças missionárias (1Co 9.5) e a tradição nos conta que ele morreu crucificado em Roma. Segundo o filósofo cristão Orígenes (185-253 a.C.), ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo e foi atendido. Os Evangelhos dão informações significativas sobre ele e mostram como a sua vocação foi se traduzindo em obediência rumo à “plenitude de Cristo”. 
 
Desde o dia em que foi chamado até a crucificação de Jesus, Pedro parece ter brigado com essa vocação e com a forma como Jesus entendia o seu próprio ministério. Mesmo tendo andado com Jesus, foi no contexto da crucificação que ele percebeu claramente o que o Mestre havia dito e proposto fazer, e para quê ele havia sido chamado. É diante da crucificação que ele se depara com a sua maior vulnerabilidade e fraqueza; e é diante do enigma da ressurreição que ele parece sucumbir à tentação de voltar ao seu antigo mundo. Durante todo esse tempo Pedro se revela, ora como um esfuziante seguidor de Jesus, ora como seu questionador. Chorando, vive na cruz a vergonha de havê-lo traído. E, ao olhar para ele, vemos a nós mesmos em nossas “bipolaridades espirituais”, nas quais nos enrolamos nas curvas da nossa obediência vocacional, ora querendo conquistar o mundo para Cristo, ora escondidos nos emaranhados das nossas prioridades, respostas e becos sem saída. 
Mas a história de Pedro não acaba assim. Quando isso parece ter acontecido e ele, acabrunhado, encontra-se novamente com as redes vazias (Jo 21), é Jesus quem vem de novo ao seu encontro. Enche-lhe a rede de peixes, convoca-o novamente para segui-lo e lhe faz uma nova pergunta, que afinal é a pergunta fundamental: “Simão, filho de João, “tu me amas”?” E assim começa um novo capítulo em sua vida. Quando ele balbucia uma resposta e diz “Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo” (Jo 21.17, 18), sabe que nunca mais será o mesmo. Agora o seu vínculo de obediência a Jesus passa pela declaração de amor. Uma declaração de amor que se transforma em obediência pastoral e missionária quando Jesus lhe diz: “Cuida das minhas ovelhas” e “Vai e faze discípulos”. Agora Pedro está vocacionalmente diplomado, pois sabe que ama de fato aquele que o chamou para segui-lo e ser dele. Como diz Walter Wangerin, a obediência é a nossa expressão de amor a Deus. Você sabia disso? 
• Valdir Steuernagel é teólogo sênior da Visão Mundial Internacional. Pastor luterano, é um dos coordenadores da Aliança Cristã Evangélica Brasileira e um dos diretores da Aliança Evangélica Mundial e do Movimento de Lausanne.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Cuidado integral do filho de missionário - um desafio para a igreja

revista / edicao 337 / cuidado-integral-do-filho-de-missionario-um-desafio-para-a-igreja


Jan Greenwood
 
Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá.
Salmo 127.3
 
O cuidado integral do missionário é uma preocupação com o bem-estar emocional, físico, mental e espiritual do missionário. Eles precisam desta atenção especial por causa da situação em que vivem -- uma vida que muitas vezes tem mais dificuldades do que a vida de outras pessoas. 
 
Quando falamos sobre missionários pensamos em cristãos maduros que vão compartilhar a sua fé, que têm um chamado de Deus, uma vocação. Pessoas solteiras, casais e também famílias -- famílias que têm filhos. 
 
Desde o início da história de missões mundiais, casais e famílias têm ido ao campo. Mesmo que as necessidades do filho de missionário tenham sido uma preocupação das famílias missionárias, especialmente das mães, historicamente pouca atenção tem sido dada a ele. Somente nos anos 70, quando o assunto da família cristã tornou-se mais discutido, é que mais atenção foi dada às necessidades peculiares do filho de missionário, com todas as tensões e dificuldades que atravessam:
 
“Estava com medo de vir para cá. A casa era esquisita. Eu estava triste porque eu não sabia a língua.”
 
“O calor é difícil, mas eu gosto de ir nadar no rio para refrescar e tomar guaraná Baré.”
“Estou triste porque minha cachorra não veio.”
 
Ted Ward1 comenta que os problemas dos filhos de missionário não são exclusivos deles. Outras crianças podem ter as mesmas dificuldades. Contudo, elas são acentuadas pelas situações em que os filhos de missionários vivem. Trata-se dos desafios de viver e crescer em um mundo complexo como nômades globais. 
 
