quinta-feira, 31 de maio de 2012

GENTE EFICIENTE


Como podemos esperar uma colheita de boas atitudes vindas daqueles em que não foram – neles - plantadas as sementes de um bom caráter?   Henry David Thoreau
Gente eficiente não tem menos desapontamentos que as outras pessoas. Na realidade, eles até tem mais. A diferença é que pessoas eficientes não permitem que os desapontamentos as neutralizem. 

Quando vier o desapontamento, permita-se desapontar… e siga em frente! Quando uma interrupção surgir em seu caminho, lide com ela e… siga em frente! Se você tentar tirar os desapontamentos e as interrupções da sua frente, mas sem antes resolvê-los, eles vão continuar a persegui-lo. 

Todos os dias, vão surgir surpresas negativas. Você pode usar cada uma delas como desculpa para justificar-se porque você não está fazendo progresso. Ou você pode transformar cada uma delas numa positiva experiência ao, rapidamente, lidar com elas e… seguir em frente! É aqui que está a diferença entre colecionar desculpas e ser recipiente de fantásticas realizações. Essa é a rotineira maneira de viver de gente realmente eficiente.
Nélio DaSilva

Para Meditação:
Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus.  Filipenses 3:13-14


Jesus no “Livro das Coisas Melhores”


revista / edicao 335 / jesus-no-livro-das-coisas-melhores

A Epístola aos Hebreus, escrita antes da destruição de Jerusalém, no ano 70, é endereçada não a uma igreja ou a uma pessoa, mas “aos hebreus”, cristãos de origem judaica da diáspora.

Foi escrita por alguém que conhecia bem o Antigo Testamento, talvez Paulo, Barnabé ou Apolo. Outros nomes cotados seriam Lucas, Priscila, Silas e Epafras.

Essa epístola, a terceira maior das 21 epístolas (junto com a de 2 Coríntios), “podia ser chamada o ‘Livro das Coisas Melhores’, visto que as duas palavras gregas traduzidas por ‘melhor’ e ‘superior’ ocorrem quinze vezes na carta”.1 Fala-se em uma melhor aliança, em um melhor santuário e em um melhor sacrifício.

O tema é a total supremacia e suficiência de Cristo. O autor tinha em vista dois sérios perigos: o retorno dos hebreus ao judaísmo ou a tentativa deles de judaizarem o evangelho. O capítulo mais conhecido (talvez o único) é o capítulo onze, que enumera os heróis da fé.
Logo no início, no primeiro capítulo, há algumas referências à proeminência de Jesus. A NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) chama-o de Filho por sete vezes.

Jesus é o porta-voz de Deus: “Antigamente, por meio dos profetas, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados, mas nestes últimos tempos ele nos falou por meio do seu Filho” (v. 2).

Jesus é o dono de tudo: “Foi ele quem Deus escolheu para possuir todas as coisas” (v. 2 ).

Jesus é o criador do universo: “Foi por meio dele que Deus criou o universo” (v. 2).

Jesus é o próprio Deus: “O Filho é a perfeita semelhança do próprio Deus” [a expressão exata de seu ser] (v. 3).

Jesus é o sustentador de tudo: “Ele sustenta o universo com a sua palavra poderosa” (v. 3).

Jesus é o purificador do pecado: “Depois de ter purificado os seres humanos de seus pecados, sentou-se no céu, do lado direito de Deus, o Todo-poderoso” (v. 3).

Jesus é superior aos anjos: “Deus fez com que o Filho fosse superior aos anjos e lhe deu um nome que é superior ao nome deles” (v. 4).

Jesus é o enviado de Deus: “Quando Deus enviou ao mundo o seu primeiro Filho, ele disse: ‘Que todos os anjos o adorem’” (v. 6).

Jesus é o soberano Senhor: “Sente-se do meu lado direito, até que eu ponha os seus inimigos como estrado dos seus pés” (v. 13).

Nota
1. Bíblia de Estudo NVI


quarta-feira, 30 de maio de 2012

A cruz cravejada de notas de débito


revista / edicao 335 / a-cruz-cravejada-de-notas-de-debito


O que Deus perdoou?
Todos os nossos pecados
Todas as nossas falhas
Todos os nossos deslizes

O que Deus fez?
Aboliu, anulou, apagou
Cancelou, deixou de lado, destruiu
Eliminou, fez desaparecer, reduziu a nada
Removeu, riscou, suprimiu

O que Deus cancelou?
O documento contrário a nós
A condenação que pesava sobre nós
O título da dívida que havia contra nós
O documento manuscrito que era contra nós
O comprovante da nossa dívida

Que fim Deus deu ao título de dívida?
Depois de anular
Depois de cancelar
Depois de remover
Depois de riscar
Deus encravou tudo na cruz!

Fonte: Colossenses 2.14 em diferentes versões



terça-feira, 29 de maio de 2012

Em Cristo não somos caloteiros


 revista / edicao 335 / em-cristo-nao-somos-caloteiros

Em poucas palavras, o teólogo brasileiro Alfredo Borges Teixeira (1878–1975) explica o sacrifício vicário do Filho unigênito de Deus: “A Jesus foram imputados os pecados dos homens e aos homens foi imputada a justiça de Jesus”.

Há uma dupla transferência: a culpa pelos nossos pecados do passado, do presente e do futuro passa para Jesus e a justiça dele é transmitida a nós. Há uma substituição: Jesus recebe em nosso lugar a justa retribuição que nossos pecados merecem. O resultado é a eliminação definitiva e irrevogável da nossa culpa pelo cumprimento da punição que ela merece. Esse gesto de maravilhosa graça proporciona a libertação da culpa do pecado. Quando o pecador conhece e aceita a oferta de salvação, é salvo e deixa de ser réu.

O livramento, embora planejado antes da fundação do mundo (1Pe 1.20) e da queda do homem e anunciado progressivamente no Antigo Testamento, se concretiza na Sexta-Feira da Paixão, entre o meio-dia e as três horas da tarde, em uma colina fora dos muros de Jerusalém, chamada de Lugar da Caveira, Calvário ou Gólgota (em aramaico). Entre os acontecimentos misteriosos e aterrorizantes que se deram durante ou logo após a crucificação de Jesus (escuridão, tremor de terra e abertura de túmulos, dos quais saíram alguns mortos), o mais significativo foi o rompimento do véu do templo, que se rasgou de cima a baixo (Mt 27.51). Este sinal demonstra o sucesso do sacrifício expiatório de Jesus e confirma todos os seus sete “Eu sou”, notadamente, o “Eu sou a porta” (Jo 10.7), “Eu sou o bom pastor” (Jo 10.14) e “Eu sou o caminho” (Jo 14.6).

Por causa da morte vicária, João Batista apresenta Jesus como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29); o apóstolo João assevera que “o sangue de Jesus, o seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1.7); e Paulo garante que Deus perdoou todos os pecados e “riscou essa condenação que pesava sobre as nossas cabeças, anulando-a completamente e pregando-a na cruz sobre a sua própria cabeça” (Cl 2.14).

O fato é que para livrar o pecador da culpa, da dívida, da vergonha, do fardo -- o Cordeiro de Deus assumiu consciente e voluntariamente a culpa, a dívida, a vergonha e o fardo do pecador contrito e sofreu o castigo que era dele.

O complicado cerimonial provisório do Antigo Testamento perdeu o valor por um sacrifício melhor, perfeito e único. Porque o sangue de touros e bodes não pôde, de modo algum, tirar os pecados de ninguém. Jesus, ao entrar na história, declara: “Estou aqui, ó Deus, para fazer a tua vontade”. E porque Jesus Cristo fez o que Deus quis, nós somos purificados do pecado, por meio da oferta de seu corpo uma vez por todas (Hb 10.5-14).

