domingo, 20 de janeiro de 2013

Não há como negar: o opositor passeia por aqui e por ali

Não há como negar: o opositor passeia por aqui e por ali – Edição 339 | Revista Ultimato


Não há como negar: o opositor passeia por aqui e por ali

“Numa época ultrarreligiosa” -- explica o autor de “Uma Breve História do Mundo” --, “quase todos acreditavam no poder de organização do mal”. Nessa época (séculos 16, 17 e 18), “presumia-se que o demônio estava à solta no mundo, com um milhão de pares de olhos malvados e um milhão de pares de mãos, escolhendo feiticeiras como suas servas pessoais”. Dizia-se que havia mil bruxas ou mais de “existência comprovada”. Naturalmente foi um exagerado “Deus nos acuda”. Porém, na primeira metade do século 20, milhões de pessoas instruídas passaram para o outro extremo: a negação do príncipe da potestade do ar.
Seja qual for o seu nome, Satanás existe e há várias expressões que apontam para a natureza de sua personalidade perversa: o acusador, a antiga serpente, Belial, Belzebu, o deus deste século, o diabo, o homicida, o inimigo, o maligno, o mentiroso, o príncipe deste mundo, o sedutor.
O diabo é sobre-humano e, ao mesmo tempo, subdivino. O terceiro e o antipenúltimo capítulos da Bíblia (Gn 3.1; Ap 20.7) falam mais sobre ele. Ele tem capacidade para fazer muitos estragos e, de fato, tem feito.
Possivelmente, ao falar sobre o rei da Babilônia (Is 14.12-15) e o rei de Tiro (Ez 28.11-19), os profetas Isaías e Ezequiel estivessem traçando um retrato da condição inicial de Satanás e das razões pelas quais ele perdeu a posição que ocupava (uma extrema soberba).
Uma das coisas mais impressionantes a respeito de Satanás é que ele conhece a verdade sobre Jesus. Quando o Senhor expulsou os demônios do pobre gadareno, eles o chamaram de “Jesus, Filho de Deus” e perguntaram-lhe: “O que o senhor quer de nós? O Senhor veio aqui para nos castigar antes do tempo?” (Mt 8.29). O espírito mau que dominava a adivinhadora de Filipos caminhava atrás de Paulo e Silas gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e anunciam como vocês podem ser salvos” (At 16.17). A existência e a atividade do baixíssimo (para contrastar com o Altíssimo) é de fato uma das maiores dores de cabeça de um ser humano, especialmente para aqueles que têm maior responsabilidade no ministério cristão. Nem toda tentação, nem todo mal, nem todo sofrimento procedem do diabo. Contudo, a origem de muitas dessas desgraças está nele. A pior coisa que se pode atribuir ao diabo é a marca do pecado colocada em todo o gênero humano. Junto com o pecado, Satanás introduziu a morte, “o último inimigo a ser destruído” (1Co 15.26). As tragédias que ele provoca são tanto coletivas como individuais.
O que ele fez com o homem da terra de Uz que procurou ser completamente fiel a Deus foi tremendo. Em sua soberania e providência, Deus deixou algum espaço livre para ele. Satanás é responsável por toda a desgraça que caiu sobre Jó: a perda de todos os bens, de todos os filhos e de toda a saúde (Jó 1 e 2). Antes de mencionar os vários diálogos de Jó com seus três amigos e Zofar, o livro de Jó declara que Deus apenas encolheu a cerca com a qual protegia “o campeão da paciência” (Tg 5.11). É importante notar que Deus encolheu, mas não se retirou.
O domínio de Deus sobre tudo e sobre todos inclui o príncipe das trevas, como se vê claramente no livro de Jó (1.12; 2.6) e nas palavras de Jesus dirigidas a Pedro e aos demais apóstolos na véspera de sua morte: “Simão, Simão, escute bem! Satanás já conseguiu licença para pôr vocês à prova [exatamente como fez com Jó]. Ele vai peneirar vocês como o lavrador peneira o trigo, a fim de separá-lo da palha. Mas eu tenho orado por você, Simão, para que não lhe falte fé. E, quando você voltar para mim, anime os seus irmãos” (Lc 22.31-32). Provavelmente esta desagradável experiência de Pedro o tenha levado a declarar: “Estejam alertas e fiquem vigiando “porque” o inimigo de vocês, o diabo, anda por aí como um leão que ruge, procurando alguém para devorar” (1Pe 5.8). Resta lembrar as palavras encorajadoras de Paulo: “Nenhuma tentação é irresistível. Vocês podem confiar que Deus impedirá que a tentação se torne tão forte que não a possam enfrentar, visto que assim prometeu e cumprirá o que diz. Deus dará forças a vocês para suportá-la” (1Co 10.13).
Mesmo incomodados, desgastados, aborrecidos, temos de enfrentar a realidade das tentações, que não vêm só de dentro (da carne, do eu), nem só de fora (das circunstâncias), mas também de cima (das potestades do ar). A guerra entre o Criador e a criatura, entre o certo e o errado, entre o bem e o mal é muito antiga. Começou no Éden, logo após a desobediência de Adão. Ela é travada entre dois impérios: o império da luz e o império das trevas. Não há trégua nem acordo de paz. O embate será travado até a chegada de Jesus em poder e muita glória.


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