Quando pensamos em preparo de famílias para o campo missionário, devemos incluir os  filhos: proporcionar um preparo também para eles e nos preocupar com a sua adaptação à nova situação. Este deve ser um dos focos das agências e escolas de preparo missionário. Porém, cabe também aos pais, familiares, professores e igrejas entenderem como ajudar esses preciosos filhos.
 
Há muitas áreas importantes a serem incluídas em um programa de preparo para filhos de missionários: família e identidade, mudança e amigos, cultura e choque cultural, transição e despedida. Uma adaptação bem-sucedida a uma nova situação tem a ver com quatro pilares: o relacionamento conjugal dos pais; o sentimento de valor da criança; o entendimento do valor do ministério; a fé prática e persistente dos pais, que fornece um exemplo de vida para a criança.
 
E não podemos nos esquecer do papel essencial da oração. Por meio da oração, alcançamos a graça, a misericórdia, o poder e a presença do Deus Todo-Poderoso. Devemos orar pelos filhos de missionários -- por sua preparação, transição e adaptação à nova cultura e, depois, pelo retorno à cultura de origem.
 
Nota
1. WARD, T. ICMKs in perspective: deacons for the 21st century. In: BOWERS, J.M. Raising resilient MKs; resources for caregivers, parents, and teachers. Colorado Springs: Association of Christian Schools International, 1998. p. 3.
 
• Jan Greewood, casada, três filhos e um neto, é coordenadora de pessoal da Interserve Brasil e professora no Centro Evangélico de Missões, em Viçosa, MG.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Trabalho e aflição de espírito

revista / edicao 337 / trabalho-e-aflicao-de-espirito


Marina Silva
 
No segundo turno das eleições presidenciais de 2010, encaminhei aos concorrentes José Serra e Dilma Roussef uma plataforma de políticas públicas que julgava ser o mínimo necessário para que o país tivesse um desenvolvimento economicamente justo, culturalmente diverso, politicamente democrático e ambientalmente sustentável. Pretendia que eles anunciassem compromissos públicos para conquistar os eleitores que votaram em mim no primeiro turno, pois considero que o voto não é propriedade de quem o recebe para que possa transferi-lo como se faz quando se vende uma propriedade. Mais que isso, queria que realmente o mandato de quem vencesse incorporasse aquelas políticas em benefício do país. Eu seria a primeira a reconhecer o mérito, dar apoio e contribuir para que cada um dos programas derivados dessas políticas fosse efetivamente realizado. A então candidata Dilma Roussef endereçou-me uma correspondência em resposta dizendo, entre outras coisas, que se fosse eleita não anistiaria desmatadores e não desprotegeria as áreas de proteção permanente, as APPs. Nessa categoria estão classificadas veredas, beiras de rio, encostas, topos de morro, áreas de nascentes, entorno de lagos e lagoas. Todos precisam de vegetação para que sua integridade seja preservada.
 
No final de maio, a opinião pública brasileira soube o que a agora presidente do Brasil fez com o Código Florestal e com a palavra empenhada. Embora a sociedade brasileira tenha se manifestado, em várias pesquisas, contra o projeto aprovado no Congresso e embora associações de cientistas tenham feito veementes alertas para a necessidade de um debate de qualidade sobre uma lei tão importante para nossa condição de potência ambiental, o resultado da ação da presidente foi lamentável. A base legal que tornou nosso país uma referência internacional em matéria de governança e proteção ambiental foi profundamente corroída.
 
A lei que define topograficamente as APPs é de 1986. Quem as desmatou nesse período cometeu crime e deveria pagar multa e recompor as matas. Os ruralistas fincaram o pé na data de 2008 e conseguiram mais de duas décadas de anistia. As APPs tiveram, com os vetos, várias exceções para sua proteção e redução do número das que não podem ter cultivo. Haverá impacto dessa nova lei na Amazônia, a responsável pelo regime de chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil, as mais populosas e mais utilizadas para produção de alimentos e que serão as mais prejudicadas, pois, segundo pesquisadores, poderão transformar-se em deserto. 
 
A visão imediatista do dinheiro pelo dinheiro e do poder pelo poder que sacrifica os recursos de milhares e milhares de anos pelo lucro de apenas algumas décadas há muito era admoestada por quem, como ninguém, sabia a importância das florestas para garantir estabilidade a qualquer povo: “Quando sitiares uma cidade por muitos dias, pelejando contra ela para a tomar, não destruirás o seu arvoredo, metendo nele o machado, porque dele poderás comer” (Dt 20.19).
 
