Na
carta dirigida ao povo de Deus espalhado por várias províncias da
Turquia, Pedro não se mostra preocupado com a saúde, a segurança e o
bem-estar dos idosos. Ele não dá os costumeiros conselhos: tomem o
remédio certo na hora certa, não comam demais, cuidado para não cair,
andem devagar, distraiam-se etc. A preocupação do apóstolo é com a vida
espiritual daqueles que estão em idade avançada:
“De agora em
diante, vivam ‘o resto da sua vida’ aqui na terra de acordo com a
vontade de Deus e não se deixem dominar pelas paixões humanas” (1Pe 4.2,
NTLH).
Em vez de “resto da vida”, outras versões preferem dizer:
“resto da sua vida corporal” (HR), “resto da vida mortal” (CT), “resto
de seus dias na carne” (BJ), “resto do tempo cá na terra” (J. B.
Phillips), “restante de sua vida corporal” (CNBB).
Esses idosos
estão na etapa final da jornada, da peregrinação e da estadia. Eles
ainda estão no exílio, ainda são migrantes, ainda se acham fora da
pátria, ainda são peregrinos e forasteiros. Porém estão, naturalmente,
mais próximos da Canaã celestial do que os outros.
Não é apenas
neste versículo que Pedro se dirige aos idosos. No primeiro capítulo da
carta ele escreve: “Durante o resto da vida de vocês aqui na terra
tenham respeito a ele” ou “portem-se com temor” (1Pe 1.17).
Teriam
sido necessárias essas advertências do apóstolo dirigidas a pessoas de
idade avançada e limitadas em seu vigor físico? À luz do Eclesiastes,
Pedro tem toda razão: “O coração do homem está cheio de maldade e de
loucura durante ‘toda a vida’” (Ec 9.3). Segundo Lutero, a inclinação
para o mal, com a qual todos nascem, “não pode ser extinta enquanto
vivemos -- pode ser diminuída dia a dia, mas extinta não pode”.
Pedro
reforça a sua exortação com um argumento válido: “No passado vocês [os
agora idosos] já gastaram bastante tempo fazendo o que os pagãos gostam
de fazer. Naquele tempo vocês viviam na imoralidade, nos desejos
carnais, na bebedeira, nas orgias, na embriaguez e na nojenta adoração
de ídolos” (1Pe 4.3). Com a conversão, ocorrida algum tempo antes, os
idosos da diáspora foram libertados do poder da escuridão e trazidos em
segurança para outra esfera de vida, para a maravilhosa luz de Cristo (1
Pe 2.9; Cl 1.13). Para compensar o “bastante tempo” na carne, os
velhinhos de Pedro deveriam viver o resto de seus dias no Espírito!
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