Para ser salvo sem a obra vicária de Cristo, o ser humano precisaria obedecer à lei de Deus sem nem um deslize sequer, o que nunca aconteceria. Ou, então, pagar a dívida contraída pela desobediência, o que ninguém conseguiria nem nesta vida nem nas chamadas reencarnações. Deus não aceita boas obras como pagamento da dívida. A única solução está na obediência ativa e passiva à lei divina, que Cristo realizou no lugar do pecador.

Alfredo Borges Teixeira explica que a obediência “ativa” de Cristo consiste no fato de ele nunca ter pecado e a obediência “passiva” de Cristo consiste no fato de Jesus ter sido obediente até a morte vicária, por meio da qual a cortina que separava o absolutamente santo do absolutamente pecador se rasgou. Essa obediência é o cobertor da salvação, ou o manto da justiça, com o qual fomos eficazmente cobertos. Em Cristo não somos mais caloteiros!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

presença ontem dia 27.05.12


SEUS OLHOS


Tudo aquilo que você experimenta; tudo que acontece com você é meramente um reflexo da sua necessidade de ajustes.   Meg Peterson

Você pode ver a vida ou como uma série de mazelas, eventos cruéis que o impulsionam numa direção extremamente difícil e rápida demais, ou encará-la como um processo de mudança e crescimento, ao qual você precisa se ajustar. 

Você pode ver as pessoas como frias, calculistas e impiedosas, ou vê-las como crianças inseguras que buscam desesperadamente um encontro com Deus e consigo mesmas. Você pode encarar os problemas como situações contra as quais você terá de lutar, ou interpretá-los como oportunidades que se descortinam para um novo e exuberante caminho. Você pode se ver a si mesmo como uma pessoa desesperançada, uma vítima sem defesa, ou como um diamante bruto, em pleno processo de transformação. 

Aquilo que você vê certamente irá determinar a sua experiência. Na realidade, o que você experimenta é um reflexo da sua necessidade de aprender. E o que você precisa aprender irá aparecer na sua vida como aquela experiência que lhe dará a oportunidade de demonstrar uma nova atitude.
Nélio DaSilva

Para Meditação:
São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso.  Mateus 6:22


Jesus é o único a fazer o que fez


 revista / edicao 335 / jesus-e-o-unico-a-fazer-o-que-fez

Na noite em que foi traído e instituiu a Santa Ceia, em uma reunião reservada, em certo cenáculo de Jerusalém, Jesus se abriu com os discípulos: “Se eu não tivesse realizado obras que ninguém mais fez, [aqueles que me viram ou ouviram] não seriam considerados culpados. Mas agora, eles as viram, e mesmo assim odeiam a mim e ao meu Pai” (Jo 15.24). 

Ele é o único a fazer o que fez. Além dele, quem mais...
andou sobre o mar? 
com uma só ordem fez parar o vento, os relâmpagos, os trovões e a tempestade do mar? 
com uma só palavra fez secar uma figueira? 
transformou 600 litros de água em vinho da melhor qualidade? 
multiplicou cinco pães e dois peixes para satisfazer mais de 5 mil estômagos e ainda fez sobrar doze cestos? 
cura toda sorte de doenças, desde uma simples febre até um paralítico de nascença? 
é capaz de reimplantar, fora de um centro cirúrgico, uma orelha decepada? 
consegue parar um cortejo fúnebre e ordenar ao morto que saia do caixão? 
tem poder para fazer viver outra vez um morto já sepultado e em estado de putrefação? 
no tempo e no espaço torna a viver, por seu próprio poder, e abandona o túmulo por conta própria?

Porém, a unicidade de Jesus vai além disso. Quem mais...
amou como ele amou? 
falou com tanta autoridade como ele? 
perdoou como ele? 
sofreu como ele? 
se deu aos outros como ele? 
suportou desafios, escárnios e injustiça como ele? 
deu a vida como oferta pelo pecado como ele? 
é imatável como ele? 
derramou voluntariamente a alma na morte como ele? 
proferiu palavras tão duras sem pecar como ele? 
não se apegou aos seus direitos como ele? 
se esvaziou como ele? 
se humilhou sendo obediente até a morte e morte de cruz?

A unicidade de Jesus continua. Quem afinal é...
o pão da vida? 
a luz do mundo? 
o bom pastor? 
a ressurreição e a vida? 
o caminho, a verdade e a vida? 
a videira verdadeira? 
o único mediador entre Deus e os homens? 
o nosso intercessor junto ao Pai em caso de pecado e culpa?
a propiciação pelos nossos pecados?
São até aqui 32 interrogações a respeito da unicidade de Jesus. Outras poderiam ser formuladas. O que importa é que todas têm uma só resposta: Jesus Cristo!


domingo, 27 de maio de 2012

A desinformação da infância e da adolescência


Editado por Rev. Giovanni Alecrim Última atualização em Sexta, 30 Março 2012 10:39


Chequei em casa no final da tarde, depois de um dia de trabalho, e encontrei meu filho mais velho com o seu notebook de um ano e meio de uso, todo desmontado em cima da mesa. Perguntei assustado: “O que você está fazendo, menino?” Ele, sem levantar os olhos, respondeu com toda calma: “Vou pintar meu notebook!” Com semblante de preocupação e cara de assustado retruquei: “Quem disse que é possível pintar um notebook?” “Pai, na internet você acha de tudo”, me respondeu secamente. Na rede, ele achou um vídeo que ensinava, passo a passo, todo o processo para desmontar, pintar e montar um notebook. Seguiu a todas as orientações e obteve êxito no seu propósito de dar uma nova face ao seu “note”. Meu filho tinha razão. Na rede mundial de computadores, você encontra todo tipo de informação, tanto as que informam como as que desinformam.


A palavra informar vem do latim “informare”, plavra composta por “in”, prefixo com a idéia de movimento para dentro, e “formare” que significa formar. Daí a idéia de modelar, dar forma, formar uma idéia de algo. Ao usar a expressão criança informada, expressamos a idéia de que os saberes e conhecimentos que a criança e o adolescente incorporam contribuem para sua formação. Mas também saberes e conhecimentos excessivos ou inadequados podem contribuir para a desinformação. Mesmo não havendo internet no período bíblico, encontramos no livro sagrado exemplos de informação e desinformação de crianças e adolescentes. Um deles é bastante constrangedor para nós que vivemos no século XXI. Está registrado no 2º Livro dos Reis e narra a viagem de Eliseu de Jericó para Betel. Na estrada, alguns jovens zombaram dele, chamado-o de careca. Ele olhou para os meninos e os amaldiçoou. Duas ursas apareceram e mataram 42 deles (2Rs 2.23-24). Esses meninos eram desinformados. Não tinham as informações adequadas sobre o profeta, sobre o temor do Senhor ou receberam informações geradoras do desrespeito e da falta de temor para com o profeta de Deus. No mesmo livro, encontramos o registro da história de uma menina que o exército da Síria prendeu. Ela foi feita escrava na casa da mulher de Naamã, comandante do Exército. Ao saber do grave problema de saúde do comandante, ela disse à patroa: “Eu gostaria que o meu patrão fosse falar com o profeta que mora em Samaria, pois ele o curaria da sua doença”. Com base nessa informação, o rei da Síria enviou Naamã para Samaria. Depois de alguns desencontros, o comandante sírio resolveu obedecer às orientações do profeta Eliseu e se banhou no rio Jordão, sendo curado da lepra (2Rs 5.1-19). Essa menina era bem informada. Havia recebido todas as informações adequadas para a sua idade sobre Deus e sobre os seus profetas. Usou estas informações para o benefício de outra pessoa e para testemunhar a sua fé.