O Conselho de Segurança Alimentar (CONSEA) declarou que áreas já utilizadas somadas às que estão em repouso podem suprir a necessidade alimentar do país sem investir sobre nenhuma área nova. Isso me remete a passagem de Eclesiastes 4.6: “Melhor é um punhado com tranquilidade do que ambas as mãos cheias com trabalho e vão desejo”.
 
Ao que tudo indica, a opção por encher as duas mãos no curto prazo, em benefício de poucos, nos condena a todos a muito trabalho e aflição de espírito.
 
• Marina Silva é professora de história e ex-senadora pelo PV-AC.

domingo, 23 de dezembro de 2012

O séquito do homem secularizado

revista / edicao 337 / o-sequito-do-homem-secularizado


O séquito do homem secularizado: solidão, vazio, temor, culpa, falta de paz, de amor, de felicidade e de sentido na vida
O secularismo não é um problema recente nem exclusivamente europeu. Na época de Paulo já circulava o ditado: “Comamos e bebamos, pois amanhã morreremos” (1 Co 15.32). Em outras palavras, se Cristo não ressuscitou e não há nenhum alicerce confiável, deixemos de lado o espiritualismo e ingressemos no secularismo (não dediquemos tempo para Deus) e no materialismo (não dediquemos espaço para Deus).
 
Porém, não há como negar que no mundo pós-guerra e, principalmente, na Europa, o secularismo tomou asas e voou mais alto. Esse problema de ordem religiosa foi cuidadosamente estudado no Primeiro Congresso Internacional de Evangelização Mundial, realizado exatamente na Europa, menos de trinta anos depois do final da Segunda Grande Guerra, de 16 a 25 de julho de 1974. Por ter se reunido em Lausanne, na Suíça Francesa, não muito longe de Genebra, o congresso é mais conhecido como Lausanne I. Desse encontro que reuniu 2.700 líderes evangélicos de 150 países, saíram alguns documentos. Um deles chama-se “O Evangelho e o Homem Secularizado”, lançado no Brasil pela ABU Editora. É desse livro que transcrevemos algumas ideias a respeito do tema.
 
“A cultura moderna substituiu Deus como base do comportamento, das decisões e dos valores morais. Deus e seu povo passam a ser irrelevantes para a vida moderna”. 
 
O secularista clássico quer comer, beber e alegrar-se. Para ele “a vida há de ser gozada aqui e agora, pois isso é tudo que há, tudo o que existe. Talvez ele vá um pouco além e dispense Deus e a religião, procurando zelosamente provar a irrelevância de Deus na vida humana e moral”.
 
“As pessoas secularizadas podem parecer ‘religiosas’ em muitas coisas que fazem, mas elas têm seus próprios deuses, como o dinheiro, o sexo, o materialismo, o sucesso, o poder, o ser aceito socialmente ou sua própria filosofia. Considerando que tais deuses são de fabricação humana e não passam de símbolos externos, sua fidelidade ou dependência a eles pode mudar, ao passo que, o tempo todo, permanece a sua fidelidade fundamental a si próprio. Mudando seus símbolos ou revisando seus objetivos, ele tenta evitar a confrontação com a impotência de seus deuses e com sua própria falência pessoal sem Deus”.
 
Secularismo é “um sistema que rejeita todas as formas de fé ou culto religioso e só aceita os fatos e influências derivados da vida presente”. Secularização, por outro lado, “é essencialmente um processo que ocorreu e se acha hoje largamente difundido no mundo ocidental”.
 
“As necessidades que o homem secularizado sente (solidão, vazio, temor, culpa, falta de sentido na vida e busca de paz, amor e felicidade) só serão satisfeitas quando ele tiver seu encontro com Jesus Cristo e comprometer-se pessoalmente com ele”.


sábado, 22 de dezembro de 2012

MUDANÇA DE PLANOS



Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem… E disse: Deixa-me ir… Porém ele [Jacó] disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares… Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste… E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva (Gênesis 32:24, 26, 28, 30).

Não há dúvidas de que Jacó aprendeu uma inesquecível lição em Peniel quando Deus o quebrantou enquanto fazia seus planos, deixando o Senhor fora deles. Deus lhe mostrou que Ele não poderia ser descartado. Seu amor e propósitos não O permitem deixar que continuemos com os projetos de nosso coração, colocando-O à margem. Quebrantado depois daquela noite, Jacó afirma: “Tenho visto a Deus face a face”. Ele realmente aprendeu a lição, mas não estava apto para colocá-la em prática.

