Por Dani Nogueira
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: “Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro”. Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.”
Romanos 8:35-37
Gosto muito das tirinhas do Calvin. Em muitas consigo tirar lições teológicas importantes, como no quadrinho ao lado.
Nós vivemos atualmente em um mundo onde o lema é “seja feliz, não importa o preço”. E, da forma como é divulgada essa ideia, a felicidade é ter o carro dos sonhos, a casa dos sonhos, o emprego dos sonhos, a mulher (ou homem) dos sonhos… Como se apenas os momentos bons pudessem nos proporcionar felicidade.
Isso porque, em nossa mente infantilizada, temos que viver eufóricos para ser realmente felizes. Infelizmente, essa ideia tem sido lei em muitas igrejas e nas pregações de muitos, como se viver na presença de Deus instantaneamente nos trouxesse todas essas coisas positivas, como se passássemos a viver num mundo cor de rosa (não falo em contos de fadas, porque até neles a mocinha passa por momentos difíceis antes do príncipe chegar).
No filme Recém Casados, de 2002, após pensar em terminar o casamento depois de sua trágica lua de mel, Tom, personagem vivido pelo ator Ashton Kutcher, trava o seguinte diálogo com seu pai:
— Eu não sei mais se amor é o bastante.
— O que quer dizer com bastante?
— Quero dizer, que mesmo que tenha amor entre mim e a Sara, talvez precisássemos de mais tempo pra nos conhecermos.
— Então o que está dizendo é que tiveram uns dias ruins e acabou? Tem que crescer, Tom.
— O quê?
— Uns dias sua mãe e eu nos amávamos, nos outros tínhamos que nos virar. Você nunca vê os dias difíceis num álbum de fotos, mas são eles que levam você de uma foto feliz até a próxima.”
A real felicidade, não apenas na vida sentimental, mas em todas as áreas da vida, é viver satisfeito – mas não conformado, vale lembrar – com aquilo que temos disponível.
Momentos ruins sempre existirão. Como disse, até nos contos de fadas. Sempre haverá uma Feiticeira Branca, até que possamos chegar na verdadeira Nárnia. O mal só deixará de existir quando a terra for restaurada, quando vivermos na “Nova Terra”.
Muitas pessoas vivem frustradas e insatisfeitas com a vida por não entender a simplicidade da questão da felicidade. Não são coisas ou situações que nos fazem felizes. Não temos que viver em euforia constante. Aceitar o convite da graça garante a felicidade, com certeza, mas é uma felicidade que vai além das coisas boas.
Momentos de euforia virão sim, não quero soar como pessimista. Haverá oásis em meio ao deserto. Gargalhadas irão cortar o som do choro. Mas essa não é a lei. Temos que estar sempre preparados para os maus momentos.
Somos mais que vencedores porque nossa felicidade está além das circunstâncias, estáem Deus. Estána graça, que nos faz enxergar à distância a caixa de lápis de cor nesse mundo em preto e branco.
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Dani Nogueira, 24 anos, mora em Belo Horizonte (MG), é fonoaudióloga e escreve pro blog Trintaetrês.

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