Os exemplos bíblicos são importantes para colocar pais e educadores em alerta. A internet está cada vez mais presente na vida das pessoas, principalmente das crianças e adolescentes. Eles têm na rede um ótimo local para aprender, se divertir, bater papo com os amigos da escola e simplesmente relaxar e explorar. Como vivemos em uma sociedade marcada pela violência, a internet toma lugar das brincadeiras de rua, do passeio de bicicleta, da ida na praia, da visita a um coleguinha. Para os pais, ficar em casa é muito mais seguro. Mas, assim como no mundo real, a rede pode ser perigosa para as crianças. Pode ser uma janela para toda sorte de perigo que imaginamos estar do lado de fora da casa.


Por esta razão, é importante estabelecer uma estratégia para filtrar as informações e evitar aquelas que são inadequadas ao desenvolvimento das crianças e adolescentes. Existem no mercado vários programas de bloqueio que os pais podem usar para controlar os sites visitados pelos seus filhos. Porém, a opinião dos especialistas é que, por melhor que seja o software, ele não será capaz de bloquear os milhares de sites existentes na rede. Daí a necessidade de saber com quem as crianças e adolescentes se relacionam, que sites visitam. Além disso, é necessário estipular um tempo limite de uso do micro, durante a semana e nos finais de semana. Isso é importante para que as crianças não fiquem expostas a excessos de informações, deixando de fazer outras atividades mais socializantes e menos solitárias.
Antes de permitir que seu filho permaneça online sem a sua supervisão, use o diálogo e o bom senso para estabelecer regras de segurança. Estimule seus filhos a compartilhar com você suas experiências com a internet. Se eles necessitarem de um login, ajude-os a criar um nome que não revele nenhuma informação pessoal sobre eles. A criança tem muita facilidade em acreditar que tudo que está na internet é verdadeiro. Ensine seus filhos como a rede funciona e explique que qualquer um pode criar um site, sem que ninguém lhe pergunte nada. Ensine-os também a usar vários recursos de informação e a verificar, questionar e confirmar o que encontram online. Ensine-os, sobretudo, que a diferença entre certo e errado na internet é a mesma da vida real.


Assim como meu filho encontrou uma orientação para desmontar, pintar e montar seu notebook, ele poderia ter acesso a outras informações. Qualquer pessoa pode obter na internet orientações seguras de como construir um coquetel molotov, uma bomba caseira, de como usar uma arma, atirar com um fuzil ou carregar um revólver. Além dessas, há muitas outras de todos os matizes ideológicos, políticos, religiosos e morais. São informações totalmente inadequadas para pessoas em processo de formação física, intelectual e emocional.


Para o bem das crianças e adolescentes, é muito importante que pais e responsáveis controlem o acesso à enorme quantidade de informações disponíveis na internet. Não havendo esse controle, o acesso à rede irá contribuir para a desinformação e não formação de crianças e adolescentes.


O Rev. Ezequiel Luz é pastor da Congregação Presbiterial de Dourados, MS


www.ipib.org

sábado, 26 de maio de 2012

CONVITE PARA O CULTO DIA 27 DE MAIO


IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DA LAPA
“ Pela Coroa Real do Salvador”
                   Sucessora da
IGREJA CRISTÃ REFORMADA DO BRASIL

“Se Deus é por nós quem será contra nós?”
Praça Janos Apostol na Rua Domingos Rodrigues, 306
Lapa – São Paulo – Tel.(011) 8560-3288
        

                       
                        C O N V I T E


Convidamos V.Sa. e Família para o Culto de Adoração a Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Nesta  ocasião, sentaremos à Mesa do Senhor, para juntos partirmos do Pão e beber do Cálice do Senhor. Logo após o Culto, haverá  pose para uma foto com o melhor sorriso de cada um e a alegria que nosso Senhor coloca em nossos corações.

Vamos nos aproximar do altar do Senhor com fé que é agradável ao nosso Senhor e ouvir a Palavra de Deus que nos faz recordar as ricas promessas e bênçãos ainda hoje acessíveis e possíveis àquele que crê.

DATA : 27 DE MAIO            HORÁRIO: 10H00

LOCAL : Praça Janos Apostol na Rua Domingos Rodrigues, 306 – Lapa

                        Salmo 91.1-10:

1 – O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente
2 – diz ao Senhor : Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.
3 – Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa.
4 – Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estará seguro; a sua verdade é pavês e escudo.
5 – Não te assustará do terror noturno, nem da seta que voa de dia,
6 – nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
7 – Caiam mil ao teu lado, e dez, à tua direita; tu não serás atingido.
8 – Somente com os teus olhos contemplarás e verás o castigo dos ímpios.
9 – Pois disseste : O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada.
10 – Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda.

Pelo Conselho da igreja


                        Pastor Orlando M.Nakamura


Álcool e direção


Editado por Rev. Giovanni Alecrim Última atualização em Terça, 17 Abril 2012 12:52


Notícias de acidentes de trânsito com vítimas fatais envolvendo o uso de álcool são freqüentes. Mas, apesar de a maioria da população saber da relação entre as altas taxas de mortalidade no trânsito e o consumo dessa substância, ainda persistem muitas dúvidas sobre o uso de álcool por motoristas, principalmente sobre seus efeitos no organismo e os riscos que se corre ao dirigir embriagado.


A destreza e outras habilidades necessárias para direção, como a tomada de decisões, são prejudicadas muito antes dos sinais físicos da embriaguez começaram a aparecer. Isso porque, já nos primeiros goles, o álcool atua como estimulante e pode deixar as pessoas temporariamente como uma sensação de excitação.


No entanto, as inibições e a capacidade de julgamento são rapidamente afetadas, aumentando a probabilidade de se tomar decisões equivocadas. O tempo de reação e reflexos também sofre alterações, comprometendo ainda mais as habilidades necessárias para o ato de dirigir. Em altas doses, a bebida alcoólica pode também causar sonolência ou até mesmo ocasionar a perda da consciência ao volante. A demora em compilar dados e a forma como são notificadas até mesmo pelos estados e municípios comprometem o resultado final das estatísticas.


Por exemplo, o número oficial de mortos no Brasil vítimas de acidentes de trânsito não passa dos 35.000 por ano, porém sabe-se que são contados apenas aqueles que morrem no local do acidente, pois não há um acompanhamento. Mesmo que a vítima morra na ambulância a caminho do hospital, ela não será contabilizada. Muitos acreditam que esse número passe dos 50.000 mortos por ano.


“Estudo patrocinado pelo Ministério da Saúde analisa a associação entre o consumo de álcool e os acidentes de trânsito nas cinco regiões brasileiras. Pesquisa inédita desenvolvida pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) em parceria com o Centro de Prevenção às Dependências (CPD) e patrocínio do Ministério da Saúde e Prefeitura do Recife, aponta a existência de fatores ‘invisíveis’ que contribuem para os altos índices de acidente de trânsito do País. Desenvolvido em seis capitais brasileiras (Recife, Manaus, Fortaleza, Brasília, São Paulo e Curitiba), o estudo mostra que pedestres ciclistas e passageiros também são responsáveis pelos acidentes de trânsito e alerta para a necessidade de políticas públicas de educação voltadas a esses outros agentes, desconstruindo a idéia de que apenas os condutores dos veículos são responsáveis pelos acidentes e, portanto, devem ser alvos de campanhas educativas e medidas punitivas pelo estado.Intitulada ‘Consumo de Álcool e os acidentes de trânsito’, a pesquisa foi divulgada durante o lançamento do Pacto Nacional pela Redução de Acidentes no Trânsito – Pacto pela Vida, no Ministério das Cidades, em Brasília. O evento, promovido pelo Ministério da Saúde e Ministério das Cidades, marca o compromisso brasileiro com o Plano da Década de Ação de Segurança no Trânsito 2011-2020, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


De acordo com a coordenadora geral da pesquisa, Ana Glória Melcop, é um equívoco pensar o consumo de álcool apenas sob a perspectiva dos condutores de veículos. No estudo - que analisou 1.248 vítimas de acidentes de trânsito nas seis capitais selecionadas, contemplando as cinco Regiões do País - o atropelamento apresentou a segunda maior freqüência entre os acidentes registrados em Manaus, Brasília e São Paulo; enquanto no Recife e em Curitiba, a queda foi a segunda forma de acidente mais freqüente. Nas faixas etárias mais extremas, o atropelamento foi o acidente mais freqüente, atingindo cerca de 52% das vítimas com 60 e mais anos e 47% das vítimas com idade até 9 anos. A legislação brasileira atual está correta em punir severamente os motoristas que dirigem com determinado nível de alcoolemia. Entretanto, é necessário considerar os outros atores do trânsito pedestres, ciclistas e passageiros que, sob efeito do álcool, arriscam igualmente as suas vidas nas vias públicas.


