sexta-feira, 31 de maio de 2013

O DIA MAU REVELA TUDO

Boa Semente: O DIA MAU REVELA TUDO: Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena (Provérbios 24:10). Uma velha canção popular norte-american...

Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena (Provérbios 24:10).

Uma velha canção popular norte-americana diz algo como “minha cabana nunca vaza quando não chove”. É engraçado o humor sutil, mas se pensarmos bem há uma profunda verdade por trás dessa frase. Uma edificação não prova sua resistência no clima bom mas no clima mau. Assim também o cristão não mostra sua força nos dias calmos, mas nos dias de adversidade.

A essência do cristianismo vem à luz quando as coisas se tornam difíceis. Escrevendo aos novos crentes em Tessalônica, o apóstolo Paulo os lembra que foram eleitos por Deus e essa é a razão de enfrentarem tribulações e conflitos: “E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo… também padecestes de vossos próprios concidadãos… pois, estando ainda convosco, vós predizíamos que havíamos de ser afligidos, como sucedeu” (1 Tessalonicenses 1:6; 2:14; 3:4).

Infelizmente, a vida cristã é descrita de modo inteiramente diferente hoje em dia. Somos ensinados que ser cristão é a chave para se ter saúde, dinheiro, sabedoria, e tudo o mais que este mundo oferece. Enfatiza-se a liberdade e a grandeza da salvação de Deus, mas sem a menção do custo de se render ao senhorio de Cristo. Falamos muito sobre a segurança do crente, mas pouquíssimo sobre o escândalo da cruz. Não é de estranhar que os cristãos hoje sejam tão iguais às pessoas do mundo!

Olhar para o Senhor Jesus e Sua cruz nos dará coragem no dia da tribulação, e nossa própria fraqueza Deus poderá usar como plataforma sobre a qual Ele mostrará Sua suficiência e glória.


quinta-feira, 30 de maio de 2013

LOUVOR

Ariovaldo Ramos, Blog: Louvor


E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. Col 3.17

Ele trabalhava na prefeitura, o serviço era braçal, pesado mesmo. Todos se admiravam de sua presteza e tranquilidade. E era um camarada com quem se podia contar.

Havia algo curioso em relação a ele. No final do expediente, ele não ia, imediatamente, para o caminhão. Os demais não esperavam a hora! Cumprido o horário, limpavam as ferramentas, acomodavam-nas no lugar determinado e, sem demora, subiam para o transporte.

Ele não! Apoiava o queixo no cabo da enxada e ficava a olhar para a valeta que havia cavado. Era engraçado, porque o suor parecia não combinar com aquele momento de contemplação.

Todos os respeitavam muito, sabiam de sua fé,  ele era sempre pacificador, não se ouvia dele nenhum gracejo desrespeitoso, embora ele fosse só alegria,  não se perdia em murmurações, embora tivesse um aguçado senso de justiça. Mas, tinha aquele momento.

Um dia, a curiosidade venceu! Os colegas, tão logo ele subiu no caminhão, o interpelaram:  - Escuta, a gente não vê a hora de dar a hora, pra gente subir no caminhão... você, não! Tá certo que não toma tanto tempo assim! Mas o que você fica pensando, olhando para a valeta, com o queixo apoiado no cabo da enxada?

Calmo, e com o sorriso, que o caracterizava, ele respondeu: - Eu não fico pensando, pura e simplesmente, eu fico falando com Jesus.

E o que você fica falando com o Jesus? Insistiram os colegas.

Eu falo assim para ele: - Senhor Jesus, o Senhor está vendo essa valeta? Pode ter igual, mas, melhor não tem não. Porque eu fiz esse trabalho para o Senhor, como um presente. É porque eu sei que se o Senhor não tivesse abandonado a sua glória, a vida seria impossível, a  minha, a de todos, e de tudo. Então, é minha homenagem ao Senhor, e minha forma de agradecer ao Pai, por ter enviado o Senhor. Amanhã, quando os meninos vierem passar os canos e virem que essa valeta está perfeita, e disserem isso, toma isso como um elogio para o Senhor. Porque eu sei de quem sou, a quem tudo devo, e a quem sirvo.

Tendo dito isto, ele voltou-se para os colegas e, estes, de cabeça inclinada, continuaram em silêncio. Eles sabiam da qualidade de tudo o que ele fazia, e já desconfiavam que só uma inspiração superior explicava tanto empenho.


quarta-feira, 29 de maio de 2013

PERDÃO

Ariovaldo Ramos, Blog: Perdão.


