terça-feira, 12 de novembro de 2013

Saúde mental e trabalho

Saúde mental e trabalho – Edição 341 | Revista Ultimato


Saúde mental e trabalho

Ainda que não existam estudos brasileiros que forneçam a prevalência de transtornos mentais em todo o país, estimativas indicam que entre 19% e 29% devam apresentar algum destes transtornos num prazo de um ano. Dados existentes sobre a prevalência destes problemas entre os segurados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) que requerem o benefício de auxílio-doença indicam percentuais um pouco mais baixos, que poderiam representar quadros psiquiátricos mais graves e/ou percebidos como incapacitantes para o trabalho. De todo modo, os transtornos mentais parecem ocupar o segundo ou terceiro lugar – logo após as doenças osteomusculares e alternando-se com as doenças cardiovasculares – entre as principais causas de afastamento de trabalho no Brasil.
A relação entre transtornos mentais e trabalho é complexa e multifacetada. Se um transtorno mental pode limitar a capacidade laborativa da pessoa, seu afastamento do exercício do trabalho limita sua realização pessoal. Pode-se também tomar a atividade laborativa como possível fator positivo para o prognóstico: o próprio trabalho pode ser parte fundamental do processo terapêutico e contribuir para a reinserção social dos que sofrem destes transtornos. Se, durante o início do tratamento, muitos precisam se afastar de suas atividades laborativas, a continuidade do tratamento – que geralmente é longo – não justifica, por si só, a persistência desse afastamento. Considera-se que uma abordagem que valorize o potencial laborativo de cada sujeito e o valor do próprio trabalho para a condição humana pode ter um importante papel na melhora clínica de pessoas em sofrimento mental.
Todavia muitos médicos e advogados costumam reforçar em seus clientes a noção de que qualquer doença seria, por si mesma, incapacitante. Este estímulo a um “papel de doente” pode contribuir negativamente para a recuperação, enquanto que o aconselhamento ao retorno ao trabalho tem mostrado melhores resultados para a saúde e a qualidade de vida destas pessoas.

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