O atropelamento é uma das principais causas de morte no trânsito e, na maioria das vezes, é o pedestre que está alcoolizado e se coloca em situação de risco por não ter condição de avaliar a distância e a velocidade dos veículos, e também pela falta de equipamentos de segurança e de orientação adequada", observa Melcop.


Para realizar o estudo, pesquisadores ficaram de plantão durante sete dias, em 2008, nos principais serviços de emergência e nos Institutos Médicos Legais (IMLs) das seis cidades selecionadas, escolhidas por apresentarem os maiores números absolutos de acidentes de trânsito nas suas respectivas regiões, segundo dados do Ministério das Cidades. Embora o tipo de acidente predominante na pesquisa para o conjunto das cidades tenha sido a colisão (34,1%), os altos índices de queda (21,7%) e atropelamento (20,5%) chamaram atenção dos pesquisadores para a atual negligência em relação a esses agentes.


“A Lei Seca foi um passo essencial e vem salvando muitas vidas. Mas é preciso mais. Precisamos pensar em novas estratégias, pois ainda há muitas pessoas se ferindo e morrendo por causa da bebida no trânsito”, afirma Melcop.


Além de identificar esses fatores até então tidos como de pouca influência no número geral dos acidentes de trânsito, e a necessidade de maior atenção pelo Poder Público para essa questão, a pesquisa também traçou um perfil dos acidentados no sistema viário brasileiro, no qual prevaleceram os homens (74,2%), jovens (entre 20 a 29 anos), com escolaridade média (até o 2º grau ou médio), solteiros (55,4%), morenos ou pardos (56,5%), e na sua maioria desempregados ou desocupados, seguidos por estudantes, motociclistas e ciclistas de entregas rápidas. Os motociclistas constituíram a maior proporção das vítimas (40,1%). Na segunda posição, ficaram os pedestres e os ciclistas.


Em relação ao consumo de álcool pelos motoristas, a prevalência de alcoolemia positiva entre os acidentados no conjunto de cidades foi de, aproximadamente, 27%. A alcoolemia positiva se dá quando o teor ultrapassa 0,2g/l de sangue. Fortaleza foi a cidade que registrou o maior índice (36,5%) e Brasília o menor (16,3%). Os homens apresentaram prevalência uma vez e meia maior que as mulheres.


E, para quem pensa ser 'típico' dos jovens a imprudência na hora de combinar álcool e direção, uma surpresa: as maiores prevalências em relação à faixa etária foram verificadas entre 50 e 59 anos (32,6%) e entre 40 e 49 anos (32,4%). O estudo também formatou uma série de recomendações a serem adotadas pela sociedade e pelo Poder Público. Entre elas está o maior investimento na formação dos agentes de trânsito, a priorização da formação do pedestre, uma melhor avaliação das condições dos veículos e das vias, a integração das políticas públicas e o comprometimento da sociedade, entre outras” (Informações do Ministério da Saúde).


Ao longo da história, o ser humano sempre arruma desculpas e, quando falamos sobre álcool no meio do povo de Deus, muitos citam a história do primeiro milagre de Cristo narrado no evangelho de João (2.1-11) a transformação da água em vinho. Muitos utilizam levianamente dessa passagem bíblica para justificar que o consumo do álcool não contraria a palavra de Deus. Ao ler o versículo dez do capítulo segundo, fica claro que o vinho produzido por intermédio do milagre de Jesus foi servido após todo o vinho reservado para a festa ter sido consumido, quando todos haviam bebido fartamente. Desta forma, devemos acreditar que era fermentado e que o primeiro milagre do Deus encarnado que tanto admoestou para os perigos da embriaguez foi fornecer mais ou menos 500 litros de bebida aos convidados que já haviam se fartado de beber para que se embriagassem ainda mais?


O apóstolo Paulo coloca os bêbados junto dos ladrões e dos adúlteros. Poderia Jesus compactuar com o consumo de álcool?


É interessante falar sobre a bebida servida na Ceia do Senhor. Nem Mateus, nem Marcos, nem Lucas falam da bebida fermentada. Os três utilizam a expressão (fruto da vide). O vinho não fermentado é o único (fruto da vide) sem fermentação e, portando, sem álcool.


O alcoolismo está entre as obras da carne, segundo escreveu Paulo em Gálatas 5.19-21. Também podemos ler em Gálatas que pelo menos 13 das 16 características listadas são encorajadas pelo uso excessivo de álcool: prostituição, impureza, lasciva, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, ira, pelejas, dissensões, inveja, homicídios e glutonarias. Quase sempre essas são manifestas nos ambientes onde há uso excessivo de álcool, levando a pessoa a diversos outros vícios, removendo as inibições naturais e deixando a pessoa livre para praticar coisas degradantes.


Outra passagem bíblica que é explorada por quem defende o consumo das bebidas alcoólicas, está em 1 Timóteo 5.23: “Já que muitas vezes você tem ficado doente do estômago, não beba somente água, mas beba também um pouco de vinho”. Contudo, estas pessoas não observam o que diz 1 Timóteo 3.3, quando Paulo aconselha a Timóteo, sobre o comportamento daqueles que aspiram ao episcopado: “Não pode ser chegado ao vinho, nem briguento, mas deve ser pacífico e calmo”


O álcool é responsável pela perda de milhares de vida todos os anos com tragédias familiares, acidentes de transito, brigas, entre outros tipos de confusões.


Alcoolismo não é doença, mas transforma suas vitimas em pais, filhos, amigos, esposas e maridos em doentes. “Não ande com gente que bebe demais” (Pv 23.20).


O Presb. Odair Martins, da IPI de Porto Feliz, SP, é da Coordenadoria Nacional de Adultos da IPIB


www.ipib.org

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O perigo da vulgarização da música


Sexta, 27 Abril 2012 09:47 Editado por Giovanni Alecrim Última atualização em Sexta, 27 Abril 2012 15:11


Ai Se Eu Te Pego é uma canção do cantor brasileiro Michel Teló que atingiu, em 12/9/2011, a primeira posição no Brasil, chegando também à primeira posição na Espanha, Holanda e Itália, deixando para trás grandes nomes da música mundial. Também detém o recorde de visualizações do You Tube, com mais de 100 milhões de acessos. Até na linguagem dos sinais a música já foi traduzida. O mundo da música é democrático. Vários são os ritmos, os estilos e os assuntos tratados nas letras. Fala-se de tudo, para todos os públicos, para diversas idades e diversas classes sociais. Dentre os principais temas, está a sexualidade. Antes, tabu e, agora, banalizada. Estamos vivendo um tempo em que a maioria das pessoas não se importa com o conteúdo da letra, devendo somente o ritmo ser envolvente e contagiante. No Brasil, estamos no ápice do sertanejo universitário, onde as letras falam de relação sem compromisso, bebidas e farras. Por exemplo, “o novo sucesso” de Michel Teló diz: “Vou te esperar na minha humilde residência, pra gente fazer amor, mas eu te peço só um pouquinho de paciência, a cama tá quebrada e não tem cobertor” (Humilde Residência).