É interessante notar que, embora Jacó tivesse recebido um novo nome, quando perguntou o do Senhor, Este não lhe respondeu. Mas o Senhor falou Seu Nome a Abraão e a Isaque, e Se fez conhecido como Deus Todo-poderoso. Jacó não soube Seu Nome naquela ocasião, mas Deus o abençoou ali. Jacó partiu e se estabeleceu em Salém e, ao invés de prosseguir em conhecer o Deus com o qual se encontrara, o patriarca não conseguiu tirar proveito da lição que aprendera. Ela não se tornou algo real no cotidiano dele até que Deus mudou todo o cenário. A vida de Jacó se descontrolou inteiramente, forçando uma mudança imediata para Betel, onde Deus apareceu e, finalmente, lhe revelou Seu nome.

Só ali, em Betel, foi que Jacó começou a entender Deus. Tudo o que havia planejado passou a dar errado. Débora morreu, Raquel morreu, José foi levado para o Egito, a fome veio sobre todo o mundo, e o vemos no fim adorando a Deus. Tudo o que havia nele de Jacó (do velho homem) se fora; agora Israel (o novo homem) se manifestava. Jacó havia passado por um processo radical de transformação, seu coração estava cheio com os pensamentos de Deus, e sua vida serve de exemplo até hoje.
Porém, tudo começou quando ele decidiu afastar Deus de seus planos e projetos. Mas o amor de Deus, que jamais desiste dos Seus, precisou reorganizar as coisas para o bem eterno de seu filho insensato. Isso foi doloroso, porque o coração dele estava muito duro e obstinado. E você? Onde está Deus em sua vida, em seus projetos, em seu cotidiano? Qual o estado do seu coração? Deus não desiste de você, mas até onde Ele terá de ir para o seu bem eterno?