"e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores;" Mt 6.12
Eu soube de um homem, conhecido por ter levado a Cristo, um jovem que se tornou um grande líder cristão.
Não sei o nome dele.
Sei, também, que ele recebeu na casa dele um jovem que não tinha onde morar, alguém que evangelizava como evangelizou o jovem, mais tarde líder.
Sei, também, que ele tinha uma filha, uma jovem bonita, dedicada e muito amada.
Um dia esse moço que ele abrigou em sua casa, se encantou pela filha do homem que o abrigara em sua casa.
Ao invés de ir pelo caminho comum a todos os que se enamoram, esse jovem, hóspede do pai da moça, cuidado e alimentado por essa família, simplesmente, atacou a moça, a estuprou e a matou.
Fez isso no caminho, no caminho por onde ela passava e ele sabia.
Houve luta, e as marcas de que fora ele estavam espalhadas pelo chão, ele fugira estabanadamente.
Horror! Angustia! Revolta! Imagina o que isso causou numa cidade pequena! O pai da moça era muito conhecido e muito respeitado.
Esse homem, que teve a filha barbaramente atacada e morta, depois de ter chorado profundamente a perda de sua querida menina, voltou-se para a esposa e lhe disse: Preciso achar esse menino antes que a polícia o faça... Não posso permitir que o matem!
E ele encontrou o jovem e, pessoalmente, o entregou à polícia.
O jovem foi julgado e condenado à morte.
Esse pai, porém, visitou esse moço diariamente, e, diariamente orou por ele, e cuidou para que ele não fosse desrespeitado, e para que nada do que necessitasse para manter a dignidade humana lhe faltasse; e leu a Bíblia para ele, até que, profundamente arrependido o jovem se rendeu a Cristo.
Esse homem acompanhou ao assassino de sua filha, diariamente, e estava lá quando o jovem foi executado. E no dia da execução, chorou por esse jovem, como se chora por um filho.
E, no dia seguinte, os jornais da cidade, como que tivessem combinado, estamparam a mesma manchete: “PELA PRIMEIRA VEZ, NÓS, E TODA A CIDADE, VIMOS UM CRISTÃO”


terça-feira, 28 de maio de 2013

A PAZ COM DEUS É POSSÍVEL

Boa Semente: A PAZ COM DEUS É POSSÍVEL: Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Romanos 5:1). Fica evidente a partir d...

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Romanos 5:1).

Fica evidente a partir deste versículo que o único fundamento da paz com Deus está na obra de Cristo. De fato, a fundação já foi estabelecida, e Deus declara justificados todos os que acreditam que Ele em graça já fez total provisão para a salvação do pecador, e, tendo sido justificados, têm paz com Deus pela morte de Cristo.

Cristo “por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação” (Romanos 4:25). Ou seja, a ressurreição de Cristo é a prova cabal da perfeita conclusão de Sua obra, a evidência de que os pecados pelos quais Ele morreu são expiados para sempre. Para isso Ele foi entregue por nossas ofensas, e para isso deixou a sepultura, sendo ressuscitado da morte. Portanto, a ressurreição de Cristo é a expressão distinta e enfática da satisfação de Deus com o que aconteceu na cruz.

Essa é a prova abundante e definitiva que o fundamento da paz com Deus está na morte de Cristo. Isso é repetido vez após vez na Bíblia: somos “justificados pelo seu sangue” (Romanos 5:9); “havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz…” (Colossenses 1:20). Agora, portanto, todo pecador pode se reconciliar com Deus (2 Coríntios 5:20).


segunda-feira, 27 de maio de 2013

A IGREJA

Ariovaldo Ramos, Blog: A Igreja


“E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração” At 2.46
Ele era um nobre romano fiel ao imperador, orgulhoso do império. Há alguns dias ele não estava bem. A vida estava um emaranhado que parecia pior que o nó górdio. Ele não descansava, não dormia mais, não sabia mais o que era paz. Já havia oferecido sacrifício a todos os deuses que conhecia... e nada se resolvera, a vida não saia do lugar. O pior era angústia.

Um de seus muitos escravos se aproximou dele, com muito cuidado, e lhe perguntou se poderia interceder por ele junto ao seu Deus. O cônsul, acostumado a um mundo de deuses, perguntou a que Deus o escravo se referia e que tipo de holocausto teria de ser prestado. E foi surpreendido pela resposta de que o holocausto era o próprio Deus, portanto, nada custaria, e que o nome do Deus, era Jesus. E, mais, que Jesus era a encarnação do único Deus do Mundo.