Muito disso começou em 1991 com a música Na Boquinha da Garrafa, com o grupo Gera Samba, depois estourando com a música É o Tchan, em 1996. Dançarinas entravam nos programas televisivos e dançavam com uma garrafa no palco. As crianças na inocência também já colocavam um shortinho para imitar o que estava sendo passado na televisão. É claro que essa exagerada exposição da sexualidade iria ter influência nas crianças e adolescentes.


As letras sensuais e eróticas são uma exploração do corpo da mulher. Esta exploração está mudando radicalmente o comportamento de uma geração. Por exemplo, o Brasil é campeão mundial em cirurgias plásticas e em tratamentos estéticos. Milhões de reais são movimentados por conta da indústria da beleza. Esta expectativa do corpo perfeito e, diga-se de passagem, inatingível, traz insatisfações, angústias e problemas emocionais nas mulheres brasileiras. Sem falar no famoso Funk Carioca que desrespeita a mulher ao dizer que “tapinha não dói” ou que legal são as "cachorras", depreciando o valor conquistado com luta e suor pelas mulheres no decorrer da história.


Muitos adolescentes e jovens passam horas do dia assistindo a MTV (Music Television), deixando-se alimentar por pornofonia e incentivos a práticas sexuais. Alguns videoclipes blasfemam contra o nome de Deus como é o caso de Judas, da cantora Lady Gaga. O videoclipe remonta à história de Jesus e seus discípulos, mas com uma teologia um tanto confusa e liberal. É montado um cenário de Jerusalém e a festa acontece num lugar inusitado chamado capela elétrica. Neste lugar, é permitida uma liberdade sexual como o lesbianismo.


Podemos nos perguntar: de quem é a culpa? A culpa é do compositor, da gravadora ou do mercado? Precisamos entender que esse produto vulgar é feito porque tem um público para consumir este produto. Por exemplo, o Big Brother Brasil está no ar sob críticas, mas com certeza tem um público que dá ibope para este tipo de entretenimento.


“Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor”(Ct 2.15). Tomando o texto de Cantares como referência, identificamos essas raposinhas com situações aparentemente pequenas, atitudes que muitos julgam ser de valor insignificante e assim pensam que elas não oferecem nenhum perigo. Por que será que a Palavra de Deus nos exorta a perseguir as raposinhas? Não deveríamos nos preocupar com as grandes raposas e considerar as pequeninas como inofensivas? Caçar raposas grandes é fácil, porque rapidamente as identificamos. As raposinhas são coisas aparentemente inúteis podendo trazer um grande prejuízo moral e espiritual: “Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo; nenhum deles, contudo, sem sentido” (1Co 14.10).


Temos que estar atentos à vulgarização da música secular, pois a sociedade e a família correm perigo. Deus nos ajude a discernir os tempos e a buscarmos uma vida santa, pura e agradável a Deus: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8).


O Daniel Dutra é pastor da IPI de Rondonópolis, MT


extraído do site www.ipib.org

quinta-feira, 24 de maio de 2012

PASSO A PASSO


É fácil dar um pequeno passo. A questão é: você está disposto o suficiente a dar alguns desses passos? Quando isso acontecer, qualquer coisa estará ao seu alcance.  Karl Beetman


Dê um passo, a seguir dê outro e outro também. Em pouco tempo, você terá andado um quilômetro, e muito em breve, você terá andado cinco quilômetros. Tome uma ação positiva, uma produtiva ação, reproduza muitas vezes essas ações e não vai demorar muito tempo para você perceber que significativas realizações virão como resultado dessas ações. 

Os pequenos esforços repetidos, múltiplas vezes, são extremamente importantes porque são eles que trazem os grandes resultados. Aparentemente, eles são insignificantes, porém eles são indispensáveis para o autêntico e duradouro sucesso. 

Não importa quão ambicioso esse alvo possa ser, qualquer pessoa pode dar o primeiro passo em sua direção. Você pode fazer isso agora, nesse exato momento. Você pode dar um pequeno primeiro passo, um outro passo e outro a seguir. Essa é a maneira magnífica de alcançar preciosos resultados: passo a passo.

Nélio DaSilva


Para Meditação:
Feliz o homem constante no temor de Deus; mas o que endurece o coração cairá no mal.  Provérbios 28:14


Tateando no claro


 revista / edicao 335 / tateando-no-claro
    
Rubem Amorese

Meu telefone deu defeito. Ao levá-lo para ser consertado, descobri que sairia mais barato comprar um novo. Minha máquina de lavar não funciona mais, depois de 25 anos de uso. Troquei-a. Porém, a mais nova, com cinco anos, já começa a pedir conserto.

Comprei um computador novo, pela internet. Último tipo. Entretanto, quando a encomenda chegou, ele já estava ultrapassado. A oferta de novos computadores de mesa, no Brasil, subiu de 476 em 2009 para 835 em 2011.

A taxa de obsolescência aumenta à medida que a taxa de inovação acelera e o processo de produção fica mais barato. Fred Seixas, gerente da LG, afirma que a durabilidade das máquinas está, de fato, menor. “A gente observa que o intervalo de troca de refrigeradores e lavadoras de roupa, que era de dez anos na década de 1990, hoje está entre cinco ou seis anos”, afirma Seixas.

Inevitavelmente, esses fenômenos pós-modernos têm efeito sobre nossas almas. Já sofremos transtornos provenientes da idade dos móveis, dos aparelhos, da decoração da sala. Temos vergonha de dizer o ano do nosso carro e também quando compramos o celular. Encontramos amigos antigos e ficamos constrangidos de dizer que ainda moramos no mesmo endereço -- “você ainda mora lá? Matusalém!”.

Temos dores de abstinência se não checamos nossos e-mails a cada dez minutos, ou nosso celular a cada minuto. O celular ligado tornou-se vital. E, no culto, são poucos os que o colocam no modo silencioso. Afinal, corremos o risco de não ouvir a chamada, distraídos que estaremos com a oração.

À mesa, com os amigos, tuitamos, pelo celular, com outros amigos. Mais que um conviva chato, incomoda-nos a ausência de mensagens. Então, se ela não chega, nós ligamos, só para agitar. Só para fazer alguma coisa.

De repente, essa obsolescência das coisas quer contaminar também nossas relações. E buscamos amigos “novos em folha”. Já não temos resistência para longas amizades, do tipo “de infância’, casamento, família etc. De repente, precisamos mudar, trocar. Afinal, “a fila anda”. 

Ainda não sabemos bem como é este “dia” que chamamos de “pós”. Se soubéssemos, não o chamaríamos assim. Pós-modernidade é o tempo que sucede a modernidade. Contudo, ainda não temos um nome para ele. Segunda-feira é o dia que sucede o domingo. Se estivéssemos vivendo a primeira segunda-feira de nossas vidas, talvez a chamássemos de pós-domingo (em que houve uma feira). 

Porém, como discernir esse tempo tão louco e... gostoso? Na dúvida, precisamos preservar o essencial até compreendermos bem o que ele traz de bom ou de perigoso. Seu computador ainda lhe atende? Fique com ele. Sua lavadora está nova? Fique com ela. Seu marido...
Eis um tema para a Escola Dominical. Já tenho o verso áureo: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2). 

Que século? Que fôrma? Que “trans-fôrma-ção”? A Bíblia nos ensina que fomos feitos seres relacionais, que se assentam à mesa com o Pai e com os irmãos, em um grande banquete servido de pão e de vinho. Comunhão da nossa essência e identidade. Para isso o pão se partiu e o vinho se verteu. 

Decifremos, então, este dia, tateando no claro; tendo o essencial como referência. E ofereçamos a Deus sacrifício vivo.