http://devocionalboasemente.blogspot.com.br/


Quando a arrogância é maior que o bom senso

 revista / edicao 337 / quando-a-arrogancia-e-maior-que-o-bom-senso


Antes da Guerra Balcânica (1912–1913), da Primeira Guerra Mundial (1914–1918), da Guerra Civil Espanhola (1936–1939) e da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), a Europa estava muito eufórica, e a euforia é um risco enorme. A Grã-Bretanha tinha grandes possessões nos quatro continentes e era o maior império da história -- a “rainha dos mares” e a “oficina do mundo”. Outros países, como a França e a Alemanha, eram também nações poderosas.
Na passagem do século 19 para o 20, os americanos construíram a metralhadora Maxim (1892), Freud lançou o seu revolucionário “A Interpretação dos Sonhos” (1899) e o dirigível Zeppelin fez o seu voo inaugural (1900).
Nos primeiros trinta anos do novo século, o ser humano gabou-se de muitos sucessos: a radiotransmissão (1901), o primeiro voo motorizado (1903), a teoria da relatividade (1905), a descoberta de vastos campos petrolíferos no Irã (1908), o automóvel que andava a 40 quilômetros por hora (1908), o acesso ao Polo Norte (1909) e ao Polo Sul (1911), a descoberta de Machu Picchu (1911), o lançamento do maior navio do mundo (1912), a abertura do Canal do Panamá (1913), a primeira travessia aérea do Atlântico (1919), a conquista da cidade sagrada de Meca por aquele que seria o primeiro rei da Arábia Saudita (1924), a descoberta de outras galáxias (1925), a primeira demonstração pública da televisão e o primeiro foguete a combustível líquido (1926), o primeiro filme sonoro (1927), o primeiro voo solo de uma mulher (1930) e a inauguração do prédio mais alto do mundo (1931). 
Tudo isso colocou na cabeça dos europeus a ideia de que o mundo havia alcançado a maioridade e não precisava mais de Deus, assim como o filho adulto não precisa mais do pai. Por influência de Friedrich Nietzsche, começou-se a falar no “super-homem” ou no “homem além do homem”. O filósofo alemão, que morreu com a mesma idade de Hitler (56 anos) e quase meio século antes (1900), teve a ousadia de escrever: “Munido de uma tocha cuja luz não treme, levo uma claridade intensa aos subterrâneos do ideal” (Veja Friedrich Nietzsche: o cristianismo promete tudo, mas não faz nada!).
A soberba é um perigo terrível. Ela é sempre e invariavelmente destruída. O mestre em administração de negócios pela Vanderbilt University, nos Estados Unidos, e presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, ao escrever sobre o centenário do naufrágio do Titanic, lembra que “a arrogância nunca deve subjugar o bom senso” e aconselha: “A humildade é sempre boa conselheira, mesmo quando a autossegurança resulta de grande experiência ou baseia-se no uso de avançada tecnologia” (“Folha de São Paulo”, 15/05/2012).
O afundamento do Titanic aconteceu dois anos antes da Primeira Guerra Mundial e 24 anos antes da Segunda. Quando o navio ficou pronto, uma multidão de cem mil pessoas comemorou o evento. Era um momento de grande expectativa para a humanidade. Diziam que ele era “inafundável”. Porém, na madrugada de 15 de abril de 1912, em sua primeira viagem, um “iceberg” nem sequer perfurou o navio, apenas raspou o seu casco, deslocando placas de metal, e, no intervalo entre elas, abriu-se caminho para a água. Em poucos minutos, o “inafundável” começou a afundar e partiu-se ao meio. As duas partes (a popa e a proa) do “maior transatlântico” do mundo pousaram no fundo do mar a 600 metros de distância uma da outra, a uma profundidade de 3.965 metros. Porque o bom senso foi menor do que a arrogância, não havia escaleres suficientes no navio nem o comandante deu atenção aos sete alertas sobre “icebergs”.
Não é temerário relacionar o naufrágio do “inafundável” com o naufrágio do propagado Reich dos Mil Anos, que durou apenas doze -- de 30 de janeiro de 1933 (quando Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha) a 30 de abril de 1945 (quando ele cometeu suicídio). “O homem que sonhara construir o Reich dos Mil Anos” -- explica J. M. Roberts -- “só conseguiu provocar a destruição física de sua pátria”. Estima-se em quase 3 milhões a quantidade de alemães mortos na guerra e em mais de 5 milhões os feridos por causa da arrogância da Alemanha nazista. Uma arrogância não só desse país, mas de toda a Europa. A propagada raça superior, a tal “Alemanha eterna” e o anunciado milênio de glória e estabilidade -- o vento levou. O altar onde Hitler se assentava por conta própria e por conta dos seus adoradores desapareceu para sempre (assim se espera). As igrejas foram seriamente atingidas, mas não destruídas. Antes de elas serem destruídas, Hitler o foi.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

MARCAS DOS CRISTÃOS

Boa Semente: MARCAS DOS CRISTÃOS: Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor (João 15:9). A primeira grande marca do conjunto dos cristão...





Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor (João 15:9).

A primeira grande marca do conjunto dos cristãos, ainda que invisível, é que todos foram amados pelo Senhor, e o desejo de Seu coração é que Seus filhos andem no cumprimento desse amor, respondendo assim às palavras: “Permanecei no meu amor”. O Senhor dá o amor do Pai por Ele como medida e padrão de Seu amor pelos crentes. O Senhor fala, não do amor do Pai pelo Filho na eternidade, mas do amor do Pai pelo Filho encarnado, ou seja, do Senhor Jesus como homem. Esse era um amor que penetrou em todas as dores de Seu caminho, em todas as inimizades que enfrentou, e nos sofrimentos que teve de encarar. Da mesma maneira somos amados por Cristo com um amor que penetra em nossas provações, tem compaixão por nossas dores, e, em nosso caso, nos ajuda com nossos fracassos, e restaura a alma quando nos afastamos dEle. Não importa o que enfrentemos, é certo que podemos contar com o amor que jamais muda e continuará até depois do fim. Temos de ter consciência plena desse amor.

A exortação para permanecer em Seu amor leva à segunda grande marca, essa por sua vez visível, que o Senhor deseja encontrar nos cristãos. Ele quer que Seu povo seja caracterizado pela obediência à Sua Palavra. “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor” (v. 10). O amor de Cristo se baseia no caminho da obediência, e brilha na vereda de Suas ordenanças. O guardar Seus mandamentos não cria o amor, assim como andar em lugares ensolarados não cria a luz do sol. Consequentemente, a exortação é não buscar merecer ou obter amor, mas permanecer nele por meio de um andar que honre o Senhor.

Os semeadores do trigo e os semeadores do joio - um atrás do outro

 revista / edicao 337 / os-semeadores-do-trigo-e-os-semeadores-do-joio-um-atras-do-outro


A palavra de Jesus tem de ser levada a sério. Ele é o Senhor da seara e o Senhor da Igreja. Ele conhece o passado, o presente e o futuro. Conhece a serpente de Gênesis e o dragão de Apocalipse.
 