O nobre achou a resposta, em extremo, petulante, mas, pensou: Pior do que está não pode ficar.  Então, concordou com a oração. Outra surpresa! A oração, simples e direta, foi realizada ali mesmo, no recinto, sem necessidade de qualquer sacerdote, pelo escravo mesmo, que ousou impor as mãos sobre o seu proprietário.

Como ele havia autorizado, controlou a indignação, e se retirou arrependido de ter permitido tal insânia. Como já era noite, dirigiu-se para o seu quarto, para mais uma tentativa, que ele sabia inglória, de dormir. Há muito ele não sabia o que era dormir.

A noite passou rápida, muito mais rápida do que de costume, e ele só se deu conta quando um de seus escravos entrou no quarto, abriu as cortinas e  lhe anunciou o dia. Sim, ele dormira como nunca,  como não sabia mais ser possível!

Imediatamente, mandou chamar ao escravo que orara por ele. Tão logo entra o homem, ele corre para agradecer, perguntando como poderia pagar àquele Deus por tão grande graça. O escravo reitera que nada custava, mas, ele poderia participar da reunião que seria feita naquela noite, em louvor ao Deus Jesus.

O nobre recuou, disse que iria pensar, e dispensou o escravo.

Passou o dia a pensar, já tinha ouvido falar dessa nova seita, vinda da Judéia, que dizia que o Deus invisível dos Judeus se fez visível, porque se encarnou, que foi morto pelo império romano, mas, que segundo os seus seguidores, tinha ressurgido três dias depois de sua crucificação.

Sabia que tal seita não gozava da simpatia do império, por insistir na adoração a um Deus só. É verdade que os judeus já o faziam, mas, os judeus mantinham a coisa entre eles, e com tantas exigências, que as conversões não incomodavam, mas esses tinham um caráter universal e, de certa forma, eram um tipo diferente de revolucionários.

Ele não podia negar, entretanto,  que dormira, depois de muito tempo, e, mais, estava se sentindo como nunca se sentira, como se houvesse tocado, ou sido tocado por algo, ou alguém acima e além. Decidiu que o mínimo que poderia fazer era agradecer.

O ambiente da reunião era indescritível, todos sorrindo, cantando, saudando-se, todos escravos, seus escravos, aliás, ele se deu conta de que todos os seus escravos estavam ali. Naquela noite, recebiam uma visita. Um judeu que havia andado com Jesus. Esse homem simples, sem pompa, com um sorriso cheio de felicidade, contou o que significara andar com Jesus e como Jesus andou.

Ele não sabia explicar, mas, no fim daquela explanação, tudo o que ele queria era, também, andar com Jesus. Quase simultâneo ao seu pensamento, o judeu disse que era possível andar com Jesus, porque, graças à ressurreição ele estava vivo e disposto andar com todos os seres humanos.

Ele pensou: Ah! Como eu gostaria! Mas, ele não vai me aceitar... eu sei como eu sou! De fato, naquele momento, sabia de si como jamais o soubera antes. 

O Judeu, que parecia ler o seu pensamento disse: Talvez você esteja pensando que Jesus jamais andaria com alguém como você, você está enganado, Jesus recebe a todos e, por causa de seu ato santificador na cruz, todos fomos perdoados, e como fruto de sua vitória, pela ressurreição, o Espírito Santo vem morar em nós e nos transforma em gente como Jesus.

Ele não conseguiu se manter sentado, num salto gritou: Eu quero! E, antes de que se desse conta, ele estava de joelhos, o Judeu, assim como alguns de seus escravos puseram a mão sobre a sua cabeça e alguém o abraçou.

Agora, de pé, ele não conseguia olhar para as pessoas que adquirira, como antes, ele nem conseguia mais se ver como seu. Ele sabia que aquelas pessoas eram suas irmãs, como ele os ouvira saudarem-se. E foi informado que os seus escravos, que colocaram as mãos sobre ele, eram os presbíteros daquela comunidade, que eles chamavam de a Igreja. E ele se juntou a eles pelo batismo.

Tudo estava diferente, eles comiam juntos, a fazenda era tocada como propriedade coletiva, a dignidade de todos foi reconhecida, não havia senhor e escravos, havia apenas irmãos. Todos moravam juntos com qualidade semelhante de vida. Ali, o Império Romano tinha acabado!