Rubem Amorese • é presbítero na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília, e foi professor na Faculdade Teológica Batista de Brasília por vinte anos. Antes de se aposentar, foi consultor legislativo no Senado Federal e diretor de informática no Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal. É autor de, entre outros, Louvor, Adoração e Liturgia e Fábrica de Missionários -- nem leigos, nem santos. ruben@amorese.com.br



quarta-feira, 23 de maio de 2012

NÃO É MINHA CULPA


Aquele que é bom para criar desculpas, raramente é bom para qualquer outra coisa.  Benjamin Franklin

Você é responsável pela sua presente situação. 

“Mas isso não é culpa minha!” “Alguém me traiu!” “Meu marido gastou todas as nossas economias!” “Eu não fiz nada para merecer isso.” “Fui despedido injustamente!” “A vida é muito injusta!” 

Tudo isso pode ser verdade. Ainda assim, você é responsável pela sua presente situação. Por que? 

Porque é a sua vida e ninguém pode vivê-la por você. “Mas não é por minha culpa que as coisas ficaram dessa maneira!” Realmente, não é sua culpa. Mas é sua responsabilidade. E aqui que está a grande diferença. A sua circunstância atual é sua responsabilidade. Não porque não foi você quem a causou, mas porque você pode fazer algo a respeito dessa situação. 

O que passou, passou. O tempo só se move para frente, portanto, não importa de onde veio a sua circunstância, agora ela é sua responsabilidade. E isso é ótimo porque, com a graça e a bondosa mão de Deus, você pode criar um novo e magnífico momento. Você é, sim, responsável pela sua presente situação!
Nélio DaSilva

Para Meditação:
Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me persegue. Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me. Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe. Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria.  Salmos 51:3-7


O legado de Constantino


 revista / edicao 335 / o-legado-de-constantino
    
Alderi Souza de Matos

Há exatos 1.700 anos ocorreu um evento marcante na história do cristianismo -- a conversão do imperador Constantino. No outono de 312, junto à ponte Mílvia, nas proximidades de Roma, o jovem general derrotou o exército mais numeroso de seu rival Maxêncio e se tornou o líder inconteste da parte ocidental do Império Romano. Segundo consta, na véspera do confronto ele teve um sonho no qual viu o lábaro (as duas primeiras letras sobrepostas do nome de Cristo em grego) e foi instruído a usá-lo como proteção em suas batalhas.

A autenticidade da conversão de Constantino é uma questão debatida. Ele manteve o título de “Pontifex Maximus”, que era usado pelo sumo sacerdote pagão, e durante uma década suas moedas tiveram a efígie de deuses romanos, em especial do Sol invencível (“Sol invictus”), do qual tinha sido devoto. Além disso, só recebeu o batismo no final da vida, ainda que essa prática não fosse incomum. Todavia, ele se identificou claramente com a fé cristã e suas atitudes em relação à igreja causaram um impacto profundo na trajetória posterior do cristianismo.

Pouco antes de Constantino, os cristãos vinham sendo cruelmente perseguidos por outros imperadores. O novo governante mudou radicalmente essa situação ao proclamar um decreto (Edito de Milão), no ano 313, concedendo ampla liberdade de consciência, dando à fé cristã igualdade com outros cultos e ordenando a devolução de todas as propriedades eclesiásticas que haviam sido confiscadas. Além disso, ele concedeu imunidades ao clero, fez muitas doações à igreja, decretou o domingo como um dia de repouso e atribuiu aos bispos certas funções judiciais. Especialmente significativa foi a interferência do imperador em uma questão teológica -- a “controvérsia ariana”.

Ário, um presbítero de Alexandria, no Egito, estava ensinando que o Verbo pré-existente, o Filho de Deus, não tinha igualdade com o Pai, tendo sido criado antes da existência do mundo. O Filho teria sido a primeira criatura de Deus, não sendo, portanto, eterno e divino como o Pai. Esse ensino causou um grande conflito que ameaçou a unidade da igreja e, por extensão, do próprio império. Constantino convocou um sínodo de bispos para resolver a disputa, o que veio a ser o primeiro concílio geral da igreja, reunido na cidade de Niceia em 325. O credo aprovado por esse conclave declarou que Cristo era “consubstancial” com o Pai, ou seja, tinha a mesma essência e eternidade que o Pai.

Foi algo absolutamente inédito o fato de um imperador, ou seja, um líder secular, ter convocado e presidido um concílio eclesiástico, tendo inclusive dado alguns palpites quanto ao vocabulário do Credo de Niceia. No princípio, os bispos festejaram as ações desse novo governante cristão em benefício da fé. Com o passar do tempo, verificou-se que se tratava de uma espada de dois gumes: da mesma maneira que concedeu benesses à igreja o imperador se sentiu no direito de interferir na vida da instituição, adotando políticas que podiam ir contra os interesses da mesma. No final da sua vida, Constantino vacilou em suas convicções e acabou apoiando o partido herético, tendo sido batizado em seu leito de morte pelo bispo ariano Eusébio de Nicomédia (337). Só mais tarde a causa trinitária iria triunfar de modo definitivo.

As iniciativas de Constantino tiveram fortes repercussões para a igreja durante mais de 1.500 anos. Com ele, surgiu uma estreita aliança entre a igreja e o estado que se aprofundou nos séculos seguintes e deu origem ao fenômeno da “cristandade”, a sociedade homogênea e coesa nos âmbitos político e religioso que caracterizou a Idade Média e perdurou em alguns países até o século 19. O estado geralmente se beneficiou dessa associação, não se podendo dizer o mesmo da igreja, que muitas vezes sofreu com as intromissões do poder estatal. Porém, o legado de Constantino foi ainda mais profundo, por causa das transformações que produziu na própria identidade da igreja. 

O historiador Mark Noll observa que, nos três primeiros séculos, a igreja havia existido como uma comunidade peregrina, “que não estava em casa em parte alguma do mundo”, que não tinha nenhuma segurança permanente nesta vida. Com a conversão do imperador, isso gradualmente se desfez. Em troca de alguns ganhos positivos, como o apoio que a igreja recebeu dos governantes em sua missão evangelizadora e civilizadora junto aos povos bárbaros, foi necessário pagar um alto preço. Noll lembra que a partir do quarto século os anseios de poder mundano e as preocupações temporais assumiram uma importância cada vez maior na vida da igreja. As igrejas “oficiais” com frequência usaram o poder estatal para reprimir os dissidentes religiosos.

Os cristãos de hoje têm muito a aprender com o legado de Constantino. Primeiro, as igrejas nunca devem fazer alianças com o estado, ou com quaisquer grupos políticos e ideológicos, porque isso irá corrompê-las e desviá-las de sua missão. É importante preservar a valiosa conquista moderna da separação entre a igreja e o estado. Segundo, isso não significa que as comunidades de fé devem se isolar da esfera pública e das questões sociais, retraindo-se em guetos eclesiásticos. Terceiro, as igrejas devem preservar sua liberdade para aplaudir ou censurar as ações do poder público, conforme a necessidade. Quarto, elas devem lembrar-se continuamente de que seus valores, instrumentos e fins são acima de tudo espirituais -- o reino de Deus.

Alderi Souza de Matos • é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e “Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil”. asdm@mackenzie.com.br


Templo urbano: lugar e não lugar


 revista / edicao 335 / templo-urbano-lugar-e-nao-lugar
    
Jorge Henrique Barro

É comum ouvirmos que, se alguém deseja matar a missão, deve construir templos. De fato, temos exemplos no Brasil de igrejas que abriram mão dos templos tradicionais e se estabeleceram em outros lugares (tendas, hotéis, escolas), ganhando assim uma “cara” de peregrinas.