A certa altura de seu ministério terreno, Jesus entrou em um barco à margem do lago da Galileia, sentou-se e contou a parábola do joio. Nessa parábola, ele denuncia o inimigo sem nome que se aproveita do sono daqueles que de dia semearam o trigo. O inimigo semeia no mesmo campo outra semente, a semente do joio, cuja planta não produz nada prestável, senão lenha para o fogo. Por meio desta pequena e simples parábola, Jesus explica como será a história do anúncio do evangelho. Enquanto o tempo da parúsia não chegar, haverá sempre duas semeaduras praticamente simultâneas: a semeadura da boa semente (o trigo) e a semeadura da dúvida, dos equívocos e da confusão (o joio). Jesus queria que todos soubessem disso e interpretassem a história do cristianismo por esse prisma.
 
Excelentes semeadores do trigo, a começar por Paulo, espalharam a boa semente em todo o continente europeu -- da Península Ibérica ao mar Cáspio e dos países mediterrâneos aos nórdicos. E se a Europa hoje está cheia de templos cristãos que já não são usados para louvor e adoração, mas para atrair turistas, isso se dá, em última instância, porque excelentes semeadores do joio seguiram o rastro e o itinerário dos semeadores do trigo e depositaram no campo a má semente.
 
Os semeadores do trigo são aqueles que pregam o evangelho puro e simples. Aqueles que espalham as boas notícias em torno do nome de Jesus. Aqueles que não escondem nem omitem a eternidade de Jesus (“o Verbo estava no princípio com Deus” e “sem ele nada do que foi feito se fez”), o nascimento virginal de Jesus (“O Verbo se fez carne”), a morte vicária de Jesus (“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”), a ressurreição de Jesus (“Não era possível que ele fosse retido pela morte”), o triunfo de Jesus (“Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome para que diante dele se dobre todo joelho e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor”) e a volta de Jesus (“Todos verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória”) (Jo 1.1, 29; At 2.24; Fp 2.9-11; Mt 24.30).
 
Os semeadores do joio são aqueles que negam que Jesus é o Cristo divino (1Jo 2.22). Aqueles que diminuem a glória e o poder do Criador e aumentam a glória e o poder da criatura. Aqueles que tiram Deus do centro e do altar para se colocarem ali. Aqueles que humanizam a pessoa divina e divinizam a pessoa humana. Aqueles que despem o ser humano do seu conteúdo metafísico espiritual e contemplativo e o deixam em um vazio insuportável. Aqueles que cavam cisternas rachadas e enchem de terra os rios de água viva. Aqueles que constroem uma antropologia secular, uma hamartiologia secular, uma cristologia secular, uma soteriologia secular e uma escatologia secular. Aqueles que pregam uma liberdade sem sabedoria, sem virtude e sem Deus. Aqueles que apresentam um Deus sem ira, um homem sem pecado, um reino sem julgamento e um Cristo sem cruz, como denunciou o teólogo H. Richard Niebuhr (1894–1962).
 
Graças a esses semeadores do joio, o ideal de cristandade que havia predominado na Europa por quase um milênio e meio tem arrefecido. No auge da Revolução Francesa (1789–1799), a Catedral de Notre Dame recebeu um novo nome: Templo da Razão. Pouco tempo depois, em menos de trinta anos, duas biografias de Jesus questionaram o Jesus da Bíblia: em 1835 foi a vez de “Leben Jesu”, do alemão David Strauss 
(1808–1874) e em 1863, de “La vie de Jésus”, do francês Ernest Renan (1823–1892).
 
A nota alvissareira é que, no auge dessa confusão, o pouco conhecido semeador do trigo Edward Perronet (morto em 1792) publicou, em abril de 1780, na revista “Gospel Magazine”, o hino talvez mais solene sobre a glória devida a Jesus:
 
Saudai o nome de Jesus! / Arcanjos, adorai!
Ao rei que se humilhou na cruz / Com glória coroai!
 
Ó, escolhida geração / De Deus, o eterno Pai,
Ao grande autor da salvação / Com glória coroai!
 
Remidos todos, com fervor, / Louvores entoai!
Ao que da morte é vencedor / Com glória coroai!
 
Ó, raças, povos e nações / Ao rei divino honrai!
A quem quebrou os vis grilhões / Com glória coroai!