Um dia, na hora do almoço, o irmão, que não se via mais como nobre, recebeu a visita do cônsul com quem participara de algumas batalhas pelo império. O cônsul o surpreendeu à mesa com todos os que deveriam ser seus escravos, eram todos iguais e igualmente alegres e festivos. Uma alegria que o cônsul jamais imaginou que pudesse existir.

Num misto de surpresa e indignação o cônsul perguntou ao antigo companheiro de armas: O que está acontecendo aqui? Calmo, como o colega nunca o conhecera, o agora, mais um irmão em Cristo, respondeu: A Igreja, o que está acontecendo aqui é a Igreja.


domingo, 26 de maio de 2013

UM HOMEM DE DEUS DESCONHECIDO

Boa Semente: UM HOMEM DE DEUS DESCONHECIDO: E chegou o homem de Deus, e falou ao rei de Israel, e disse: Assim diz o SENHOR: Porquanto os sírios disseram: O SENHOR é Deus dos mont...

E chegou o homem de Deus, e falou ao rei de Israel, e disse: Assim diz o SENHOR: Porquanto os sírios disseram: O SENHOR é Deus dos montes, e não Deus dos vales; toda esta grande multidão entregarei nas tuas mãos; para que saibas que eu sou o SENHOR (1 Reis 20:28).

Mais de um ano antes deste episódio, Elias publicamente desafiou os profetas de Baal no monte Carmelo. No final do desafio, todo Israel clamou: “Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!” (1 Reis 18:39), e os falsos profetas foram mortos. Agora os sírios haviam sitiado Samaria, a capital de Israel. O povo não permitiu que o fraco rei Acabe se rendesse às absurdas exigências dos sírios. Deus enviou um profeta para dizer a Acabe que Ele mesmo entregaria o grande exército dos sírios nas mãos dele. Deus o encorajou e mostrou passo a passo as instruções de como proceder na batalha, dizendo: “Para que saibas que eu sou o Senhor” (vv. 13-14, 22).

Uma vez que eles foram derrotados nas montanhas, os sírios em seu desconhecimento do Senhor concluíram que os deuses de Israel eram deuses das montanhas. Confiantes de que poderiam vencer sob circunstâncias diferentes, se determinaram a lutar com Israel novamente, mas dessa vez sobre as planícies do Jordão. Embora o exército de Israel fosse como “dois pequenos rebanhos de cabra” (v. 27) diante do inimigo, o homem de Deus anunciou a Acabe que Deus iria conceder a Israel uma vitória esmagadora, para glorificar Seu nome.

Hoje o homem em sua cegueira e orgulho estúpido não pode entender ou apreciar verdadeiramente o poder onisciente de Deus. Os homens até mesmo questionam Sua existência. E tentam desesperadamente serem independentes. Ele se orgulha de sua tecnologia, culpa as circunstâncias e os outros – faz tudo, menos se submeter a Deus! Mas não importa, Deus sempre tem a última palavra.

sábado, 25 de maio de 2013

HOJE: UMA GRANDE OPORTUNIDADE

Se você der hoje um pequeno passo em uma positiva direção, então você terminará o seu dia bem à frente de quando você o iniciou. Se você tomar um pequeno passo em direção à realização dos seus sonhos, então você realmente estará se posicionando numa positiva direção.   Norman Vincent Peale

Este momento muito brevemente passará, seja você fazendo o melhor uso dele ou não. Portanto, use com sabedoria e muito amor o tempo, essa preciosa dádiva de Deus, que é o tempo que Ele está lhe dando para viver. Lembre-se: você não tem que resolver todos os problemas do mundo. Porém você pode investir esse dia se posicionando numa positiva, produtiva e criativa direção.

Se você tomar a decisão de crescer um pouco mais forte hoje, então amanhã você estará numa posição na qual, naturalmente, você poderá expandir esse crescimento. Se você decidir fazer um positivo progresso todas as vezes que tiver uma chance para tal, então as suas chances de chegar exatamente onde você deseja chegar, aumentarão de forma impressionante.