É a igreja que define a missão ou a missão que define a igreja? Os templos hoje, em sua vasta maioria, estão a serviço da missão ou a missão está a serviço dos templos? A ênfase maior é de fora para dentro ou de dentro para fora? Espera-se que a igreja vá até as pessoas ou que as pessoas venham até a igreja? As respostas a essas perguntas passam pelo entendimento do papel e da função do templo.

Segundo o etnólogo francês Marc Augé, criador do importante conceito sociológico de “não lugar”, o “lugar” possui três dimensões: identitária, histórica e relacional. Diferentemente dos “não lugares”, os “lugares” são caminhos e não estradas. Os “lugares” são ambientes de pertencimento, enquanto que os “não lugares” são espaços de acesso, movimento, trânsito, passagem, como aeroportos, bancos, shoppings e supermercados. Nestes, a pessoa é cliente, consumidor, passageiro, ouvinte. Trata-se de uma relação individual. Para Augé, o “lugar antropológico simbólico” é marcado pela identidade (sua pessoalidade), pela relação (seu grupo social) e pela história comum (seu destino). O “não lugar”, por sua vez, caracteriza-se pela ausência desses símbolos. Negar o lugar é negar esses símbolos.

Ao pensarmos nos templos urbanos, como caracterizaríamos esse espaço? Ao longo dos séculos, a igreja de Cristo se distinguiu pela ênfase pessoal, comunitária e missionária, ou seja, a identidade dela estava voltada para a pessoa, a relação com o próximo e o compromisso com a missão no mundo. Em nossos dias, pastores e líderes não enfatizam mais a relação de membro, mas de cliente; não mais de serviço, mas de consumo; não mais de missão, mas de prosperidade; não mais de corpo de Cristo, mas de indivíduos sedentos por bênçãos. Essas inversões simbólicas podem acelerar o processo de transformação da igreja de lugar em “não lugar”. A igreja “não lugar” deixa de ser caminho para se transformar em autopista de indivíduos que querem sair de um ponto a outro. Ela corre o risco de se tornar um espaço de passagem impessoal, individual, “marketeiro”, vendedor de bens e consumos espirituais. Que diferença faz para uma pessoa entrar em uma igreja ou em um supermercado, se em ambos ela é um cliente?

É notório que alguns templos estão se modernizando, se remodelando, criando novas fachadas, e que outros estão sendo construídos com “novas caras” e alta tecnologia. Quanto mais luxuosos e requintados eles se tornam, mais proibições e regras aparecem quanto ao modo de utilizá-los. Alguns pensam no templo mais como lugar de se fazer casamentos, celebrações, que como local para se receber os pobres, destituídos e miseráveis. Como é fácil deturparmos os propósitos de Deus para nossos templos: “A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. Mas vocês fizeram dela um covil de ladrões” (Mc 11.17). De casa de oração para casa de malandros -- que tragédia! E como há ladrões e mercadores eclesiásticos hoje.

Qual a finalidade de um templo no meio da cidade? A missão força o templo a abrir suas portas; a omissão, a fechá-las. O tempo todo, Jesus tentou mostrar aos discípulos as pessoas e suas necessidades. Certa vez, quando ele saía do templo, os discípulos se aproximaram dele para lhe mostrar as construções do templo (Mt 24.1). Do que os fazia ficar admirados, em breve não restaria pedra sobre pedra (Mt 24.2). Ele lhes disse: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei” (Jo 2.19). Um novo templo estava emergindo na cidade: o “santuário do seu corpo” (Jo 2.21). A missão sai de uma geografia estática para vidas dinâmicas. Será que, como os coríntios, nos esquecemos ou ainda não nos conscientizamos de que somos “santuário [templo] de Deus e que o Espírito de Deus habita em nós? (1Co 3.16-17). Quando o Espírito Santo desce, ele enche de poder esse novo santuário sagrado, que somos nós. O templo se fez povo. Este é o templo que o mundo urbano precisa ver e admirar -- as pedras vivas (1Pe 2.5). E é melhor nos acostumarmos, pois após o city tour que João fez na Nova Jerusalém, ele relatou: “Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo” (Ap 21.22). Se somos santuário sagrado no meio da cidade e para a cidade, certamente seremos sempre lugar para que a graça e o amor de Deus possam ser manifestados.

Jorge Henrique Barro • é professor da Faculdade Teológica Sul Americana e presidente da Fraternidade Teológica Latino Americana (continental).


segunda-feira, 21 de maio de 2012

A primavera árabe e os cristãos (parte 1)


 revista / edicao 335 / a-primavera-arabe-e-os-cristaos-parte-1
     
Paul Freston

Os editores já haviam me pedido um artigo sobre a primavera árabe quando, folheando a edição de janeiro/fevereiro de 2012, me deparei com a matéria Dois pesos e duas medidas (“Mais que notícias”). O texto começa afirmando que “as portas estão escandalosamente abertas para o islamismo no Brasil (e em todos os outros países democráticos)”. Entendi logo o intuito do artigo: estabelecer o contraste com o fato de que as portas estão “hermeticamente fechadas para o cristianismo em quase todos os países islâmicos”. A preocupação era, portanto, com a falta de liberdade religiosa em boa parte do mundo islâmico (ainda que a expressão “hermeticamente fechada” não descreva bem a situação). Preocupação legítima (e mesmo necessária), não somente pelo interesse cristão na divulgação do evangelho, mas também por uma questão de direitos humanos em geral e, sobretudo, pela chamada “mãe histórica de todos os direitos”, a liberdade religiosa.

De todo modo, surpreendeu-me a frase “as portas estão ‘escandalosamente’ abertas para o islamismo”. Por que “escandalosamente”? Não deveríamos dizer “corretamente” ou “honrosamente”? Se acreditamos na liberdade religiosa (para todos!), não pode haver nada de escandaloso nisso; e a falta de liberdade do outro lado não altera nada. Nunca entendi a mentalidade dos cristãos que insistem em uma “reciprocidade islâmica” (como o direito de construir igrejas na Arábia Saudita) para que os muçulmanos gozem de plenos direitos no Ocidente. Em vez de educar pelo bom exemplo, querem usar de uma moeda de troca política. Além disso, é bom termos um pouco de humildade histórica: durante a maior parte da história, os países cristãos não foram modelo de liberdade religiosa.

Acima de tudo, é preciso ressaltar que, assim como os cristãos são discriminados em países islâmicos, os próprios muçulmanos são também discriminados quando não concordam com a versão do islã defendida pelo seu governo. Ou seja, o que devemos lamentar é a falta de liberdade religiosa em geral nesses países.

Os dados sobre o crescimento do islã na América Latina e no Brasil, no referido artigo, são normais. Em muitos países do mundo o crescimento evangélico é igual ou maior que o islâmico, e não achamos nada demais nisso. Por que afirmar, em tom de espanto, que “a liberdade é tal que cerca de cinquenta xeques estrangeiros [...] vivem no Brasil”? Quantos missionários evangélicos estrangeiros vivem no Brasil há mais de 150 anos? E já vai longe a época em que a Igreja Católica se espantava com “tal liberdade” para os não católicos. E se “doze brasileiros estudam em universidades da Arábia Saudita e da Síria”, o que é isso comparado com o número de evangélicos e católicos brasileiros estudando teologia no exterior?

O artigo termina com uma citação apropriada do secretário do Vaticano para as Relações com Outros Estados, lembrando-nos que “a liberdade religiosa não pode se limitar à simples liberdade de culto”, mas inclui “o direito de pregar, educar, converter, contribuir para o discurso político e participar plenamente das atividades públicas”. Se isso vale para os cristãos nos países de maioria muçulmana, vale igualmente para os muçulmanos no Brasil. Aliás, é de se esperar que a proporção cada vez maior de muçulmanos que vive em países com liberdade religiosa acabe influenciando os países de maioria muçulmana. Mas, para isso, é bom que os cristãos deixem de achar “escandalosos” os resultados naturais de tal liberdade.

Minha preocupação com o artigo de Ultimato pode parecer exagerada, mas é confirmada pelo que testemunhei no 6º Congresso Brasileiro de Missões, em outubro de 2011, em Caldas Novas, GO. Havia vozes mais sensatas ali, nem todas com acesso ao “pódio”. Contudo, os comentários sobre o islã por parte de alguns conferencistas foram muito preocupantes. “O autor do Alcorão é o diabo”, afirmou um deles, sem que houvesse um murmúrio perceptível de protesto dos 1.500 presentes. (E é bom que os leitores saibam que a atribuição do Alcorão ao diabo não constitui de forma alguma artigo tradicional da fé evangélica. Além das partes do Alcorão que são patrimônio comum das religiões monoteístas, não é necessário atribuir tudo de que discordamos ao diabo.) O principal seminário sobre o islã usou de estatísticas exageradas sobre o crescimento islâmico, ignorou a imensa diversidade dentro do islã e contou anedotas que pintavam o pior retrato possível dos muçulmanos.

Por que começar uma avaliação das mudanças no mundo árabe com essas preocupações? Porque a capacidade cristã de “ler” os acontecimentos no Oriente Médio é afetada por esse anti-islamismo (e também pelo sionismo cristão, que avalia tudo que acontece pelo prisma de “benefício” ou “prejuízo” para Israel). Porém, o cristão não é chamado a pensar como um torcedor em um estádio, aplaudindo o que parece melhorar as chances do “nosso time”. A história sempre dá um baile em quem pensa assim. Como o caso dos evangélicos americanos que fizeram pressão para que se invadisse o Iraque, pois isso “abriria a região inteira para a pregação do evangelho”! O anti-islamismo e a vontade de forçar a mão da história não constituem uma boa base para avaliarmos o que acontece no mundo árabe. Melhor pensarmos a partir dos valores do reino de Deus e usar as informações que a história e as ciências sociais nos fornecem. É o que tentaremos fazer na próxima edição.

Paul Freston • inglês naturalizado brasileiro, é professor colaborador do programa de pós-graduação em sociologia na Universidade Federal de São Carlos e professor catedrático de religião e política em contexto global na Balsillie School of International Affairs e na Wilfrid Laurier University, em Waterloo, Ontário, Canadá.

domingo, 20 de maio de 2012

O indivíduo, a família e o evangelho


 revista / edicao 335 / o-individuo-a-familia-e-o-evangelho
    
Valdir Steuernagel

Muitos de nós crescemos com a percepção de que o evangelho é fácil e bonito. Escolhemos uma igreja e nela levamos nossas crianças, alimentamos rituais de passagem e fazemos celebrações familiares, envoltos em um “belo cenário”. O evangelho se torna um adendo, um cosmético para o nosso bem-estar. Porém, ele é algo bem diferente disto. Aliás, na edição anterior afirmamos que “é fácil, olhando para os Evangelhos, ver como Jesus é um causador de confusão”. Vimos a tensão vivida pela sua própria família quando ele perguntou de forma um pouco prepotente: “Quem é a minha mãe, e quem são meus irmãos?” (Mc 3.33)

Quem nunca ficou chocado com o modo relativo como Jesus parece tratar os vínculos familiares? Confesso ter dificuldade de entender quando ele diz que os inimigos serão os da própria casa e, também, que por causa do evangelho se criará cizânia familiar (Mt 10. 34-36). Quando ele chama os discípulos a segui-lo, pede fidelidade absoluta e coloca em segundo plano a importância da família (Lc 14.26). Dizemos que a intenção dessa palavra de Jesus é testar nossas prioridades. Contudo, seria mesmo necessário relativizar tanto os vínculos familiares? Ou haveria algum outro sentido nessa declaração?

Vejo três movimentos que precisamos discernir e abraçar no que se refere a essas palavras de Jesus. O primeiro nos desafia a olhar para dentro de nós, a reconhecer quem somos e a nos confrontar com os processos destrutivos que fermentam em nosso interior e poluem tudo a nossa volta: “Mas as coisas que saem da boca vêm do coração; são essas que tornam o homem impuro. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as blasfêmias” (Mt 15.18-19). Ao seguirmos Jesus, reconhecemos quem somos e, na busca por uma nova significação da vida, passamos por um processo de “lavagem interior”.

Contudo, como não somos indivíduos isolados da nossa história e contexto, este não é um processo individual. Somos, em grande parte, nossa história e nosso contexto. Criamos e impomos costumes e tradições que fazem parte da teia social que promove e também aprisiona a vida. Algo que foi constituído para facilitar e sustentar pode ser usado para escravizar, entristecer e empobrecer. Isso pode ser visto tanto nos milenares grupos étnicos e tribais quanto nas associações e aglomerados urbanos modernos. Jesus detecta e denuncia esses mecanismos. Ao acusar alguns de seus interlocutores de usar a tradição para deixar pai e mãe desprotegidos (Mt 15.3-6), ele se vale da relação familiar para demonstrar como isso acontece. Ao seguirmos Jesus, aprendemos a relativizar, não apenas nossos vínculos de pertencimento, mas também nossos usos e costumes. Por outro lado, ao segui-lo, experimentamos o sentido de resgate de nós mesmos, dos nossos vínculos e da nossa própria cultura. Por meio desse resgate, vemos aflorar o sentido tanto da família como do mandato cultural, com o qual fomos agraciados por Deus desde a criação.

O segundo movimento aponta, assim, para o resgate do sentido e da importância da família. O mesmo Jesus que em dado momento relativiza sua própria família, ao falar das tradições humanas, afirma o mandamento que aponta para o cuidado com os pais. E na hora de sua morte preocupa-se com a mãe e a entrega aos cuidados do discípulo João (Jo 19.27).

O evangelho não nos tira a família. Antes, acrescenta a ela uma família maior, que é a família da fé. Em conversa com os discípulos, Jesus aponta para essa realidade e lhes diz que serão recompensados com “irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos” (Mc 10.28-30). Assim, o evangelho nos abraça com a formação de uma comunidade que se nega a desenvolver tradições e costumes que encolham a vida, explorem o outro e se transformem em estruturas discriminatórias. O evangelho afirma opções de vida em que o interior é renovado e as prioridades são revistas, a família tem seu lugar restaurado e uma nova comunidade, com vocação de inclusão e de serviço em amor, emerge.

O terceiro movimento abraça o excluído, o solitário e o abandonado e resgata a dignidade da vida de cada um deles, como Jesus sempre fez. Aliás, foi para isso que ele apontou quando reagiu aos seus irmãos e à sua mãe, quando pretendiam buscá-lo e aprisioná-lo dentro de uma estrutura que ele queria relativizar e expandir. É preciso enxergar além da própria estrutura familiar; caso contrário, esta se torna egocêntrica, cansativa e maçante. É preciso ver que há um mundo lá fora que nos enriquece e desafia. Por isso Jesus diz que quem faz a vontade de Deus passa a ser sua família (Mc 3.35). E diz isso tanto para seus irmãos e sua mãe quanto para os que estavam ao seu redor. O segredo é fazer a vontade de Deus, e esta inclui honrar pai e mãe, cuidar dos filhos com amor, construir famílias integradas e belas e viver uma vida de amor e serviço. A verdade e a realidade disto são medidas, principalmente, a partir da maneira como se integra e se abraça o pequeno e o excluído. E disso nunca podemos nos esquecer.

Valdir Steuernagel • é teólogo sênior da Visão Mundial Internacional. Pastor luterano, é um dos coordenadores da Aliança Cristã Evangélica Brasileira e um dos diretores da Aliança Evangélica Mundial e do Movimento de Lausanne.