Hoje, este momento é uma grande oportunidade. Por que? Porque você pode fazer uma grande diferença! O que é que de melhor você imagina para a sua vida? Pensou? Hoje você pode verdadeiramente se mover exatamente para esta direção que você acabou de pensar.
Nélio DaSilva

Para Meditação:
Só Ele cura os de coração quebrantado e cuida das suas feridas.  Salmos 147:3

segunda-feira, 6 de maio de 2013

CAPACITANDO A FAMÍLIA

Capacitando a família

Isabelle Ludovico

A família é o principal contexto de aprendizagem, pois é nela que os valores e modelos são assimilados desde a mais tenra infância. É um sistema interacional, provido de uma estrutura hierarquicamente organizada, com o fim de assegurar a continuidade e o crescimento de seus membros. Assim, como um móbile, a família precisa encontrar o equilíbrio dinâmico entre duas funções aparentemente contraditórias: homeostase e transformação. Uma visa manter a família unida, enquanto a outra promove a sua evolução. A cada fase do ciclo familiar, o equilíbrio anterior é rompido para dar lugar ao novo. A crise permite uma reorganização mais adequada. Instabilidade, incertezas e ansiedade marcam a passagem para um novo equilíbrio funcional. Fatores perturbadores como perdas, abandono, separação, desemprego são a base para o desenvolvimento dos mitos, que vão dar significado à situação vivida, em função das referências provenientes das gerações anteriores.

Para se desenvolver de forma saudável, a pessoa precisa de cuidados especiais. A função materna, assumida pela mãe biológica ou por uma figura substituta, inclusive o pai, se inicia com a construção de um vínculo afetivo que permite à pessoa se sentir acolhida e parte integrante da família. Maternidade diz respeito também à capacidade de nutrição física e emocional, bem como à organização das necessidades básicas. A função paterna, por sua vez, garante limite, proteção e direção. O casal ainda transmite à criança padrões de relacionamento quanto à sexualidade, afetividade e companheirismo. Por meio dessa herança, o ser humano vai construindo sua identidade e aprende a se relacionar. As falhas e ambigüidades no desempenho das funções materna, paterna e de casal geram carências que precisam ser supridas.

As relações se desenvolvem dentro de regras que determinam a maneira de agir de seus membros e o papel de cada um. A família se adapta às mudanças internas e externas, de acordo com os padrões de interação desenvolvidos até então. Se estes modelos de relacionamentos forem inadequados para lidar com o desafio presente, a família entra em crise facilmente identificada por um sintoma condensado num de seus membros. O sintoma tem a dupla função de denunciar o problema e manter a situação.

Trata-se de um distúrbio mental ou comportamental que precisa ser compreendido como o resultado de uma disfunção da família como um todo. O grande equívoco da família é focalizar o sintoma como sendo a causa de seu mal-estar, em vez de perceber que é apenas a conseqüência de uma crise do sistema familiar. Tentar eliminar o sintoma sem enxergar suas raízes não resolve o impasse, apenas contribui para estigmatizar o membro afetado mais diretamente, que se torna a lata de lixo ou o bode expiatório da família. A terapia familiar sistêmica o chama de “paciente identificado”, pois ele se torna porta-voz e depositário da patologia da família. Quando os problemas não são verbalizados e encarados, a família tende a parar de crescer. Ela não percebe que esta crise é justamente a oportunidade de aprimorar as relações entre os seus membros e promover o crescimento de cada um deles.

Além das crises decorrentes do ciclo evolutivo, os papéis tradicionais de homem e mulher estão sendo questionados com grandes repercussões para o exercício da paternidade e da maternidade. Sustentar a casa já não é exclusividade do homem nem educar os filhos, da mulher. Ambos estão compartilhando essas responsabilidades como um novo desafio, no qual os pontos de atrito são multiplicados até encontrarem um equilíbrio específico e válido apenas para o momento presente. Se as mulheres conquistaram novos espaços, os homens muitas vezes se sentem acuados e fragilizados. Eles então se isolam e se omitem, deixando o espaço vazio para a mulher assumir. Em conseqüência disso, as estatísticas apontam um aumento de famílias matrifocais, do alcoolismo e do homossexualismo. A perda de autoridade do homem tende a gerar um aumento do autoritarismo e da violência física.

Comunicação clara, fronteiras nítidas e flexíveis, hierarquia correta, união e diferenciação são algumas condições para a construção de famílias saudáveis. A terapia familiar sistêmica visa mobilizar os recursos da família para enfrentar as crises e prevenir outros conflitos, à medida que produz mudanças significativas no sistema, contribuindo para aprimorar as relações entre os membros e no interior dos vários subsistemas. Assim, a abordagem familiar propicia uma melhora na qualidade de vida em família, fortalecendo os vínculos e ampliando as estratégias para a resolução dos conflitos.




Isabelle Ludovico da Silva é terapeuta familiar sistêmica.

  • Novembro-Dezembro 2001
www.ultimato.com.br